Uma igreja no distrito de Jaunpur, em Uttar Pradesh, cancelou sua reunião semanal do dia10 de outubro devido às tensões na região, depois da divulgação jornalística de falsas informações sobre conversões. As reportagens levaram a dois ataques na semana passada.

Um cristão que solicitou anonimato contou ao Compass que as tensões começaram em 4 de outubro, quando edições locais dos diários hindus nacionais “Hindustan”, “Amar Ujala” e “Dainik Jagran” publicaram informações sobre as conversões supostamente forçadas de 350 aldeãos hindus ao cristianismo, no vilarejo de Belahta.

Jornalistas dessas publicações foram à reunião de oração da Igreja Vida Abundante, em 3 de outubro. Mais de mil pessoas, a maioria cristãos de Belahta e de vilarejos vizinhos, estavam orando e adorando em uma tenda colocada do lado de fora da casa de um convertido, Sanju Singh.

“Em 4 de outubro, quando algumas famílias cristãs do vilarejo estavam sentadas sob a tenda, que ainda não fora removida, aldeãos locais, juntamente com extremistas do Vishwa Hindu Parishad (VHP ou o Conselho Mundial Hindu), e a polícia foram até o local e destruíram a estrutura”, contou a fonte que um líder eclesiástico.

O VHP acusou Singh de converter à força os aldeãos hindus, quebrando ídolos de deuses hindus e jogando-os em um poço do vilarejo.

Eles advertiram que, se as reuniões continuassem, ou se qualquer cristão de outro vilarejo fosse visto novamente naquele local, eles recorreriam à violência nunca vista anteriormente.

Os extremistas hindus também maltrataram Sanju Singh, depois que os oficiais o levaram para a delegacia de polícia de Baksa, onde ele foi detido para interrogatório.

Durante o interrogatório, a polícia supostamente exigiu um suborno e pressionou Sanju Singh a se “reconverter” ao hinduísmo se ele quisesse viver em paz no vilarejo. Como ele se recusou, eles o libertaram às 21 horas e ordenaram que retornasse na manhã seguinte.

Em 5 de outubro, a polícia manteve Sanju na delegacia da manhã até a noite. Quando ele finalmente chegou à sua casa, os oficiais da Divisão de Investigação Criminal apareceram para questioná-lo.

A fonte disse que os oficiais não encontraram nenhuma evidência contra Sanju ou qualquer outro líder da igreja. “Todas as pessoas contatadas pela polícia disseram que eles tinham se convertido não por causa do dinheiro ou pela força, mas porque haviam conhecido a verdade”, disse ele.

Segundo ataque

Na sexta-feira, 6 de outubro, os extremistas hindus do VHP, os aldeãos locais e a polícia atacaram violentamente um outro grupo da Igreja Vida Abundante no vilarejo de Lesuka, a aproximadamente 12 quilômetros de Belahta. Eles espancaram quatro cristãos, identificados somente como Rajesh Rana, Sangram, Rajpath e Lalman.

Os extremistas também anunciaram que eles “reconverteriam” os cristãos do vilarejo no domingo, 8 de outubro. A fonte disse, entretanto, que eles não reconverteram ninguém daquela região.

Devido às tensões na região, o grupo principal da igreja em Line Bazar solicitou à delegacia de polícia de lá que enviasse oficiais para o culto de domingo. “A polícia simplesmente assinou o documento e o devolveu aos cristãos sem lhes fornecer nenhuma proteção”, disse a fonte.

Condenando a perseguição dos cristãos em Jaunpur, a Comunidade Evangélica da Índia (EFI, sigla em inglês), sediada em Nova Déli, disse em uma declaração: “A polícia também parece estar trabalhando juntamente com os grupos fundamentalistas e regularmente detém os cristãos locais, pressionando-os a retornar ao hinduísmo”.

A EFI denunciou o papel da mídia local em “piorar as coisas para os cristãos”.

Com uma população de mais de 166 milhões, somente 212.678 são cristãos em Uttar Pradesh.

Convenção interrompida

Em 10 de outubro, no Estado vizinho de Madhya Pradesh, os extremistas hindus atacaram a convenção anual de uma igreja pentecostal em Jabalpur, destruindo o local apesar da presença policial.

Os extremistas também ameaçaram afirmando que, se a reunião continuasse, eles lançariam um ataque com uma bomba.

O incidente ocorreu às 21 horas na Igreja Pentecostal, na área da Fábrica de Artilharia em Khamaria, Jabalpur, antes da oração e bênção de encerramento do primeiro dia da 53ª convenção anual. A convenção, com cerca de 150 participantes, continuou até domingo, 15 de outubro.

“Aproximadamente 70 pessoas que pertencem ao Dharam Sena tentaram entrar nas tendas onde a convenção estava sendo realizada, mas a polícia enviada para a nossa proteção os deteve na rua principal”, contou Augustine Rao, pastor responsável pela igreja. “Irados com a polícia, os extremistas quebraram a placa da igreja colocada na rua e rasgaram os cartazes da convenção”.

A igreja está localizada aproximadamente a 300 metros da rua principal, dentro da fábrica de artilharia. O pastor Augustine havia informado à polícia e às autoridades distritais sobre a convenção e solicitou o envio da polícia ao local.

O pastor disse que os extremistas hindus gritavam insultos contra os cristãos e os acusavam de conversões forçadas por mais de 30 minutos e somente saíram do local depois que a polícia lhes assegurou que a programação do dia estava encerrada. A polícia pediu que os cristãos desligassem as luzes assim que os extremistas chegassem.

O pastor Augustine solicitou à polícia para intensificar o envio de oficiais para que a convenção pudesse continuar calmamente.

Fonte: Portas Abertas

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