O deputado federal e pastor Otoni de Paula (PSC-RJ) destinou mais de R$ 238 mil de cota parlamentar à Aplicanet, uma empresa acusada de disparo indevido de mensagens de texto em eleições.
A informação foi revelada pela coluna Sonar, do jornal O Globo, e confirmada pelo Metrópoles junto ao site da Câmara dos Deputados.
Otoni de Paula (PSC-RJ) é um dos 11 parlamentares bolsonaristas que tiveram quebra de sigilo autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga o uso de verbas da cota parlamentar para o financiamento de atos com pautas antidemocráticas pelo país, que pedem o fechamento do Congresso Nacional e do STF.
Além de Otoni, vice-líder do governo na Câmara, outros nove deputados e um senador, Arolde de Oliveira (PSD-RJ), tiveram seus sigilos fiscal, bancário e telemático quebrados neste mês por decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator tanto deste inquérito quanto do procedimento que apura fake news e ataques ao Supremo.
Um dos alvos da investigação da PGR é a destinação de dinheiro público pelos parlamentares a empresas do publicitário Sérgio Ferreira Lima, marqueteiro do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar.
Otoni destinou cerca de R$ 167 mil à empresa Aplicanet entre março e dezembro de 2019.
Desde janeiro de 2020, Otoni encaminhou mais R$ 71,5 mil à Agência Vírgula, registrada na Receita Federal em julho do ano passado em nome de Francisco Carlos de Rezende Junior. O responsável legal pela Agência Vírgula aparece em diversas fotografias, inclusive no ano passado, no escritório da Aplicanet e ao lado do fundador da empresa, o pastor Alan dos Santos, ligado, assim como Otoni, à Assembleia de Deus de Madureira.
A Aplicanet afirmou, em nota, que “não faz parte do quadro societário” da Agência Vírgula. A empresa afirmou ainda que “todos os serviços prestados a pessoas naturais ou jurídicas estão em conformidade com a legislação vigente”.
Procurado via assessoria de imprensa, Otoni de Paula negou que o serviço prestado pela Aplicanet a seu mandato tenha envolvido disparo de mensagens, e afirmou que tanto esta empresa quanto a Vírgula atuaram em “criação de edição de vídeos e imagens para as redes sociais do deputado”. Segundo Otoni, ele recebeu a indicação das empresas “através de um amigo”.
Nas redes sociais, Otoni de Paula chamou a matéria do O Globo de mentira.
“MENTIRA. Não faço acordos com bandidos. A matéria do @JornalOGlobo de hoje visa gerar descrédito a esse parlamentar bolsonarista. A empresa Aplicanet foi alvo de investigação do MP Eleitoral por disparos de SMS e Whatsapp. O processo foi ARQUIVADO EM 2014 POR FALTA DE PROVAS. A EMPRESA É IDÔNEA. Hoje tenho contrato de divulgação do meu mandato com a empresa Vírgula, tendo um gasto certa de R$ 13 à 14 mil (O Globo tendeciosamente somou 1 ano e meio de mandato, p/ dar R$ 238 mil). Tudo detalhado no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados.”, afirmou o deputado no Facebook.
MENTIRA. Não faço acordos com bandidos. A matéria do @JornalOGlobo de hoje visa gerar descrédito a esse parlamentar…
Publicado por Otoni de Paula em Quarta-feira, 24 de junho de 2020
Rezende Junior informou que trabalhou como funcionário da Aplicanet, mas deixou de fazer parte da empresa e fundou oficialmente sua própria agência de marketing, a Vírgula. Ele afirmou ainda que as duas firmas são “independentes e concorrentes no mercado” e que os trabalhos prestados a Otoni de Paula foram realizados “com toda legalidade”. Rezende Junior disse ainda que não teve conhecimento sobre eventual atuação da Aplicanet em disparos de mensagens.
Fonte: O Globo e Metrópoles