A Colômbia celebrou sua independência em 20 de julho. No entanto, a liberdade continua sendo um sonho distante para muitos cristãos colombianos.
Só neste ano, os cristãos em Buenaventura viram oito ataques violentos contra cristãos, duas igrejas destruídas, um assassinato e vários casos de ameaças, extorsão e abuso.
Devido à sua posição estratégica como um porto de fácil acesso a florestas e terras férteis, Buenaventura tornou-se um dos territórios mais desejáveis para grupos paramilitares, grupos guerrilheiros, gangues criminosas e líderes de tráfico humano.
Segundo a organização Portas Abertas, em meio a esse furacão de violência e conflito de interesses, os líderes cristãos permanecem firmes na fé, chamando as pessoas pelo arrependimento sincero e pela oportunidade de uma nova vida em Cristo.
A organização explica que “esses pastores pregam uma oportunidade de mudar através dos ensinamentos da Bíblia, e não através de violência ou armas de fogo”. Segundo a Portas Abertas, esse tipo de mensagem não é bem recebido pelos grupos violentos da região, que não hesitam em atacar pastores e fiéis.
Muitas vezes, eles são retirados de suas igrejas e obrigados a participar de atividades ilegais. Associações cristãs como Portas Abertas e A Voz dos Mártires documentaram muitos casos de perseguição religiosa no sudoeste da Colômbia.
Assassinatos
Em fevereiro a Portas Abertas denunciou o assassinato de um pastor de 24 anos. Leider Molina saía da igreja, onde acabara de pregar uma mensagem na comunidade rural de Caucasia (a região noroeste do país) quando foi baleado cinco vezes.
Conhecido por sua paixão por pregar a Palavra de Deus, o jovem pastor era um líder jovem conhecido por servir ativamente sua comunidade e igreja.
A região onde ele foi morto é também do pastor Galarza, que foi assassinado na frente de sua família em setembro de 2018.
Os dois pastores assassinados eram conhecidos por seu compromisso de trabalhar ativamente pelo melhoramento de suas comunidades e por não sucumbirem às ameaças de grupos criminosos.
Nos últimos meses, a região do Cáucaso sofreu violência recorde, devido à presença de grupos armados que disputam o controle das rotas do narcotráfico e a posse de cultivos ilícitos.
Pregação confronta crime
O pastor Harold Arias, líder da Igreja da Salvação, confirmou ao site latino-americano Evangelico Digital, que grupos armados, guerrilheiros, milicianos, gangues criminosas e cartéis de drogas “veem a igreja como um inimigo a ser erradicado, porque, devido à pregação e a ação corajosa dos pastores, muitos jovens renunciaram ao conflito armado e às operações ilegais”.
Em lugares onde a igreja cristã mantém uma forte influência, os residentes são menos inclinados a fazer parte de operações criminosas.
“Ao pregar a Palavra de Deus, a igreja cristã estabelece uma oposição direta aos propósitos dos grupos armados. Por essa razão, esses homens eram vistos como uma ameaça”, acrescentou Arias.
Enquanto isso, o pastor Nelson González, da cidade de Buenaventura, disse ao Portas Abertas que “a proclamação do evangelho nunca foi fácil, mas em nossa região é uma questão de vida ou morte. No entanto, não paramos”.
O pastor – cujo nome foi alterado por segurança – confirmou que “a Palavra de Deus é poderosa e mudou a vida de tantos jovens, que deixaram grupos ilegais e agora lideram projetos da Igreja”.
“É por isso que os grupos ilegais geralmente perseguem esses líderes cristãos, eles os matam ou os forçam a voltar. Eles usam todo tipo de estratégias para atrair jovens para organizações criminosas, como promessas de dinheiro, motocicletas e mulheres, além de bruxaria”, concluiu.
A pregação e a ação corajosa de líderes e pastores no país têm dissuadido muitos jovens de se unirem a esses grupos criminosos. Muitos jovens até renunciaram a conflitos armados e operações ilegais.
Hoje, estima-se que cerca de 14.000 crianças sejam alistadas em grupos criminosos de armas na Colômbia, que ocupa a posição 47 na Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas.
Fonte: Guia-me com informações de Evangelical Focus e Portas Abertas