A Justiça da Grã-Bretanha considerou culpado um padre que celebrou centenas de casamentos de conveniência com a finalidade de facilitar a imigração ilegal para o país.

De 383 uniões celebradas entre 2005 e 2009 pelo reverendo Alex Brown, 61, na Igreja anglicana de Pedro e Paulo, na pequena St Leonards, 360 foram de mentira, segundo as evidências recolhidas pela agência de imigração britânica, a UK Border Control.

Os casamentos tinham como fim permitir que homens africanos, principalmente da Nigéria e muitos a ponto de serem deportados, ganhassem o direito de viver e trabalhar na Grã-Bretanha pela união com uma cidadã britânica.

Os noivos procuravam o padre por indicação do advogado e pastor nigeriano Michael Adelasoye, 50, da igreja evangélica Arca da Esperança, próximo da cidade de Hastings.

Já as noivas, normalmente mulheres imigrantes em dificuldades financeiras, já legalizadas, eram recrutadas pelo ucraniano Vladymyr Buchak, 33, empregado em uma fábrica de linguiças em St Leonards. Elas recebiam até 3 mil libras esterlinas (mais de R$ 8 mil) por casamento.

A agência de imigração desconfiou do esquema ao perceber o grande número de pedidos de residência por parte de indivíduos que haviam se casado na paróquia de St Leonards entre 2005 e 2009.

Os promotores disseram que o padre agia sem conhecimento de seus superiores. Entretanto, os investigadores disseram não ter indícios de que Brown recebia qualquer ganho – inclusive financeiro – como contrapartida.

[b]Fingimento [/b]

No auge do funcionamento do esquema, o reverendo chegou a realizar oito uniões por domingo.

As cerimônias incluíam casais que chegavam com alianças de tamanho errado, noivos que não conseguiam se comunicar em uma língua comum e diversos casos de indivíduos que se casavam com pessoas diferentes das que haviam declarado.

Nos documentos apreendidos pela UK Border Agency após a prisão do padre, em junho deste ano, cópias das certidões de casamento indicavam que os endereços fornecidos por centenas de noivos eram falsos. Por exemplo, 90 casais disseram viver em uma mesma rua, enquanto 52 disseram viver em outra.

Defendendo-se, o vigário disse que só celebrou a união de casais que acreditava serem legítimos, mas admitiu que eventualmente se “esqueceu” de checar o passaporte dos noivos.

Já o pastor Adelasoye garantiu ter “muito respeito pela santidade do casamento”.

O padre anglicano e os dois agenciadores foram condenados por conspiração para facilitar o desrespeito às leis de imigração. Eles serão sentenciados no dia 6 de setembro.

Até lá, Buchak ficará detido, enquanto o vigário Brown e o pastor Adelasoye aguardarão a decisão em liberdade.

O vigário também será alvo de um processo disciplinar dentro da diocese. Ao fim do julgamento, o bispo de Lewes e Hastings, Philip Jones, disse que “a Igreja e a comunidade de St Leonards tiveram a sua confiança traída”.

[b]Fonte: BBC Brasil[/b]

Comentários