O número de religiosos que pretendem conquistar uma das 20 vagas da Câmara Municipal de Sorocaba tem aumentado a cada eleição municipal.

Para este ano, 25 candidatos que são ligados diretamente às mais diversas denominações disputarão os votos dos eleitores sorocabanos, o que representa um crescimento de 19% se comparado ao número de religiosos que se candidataram a vereador no pleito de 2008 -naquele ano foram 21 concorrentes e cinco deles se elegeram, com um total de 17.683 votos dos 83.673 responsáveis por escolher a atual formação do legislativo municipal. Já nas eleições de 2004 foram 15 os candidatos ligados a igrejas. Segundo o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, Frederico de Oliveira Henriques, a tendência é que esses números continuem crescendo, já que muitos candidatos estão se utilizando, cada vez mais, de nomeações em diversos tipos de entidades – entre elas as igrejas, além de sindicatos e associações de bairros, por exemplo – para buscar os votos dos eleitores.

Atualmente, dos 20 vereadores que exercem mandato em Sorocaba, quatro deles são diretamente envolvidos com entidades religiosas e disputam a reeleição. Juntos, eles receberam 13.865 votos em 2008. Entre eles, existem três que são da bancada evangélica, porém de diferentes denominações, responsáveis por representar 27,7% da população de Sorocaba, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou que dos 586.625 habitantes da cidade, 162.922 são evangélicos. Somam-se a estes, ainda, os 3.818 votos conseguidos, na ocasião, pelo ex-vereador Carlos Cézar (PSB), eleito por boa parte dos membros da Igreja do Evangelho Quadrangular e que deixou a Câmara em 2010 depois de conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa.

A vereadora pastora Neusa Maldonado (PSDB) é uma das fundadoras da igreja Agnus. Ela garante que toda a comunidade evangélica tem apoiado sua candidatura, principalmente a que frequenta e a Catedral Evangélica, que promovem seu nome para influenciar na escolha dos eleitores da comunidade. “Todas as igrejas (evangélicas), independente da denominação, têm me auxiliado”, ressalta. O vereador Irineu Toledo (PRB) é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus desde 1995. Ele diz que possui o apoio das pessoas de sua comunidade e outras também, do mesmo segmento religioso. “Como sou pastor há 17 anos, então muitas pessoas me conhecem e votam em mim. Também têm pastores de outras comunidades que votam em mim, então se eles fazem isso, acabam incentivando os fiéis a fazerem o mesmo”, admite Toledo. Há ainda o vereador Luís Santos (PMN), que se intitula como um “pastor por vocação” e não está à frente de nenhuma igreja da cidade atualmente. Porém, ele representa a Assembleia de Deus na Câmara e utiliza oficialmente o título “pastor” antes do seu nome.

[b]Católicos[/b]

Além da bancada evangélica, há também um representante da igreja Católica na Câmara, que é o vereador Anselmo Neto (PP). Ele é ministro da Eucaristia, além de ser membro do Ministério Fé e Política, dentro do movimento Renovação Carismática Católica (RCC). Representa a religião mais praticada de Sorocaba, já que, segundo dados do Censo 2010, 331.154 habitantes do município são católicos – 56,4% da população. Segundo Neto, isso teve bastante influência em sua candidatura, já que ele atribui a grande maioria dos seus votos aos membros da comunidade em que atua, além dos participantes do ministério e do movimento dos quais é membro. “Acredito que nossa base é a comunidade”, admite. Porém, ele destaca que a Igreja Católica não apoia nenhum candidato, por determinação do arcebispo da arquidiocese dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues. Existem também concorrentes, entre os 25 que disputam estas eleições, que representam outras instituições religiosas além das já citadas, como José Apolo da Silva (PSB), o pastor Apolo, da Igreja do Evangelho Quadrangular.

[b]Convencimento[/b]

Segundo o cientista político e professor da PUC Campinas, Frederico de Oliveira Henriques, muitos candidatos têm destacado a sua participação e representatividade em diversas entidades da sociedade civil como forma de convencer os eleitores de que irão desenvolver um bom trabalho no âmbito político. Nisso, se incluem as instituições religiosas. “Nos últimos três anos tem havido um crescimento de novas entidades e até mesmo religiões no País, então é natural que isso se reflita na política”, afirma Henriques.

Ele explica que nas eleições municipais o que mais conta na hora de o cidadão escolher para qual candidato a vereador ele dará o seu voto acaba sendo a localidade em que o candidato reside. “O voto está muito mais ligado ao território, ou seja, ao bairro onde a pessoa vive e habita. Então, se o candidato participar de um mesmo grupo que o eleitor, isso irá pesar muito nas eleições”, explica. Porém, como pode haver mais de um candidato por região, o quesito que define o voto muitas vezes acaba sendo a religião, de acordo com Henriques. “Isso porque, normalmente, as pessoas que são ligadas à mesma religião têm ideias e temáticas em comum”, diz, destacando ainda que a ligação com as religiões por vezes ajuda a despertar no eleitor a sensação de confiança no candidato.

[b]Fonte: Cruzeiro do Sul[/b]

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