A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, aproveitou a procissão do Círio de Nazaré, que reuniu dois milhões de pessoas nesta manhã de domingo, em Belém (PA), para fazer propaganda do governo Lula. Foi a primeira vez que Dilma esteve no evento religioso.

Ela disse ter ficado impressionada com o fato de muita gente carregar miniaturas de casas e até tijolos durante a caminhada em torno da Virgem de Nazaré. “Perguntei a duas pessoas que carregavam as miniaturas se era por agradecimento ou pedido”, disse, em entrevista à imprensa. “Uma respondeu que era por agradecimento. Outra, por promessa para conseguir uma casa.”

“O governo está no caminho certo”, avaliou a pré-candidata à presidência da República, ao observar que a manifestação popular também denota os anseios do povo. “Fico muito satisfeita com o fato de termos feito o programa Minha Casa, Minha Vida, porque é visível aqui a importância que as pessoas atribuem à casa, como o local fundamental para qualquer pessoa ter segurança, criar seus filhos, desenvolver suas relações afetivas, enfim, ter um teto para desfrutar todos os momentos da vida – os bons e os ruins.”

Protesto – No palanque do governo estadual, montado em um órgão público no percurso da procissão, a ministra também viu, além da fé e da devoção pela Virgem de Nazaré, um protesto realizado por paraenses que, em coro, cobraram da governadora Ana Julia Carepa (PT) “saúde”, “segurança” e também endereçou à governante a expressão chula “safada”. Em seguida, o mesmo grupo gritou: “Dilma pode esperar, a sua hora vai chegar”.

Os manifestantes integravam o rol de devotos, estimado em cerca de 20 mil pessoas, que acompanha o Círio de Nazaré segurando uma corda de 800 metros de comprimento – outra tradição do Círio, que foi às ruas pela primeira vez há 217 anos. Descalços, eles disputam lugar e recebem água e atendimento – muitos desmaiam – de voluntários, Exército, polícias civil e militar e Cruz Vermelha. Os “promesseiros da corda”, como são chamados, são responsáveis por cenas impressionantes de superação e martírio.

A ministra disse ter ficado estarrecida, em alguns momentos, com a “manifestação muito forte que mistura a força da fé com a força das multidões”. Ela comparou a comunhão de homens, mulheres e crianças querendo saudar Nossa Senhora de Nazaré, a um mar humano, se movendo em ondas que vão e voltam. Numa dessas “ondas”, a multidão se deslocou em direção ao palanque, furando o bloqueio policial. Houve tensão, depois controlada. Neste momento, a própria ministra ajudou a recolher – do chão do asfalto para o palanque – crianças que se perdiam dos pais. “Uma festa dessas só pode inspirar isso: generosidade e solidariedade ”

“Acho que tem que ter muito orgulho dessa festa, que permite que o Círio também seja uma boa imagem do Brasil”, resumiu a ministra. “Um país de paz, que tem essa imensa capacidade de comemorar no sentido amplo da palavra.” Lembrou que o País tem uma situação especial em relação a Nossa Senhora – “é Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Consolação, Nossa Senhora das Águas”.

Diante de tanta fé e atividades religiosas, a ministra disse “não ter como encerrar, no Brasil” a peregrinação que vem fazendo – de encontros com evangélicos a missa de ação de graças na Igreja Senhor do Bonfim, em Salvador (BA). Sorridente, disse ter feito vários pedidos à Nossa Senhora de Nazaré, mas não revelou. “São segredos da fonte”.

Jantar – Dilma jantou com lideranças da base aliada do governo, num encontro fechado, no sábado à noite. Neste domingo, ela passou duas horas – das sete às nove horas – assistindo à procissão do Círio, que se prolongou até mais tarde. Depois de conceder coletiva, embarcou para Brasília.

“Cautela e caldo e galinha não faz mal para ninguém.” Com a expressão, a ministra negou-se a comentar a denúncia de que o filho do senador José Sarney, Fernando Sarney, teria ingerência na agenda do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. “No Brasil temos o hábito de pegar uma denúncia qualquer e sair condenando”, observou, ao dizer que não tinha tido tempo para se informar das notícias. “Acho que tem que se ouvir as partes, as explicações, antes de sair condenando.”

Fonte: Bem Paraná

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