“Judeus para Jesus”, uma congregação de alcance mundial que busca converter judeus para o caminho de Jesus Cristo, lançou este mês em Nova York a campanha evangelizadora mais ambiciosa dos seus 33 anos de história.

Sua missão é convencer os judeus que Jesus pode ser aceito como Messias, já que assim como seus seguidores, também era judeu e ter fé nele não implica mudar de religião, mas se transformar em um “judeu completo”.

Enquanto as campanhas anteriores em Nova York se concentravam em Manhattan, este ano houve uma expansão para os bairros do Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island, assim como os condados nova-iorquinos de Westchester, Bergen, Suffolk e Nassau.

Além das tradicionais estratégias de evangelização via telefone e da distribuição de panfletos nas ruas, neste verão cerca de duzentos voluntários da organização se dividiram em shoppings e organizaram mostras de cinema.

A campanha em Nova York, realizada durante todo o mês de julho, é a última parada de um tour que, durante cinco anos, percorreu 54 cidades do mundo (todas com população judaica superior aos 25 mil habitantes), e que teve um custo de US$ 22 milhões.

A estratégia inclui anúncios publicitários em jornais como “The New York Times” e nas estações e vagões do metrô, cujas paredes estão cobertas de anúncios evangelizadores e onde voluntários distribuem centenas de panfletos diariamente.

As reações são diversas: alguns vêem a congregação como uma curiosidade do verão, enquanto judeus ortodoxos expressam indignação.

No entanto, a grande maioria se mostra indiferente, o que não é uma novidade para um grupo que sempre sofreu resistência em Nova York, reduto da segunda maior comunidade judaica do mundo (perdendo apenas para Israel), e um dos principais destinos turísticos de judeus de todo o mundo.

“Os curiosos querem saber mais sobre o Evangelho, mas também há os que dizem que é impossível ser judeu e cristão ao mesmo tempo.

Mas nós somos exemplos vivos de que isso é possível”, diz Susan Perlman, subdiretora executiva da organização.

Scott Hillman, diretor da organização “Judeus para o Judaísmo”, afirma que um judeu considerar Jesus como Messias é um parodoxo.

“Um judeu que considera Jesus como Messias é como um carnívoro vegetariano”, diz o rabino Joseph Potasnik, vice-presidente Executivo do Conselho de Rabinos de Nova York.

Em um atípico gesto de unidade, estes e outros líderes judeus de Nova York lançaram uma contra-campanha, que inclui a publicação de anúncios em sessenta jornais, com o slogan “Sim ao judaísmo”.

Em declarações públicas, acusaram a “Judeus para Jesus” de serem na verdade fundamentalistas cristãos que usam os símbolos judeus para persuadir e enganar os judeus mais vulneráveis, principalmente adolescentes e idosos.

“Eles falam de suas congregações como sinagogas e de seus líderes espirituais como rabinos. Estão se apropriando dos símbolos do judaísmo”, afirma David Berger, professor de religião do Brooklyn College.

“Eles estão pedindo aos judeus que se transformem em cristãos!”, afirma Michael Miller, vice-presidente executivo do Conselho de Relações Comunitárias Judias de Nova York.

Nos EUA existem cerca de trezentas congregações messiânicas e mais de seiscentas missões cristãs voltadas para converter os judeus, segundo o rabino Tuvia Singer, diretor nacional da Outreach Judaism, uma organização internacional que se opõe aos grupos cristãos e cultos que procuram judeus, especificamente.

Segundo sua opinião, o papel central das missões cristãs e grupos como o “Judeus para Jesus” é “atuar como um filtro e apoio para as igrejas evangélicas ao redor do mundo”.

Fonte: EFE

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