A família de um canadense ativista da causa humanitária preso por mais de dois meses na Coréia do Norte ora desesperadamente para que ele seja solto durante a visita de um diplomata canadense ao país.

Missionário e empresário da cidade de Edmonton, Je Yell Kim, que durante anos investe dinheiro e tempo para ajudar norte-coreanos assolados pela pobreza a ter uma saúde dental mais digna, foi preso no dia 3 de novembro em uma localidade remota ao norte do país comunista. Ele tem cidadania norte-coreana e canadense.

Ele foi preso sob a acusação de ameaça à “segurança nacional”, disseram alguns cristãos e ativistas. Mas não ficou claro se Je realmente fez alguma coisa deste tipo.

O assunto de sua prisão foi tratado de maneira bastante discreta com a esperança de que a diplomacia branda poderia conseguir sua libertação, declarou o cunhado de Je, Jin Chong ao jornal “Star”, de Edmonton.

“A reação do governo norte-coreano à publicidade do fato poderia prejudicar ainda mais a situação”, disse o cunhado, preocupado, acrescentando que a situação necessita de calma “para que os líderes dos dois países possam resolver o que está acontecendo”.

Família pede ajuda

A Igreja e ativistas experientes na área de ajuda humanitária estão profundamente preocupados com os relatos da situação deteriorante de Je Yell.

A filha de Je, Su Jin Kim, mandou recentemente um pedido de oração por seu pai para amigos e parceiros de seu trabalho – assim como pelos oficiais canadenses responsáveis por negociar a libertação dele.

“Por favor, orem para que Deus esteja com os oficiais canadenses e para que eles tenham sabedoria ao falar e lidar com os oficiais norte-coreanos”, diz a moça.

Visita de diplomata

Ted Lipman, o embaixador do Canadá na Coréia do Norte, recentemente nomeado, foi de Beijing à capital Pyongyang.

A porta-voz do embaixador Lipman, Shauna Hemingway, não divulgou detalhes da visita, que definiu como “de rotina”.

Quando perguntada se o embaixador e sua delegação negociariam a libertação de Je Yell Kim, ela declarou: “Não tenho certeza. Vocês terão que falar diretamente com Ottawa”.

Ministério

Je Yell Kim é técnico dentário, tem aproximadamente 50 anos e nasceu na Coréia do Norte. Ele é um ministro do Evangelho bastante conhecido na comunidade norte-coreana da cidade de Edmonton.

Há quase uma década, ele leva equipamento dentário à região, além de dar treinamento básico.

A área, já chamada de Najin Sunbong, hoje Rason, está localizada em um cinturão de pobreza e o governo normalmente recebe muito bem as pessoas envolvidas com o serviço humanitário.

Os amigos de Je Yell afirmam que os funcionários apoiaram o treinamento que ele fazia com as pessoas da localidade, além do estabelecimento de várias clínicas – e inclusive cultos cristãos para os estrangeiros que trabalham com o serviço humanitário no local.

Todo esse apoio que ele recebia do governo fez de sua prisão uma surpresa ainda maior.

Espionagem

Em setembro, dois meses antes da prisão de Je Yell, o governo anunciou a prisão de dois norte-coreanos acusados de espionagem a serviço de um país não-declarado. Esse foi um sinal claro de que a suspeita e a vigilância continuam sendo marcas do Estado norte-coreano.

Os presos foram acusados de tirar fotos de instalações militares e de liberarem segredos a um país estrangeiro. Um porta-voz do governo declarou que apesar de as relações com os outros países terem melhorado, a espionagem continua aumentando.

Amigos dizem que ele foi encontrado com o rascunho de um sermão

Mas a família e os amigos acreditam que Je Yel – que entregou sua vida e a maior parte de seus bens para ajudar aqueles que necessitavam – nunca abusaria da confiança dada a ele pelas autoridades norte-coreanas.

Alguns ativistas humanitários que costumam viajar até aquela área ouviram que Je Yell fora preso depois que as autoridades examinaram sua agenda e leram algo que parecia com o rascunho de um sermão.

O genro de Je Yell, Jin Chong não acredita nesta teoria. “Isso é apenas especulação. Mesmo nós da família não temos conhecimento deste fato. Não temos certeza de nada”.
Jin Chong acrescenta: “Sei que esse seria um ótimo assunto para mídia, mas estamos controlar a situação. Isso é muito sério”.

Fonte: Portas Abertas

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