Aisha tem 28 anos, é uma cristã, casada e mãe de três filhos. Ela é de Kano, um dos estados governados pela sharia no norte da Nigéria e na região do Cinturão Médio.
Sua área também é uma das regiões afetadas pela extrema violência do exército fulani, pastores de cabras de origem muçulmana que perseguem os cristãos nos estados do centro do país.
Dois anos atrás, a comunidade de Aisha foi atacada por militantes fulani, os quais sequestraram um homem e levaram o marido de Aisha embora, presumivelmente para matá-lo.
Cerca de dez dos agressores, no entanto, permaneceram na casa de Aisha buscando ter relações sexuais com ela. Quando ela recusou, eles a espancaram e depois a violentaram.
Desde esse terrível acontecimento, Aisha teve a oportunidade de participar de dois eventos de atendimento pós-trauma para mulheres que sofreram violência sexual. Passado o primeiro encontro, ela testemunhou: “Depois daquele seminário, comecei a sentir paz de espírito. Mesmo quando vejo o homem que parecia um dos estupradores, não sinto mais ódio por ele. Deus me ensinou a perdoar. Agora, quando me lembro do incidente, não sei explicar, mas o ódio que costumava sentir desapareceu. E quando eu voltei para casa, falei com minhas outras irmãs que tiveram a mesma experiência e elas também receberam paz de espírito”.
Após participar do segundo seminário, a cristã declarou e implorou: “Deus trouxe vocês aqui para nos ouvir e contar ao mundo o que temos passado na Nigéria”.
A Nigéria é a 14ª nação no ranking dos países onde os cristãos mais enfrentam perseguição por causa da fé. Pastores muçulmanos fulani têm sido particularmente ativos na perseguição aos cristãos no norte da Nigéria e na região do Cinturão Médio.
A maioria dos meios de comunicação e autoridades preferem chamar a questão de um “conflito” entre agricultores cristãos e pastores muçulmanos. Mas, na verdade, a questão é muito mais complexa e contém elementos religiosos que poucos estão dispostos a reconhecer.