O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados deve analisar nesta quarta-feira uma acusação contra o deputado Mário de Oliveira (foto) do PSC de Minas Gerais, presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular, que, de acordo com investigações da Polícia Civil de São Paulo, teria pago R$ 150 mil a um pistoleiro para eliminar o também deputado evangélico Carlos Willian (PTC – MG).

O caso foi transformado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

As desavenças entre Carlos Willian e Mário de Oliveira, segundo o “Congresso em Foco”, começaram por conta da administração da Fundação Educativa Quadrangular e se intensificaram quando Oliveira não conseguiu se eleger senador em 2002 e Willian foi o deputado federal mais votado entre os candidatos da Igreja Quadrangular.

Por decisão de Mário de Oliveira, Willian deveria renunciar ao cargo para que em seu lugar assumisse o suplente Antônio Carlos de Moraes, vereador e pastor da igreja em Ipatinga. Ele acabou tomando posse, mas foi suspenso de todas as atividades que exercia na Igreja do Evangelho Quadrangular.

Em 2006, já longe da igreja, Carlos Willian se reelegeu. Na mesma eleição, Mário de Oliveira voltou à Câmara para o sexto mandato. No dia da posse, em fevereiro de 2007, Willian diz ter sido ofendido por Oliveira, por isso entrou com a representação contra ele na Corregedoria e com um processo por danos morais. Em 14 de abril deste ano, o deputado do PTC pediu a Inocêncio de Oliveira (PR-PE), corregedor da Casa, urgência na avaliação do caso, por se sentir ameaçado.

Segundo o jornal “Correio Braziliense”, a tentativa de assassinar Willian teria ocorrido na quinta-feira passada, na MG-10, estrada que liga o aeroporto de Confins a Belo Horizonte. O deputado veio de Brasília na comitiva do presidente Lula e não em vôo de carreira.

O plano foi para assassinar Carlos Willian foi descoberto pela Polícia Civil de São Paulo, que prendeu dois acusados acertando o crime dentro do shopping Osasco, na região metropolitana de São Paulo, na última sexta-feira. Em depoimento, Odair da Silva, freqüentador da Igreja do Evangelho Quadrangular, contou que contratou o pistoleiro conhecido como Alemão a pedido do chefe de comunicação da igreja, Celso Braz do Nascimento, subordinado de Oliveira.

Deputado se diz perplexo com trama para assassiná-lo

O deputado federal Carlos Willian (foto ao lado), do PTC de Minas Gerais afirmou nesta segunda estar “perplexo” com a informação de que havia um plano supostamente arquitetado pelo parlamentar Mário de Oliveira (PSC-MG) para assassiná-lo. “Uma atrocidade deste tamanho não poderia partir de um colega deputado federal nem tampouco de um pastor”, disse Willian, que se emocionou ao relatar as investigações da polícia.

Willian afirmou que foi informado do plano para assassiná-lo na última sexta-feira pela Polícia Civil de São Paulo. Ele chegou a dizer que foi salvo da morte na última quinta-feira por ter viajado para Belo Horizonte na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não em um vôo comercial. E assegurou que não vê motivos para a suposta tentativa de assassinato. “O que ocorre é um ato isolado de uma pessoa doentia, que desceu até os porões da bandidagem para contratar um pistoleiro para tirar minha vida”, desabafou, salientando que nos últimos dias passou a viver “um pesadelo que não consegue passar”.

Aliado político
Ele confirmou que era aliado de Oliveira e membro da Igreja do Evangelho Quadrangular. As desavenças entre os dois, porém, começaram em 2002, quando Willian foi eleito deputado pela primeira vez em 2002 e o presidente da Quadrangular não conseguiu se eleger senador. Conforme o deputado do PTC, os problemas entre os dois se arrastaram até 2005, quando rompeu e mudou-se para outra igreja evangélica.

Com o argumento de que estava sendo caluniado pelos antigos companheiros, Willian disse que entrou com uma ação inibitória contra o deputado e pastores, para que eles fossem impedidos de pronunciar seu nome nos cultos. Mais recentemente, o deputado do PTC entrou com uma representação na Corregedoria da Câmara contra Oliveira. Segundo ele, em fevereiro deste ano, na solenidade de posse – quando assumia o segundo mandato – foi agredido, ao lado de familiares, com palavras de baixo calão pelo desafeto.

Willian negou que tenha uma dívida de R$ 800 mil com Oliveira. O deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG) não foi localizado. Ninguém atendeu ao telefone de seu gabinete, em Brasília. Na sede da Igreja Quadrangular, na capital mineira, a informação era que ele não estava e não podia ser contatado. O deputado, de 61 anos, exerce seu 5º mandato na Câmara. No site da Casa, ele define sua profissão como “ministro evangélico”.

Fonte: O Dia e Agência Estado

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