No início de junho, cristãos e outras minorias religiosas protestaram contra a adoção do islamismo como religião oficial de Blangladesh, provocando a perseguição contra não-muçulmanos.
O protesto, chamado “Black Day”, acontece todos os anos em manifestação contra as emendas constitucionais de 1988, estabelecendo o Islã como religião da nação de maioria muçulmana.
“Com a emenda, a semente da política sectária foi plantada. Em um país onde também vivem hindus, budistas e cristãos, uma única religião não pode se proclamar a religião oficial. Nós não concordamos”, declarou o líder cristão Nirmol Rozario, em entrevista à Asia News.
Existem cerca de 1,6 milhões de cristãos em Blangladesh, representando cerca de 1% da população.
Para Rozario, além de ser uma contradição um país laico se declarar islâmico, as emendas constitucionais causam intolerância religiosa.
“Em sua Constituição, Bangladesh se declara um país laico. Mas, ao mesmo tempo, diz que a religião oficial é o Islã. Esta é uma contradição clara. E se assim continuar, o fundamentalismo islâmico e o ódio religioso vão acabar criando sérios problemas”, alertou.
De acordo com a Christian Freedom International (CFI), os radicais muçulmanos não são punidos porque a polícia em Bangladesh é permissiva à perseguição de minorias religiosas.
Apesar do cristianismo estar em crescimento no país, os cristãos são forçados a cultuarem em segredo para evitar uma “retaliação” por sua fé.
“As igrejas, especialmente as igrejas domésticas onde os crentes de origem muçulmana se reúnem, preferem não exibir nenhum símbolo cristão para evitar serem reconhecidas. Às vezes, mesmo as igrejas históricas ou tradicionais enfrentam oposição e restrições para colocar uma cruz ou outros símbolos religiosos”, afirmou um relatório da Missão Portas Abertas.
A secretária-geral do Conselho de Unidade Cristã Hindu Budista de Bangladesh, Rana Dasgupta, solicitou que medidas legais sejam tomadas para proteger as minorias religiosas da perseguição.
“As minorias religiosas são frequentemente perseguidas pelo grupo da maioria. Para nossa segurança, exigimos fortemente um ministério para as minorias e uma comissão para as comunidades religiosas”, afirmou Rana.
Perseguição em Bangladesh
Os convertidos de origem muçulmana, hindu, budista ou étnica/tribal enfrentam as restrições mais severas, discriminação e ataques em Bangladesh. Eles frequentemente se reúnem em pequenas igrejas ou grupos secretos tentando fugir da violência.
Os cristãos tribais, como os do povo santal, enfrentam dupla vulnerabilidade, por pertencerem a uma minoria étnica e religiosa. Eles também lutam contra questões de grilagem de terras e violência dirigida contra eles.
Cristãos entre os rohingya de maioria muçulmana, que fugiram de Mianmar para Bangladesh, também enfrentam assédio e forte pressão da comunidade. No período de pesquisa (1 de outubro de 2019 a 30 de setembro de 2020), eles foram alvo de um ataque violento de grupos extremistas islâmicos nos campos de refugiados.
Bangladesh não é um bom lugar para as mulheres que decidem seguir a Cristo. Ao declarar sua nova fé podem sofrer agressão sexual, estupro e casamento forçado. No local de trabalho e escolas são discriminadas e isoladas.
Para os homens que se convertem ao cristianismo, a vida pode passar a ser mais complicada. Como líderes de família, sendo cristãos, são excluídos e perdem a custódia dos filhos que ficam com suas famílias muçulmanas, conforme a lei. Além disso, podem sofrer tortura, ameaça de morte, falsas acusações e prisão por causa da fé.
Fonte: Guia-me com informações de The Christian Post