“Muitas vezes, os pais, por medo de não serem amados, atendem a todas as vontades de consumo dos filhos”, diz a psicóloga Lidia Weber.

Quem diria que eles seriam divididos em categorias de acordo com seu comportamento. Sim, estamos falando dos pais – alvo de uma pesquisa que já dura anos, já contou com mais de 10 mil entrevistados e ainda continua sob coordenação de Lidia Weber, psicóloga e pós-doutora em Desenvolvimento Familiar pela UnB e Universidade Federal do Paraná.

“Percebemos, hoje, uma falta de limites em crianças e em jovens. Muitas vezes, os pais, por medo de não serem amados, atendem a todas as vontades de consumo dos filhos – celulares, iPods, tênis e roupas de marca etc. – e acabam se tornando mais amigos do que pais e mães de fato. Assim, cria-se uma confusão de papéis. Por determinados conjuntos de atitudes, conseguimos detectar o perfil desses pais, localizar, analisar e ajudar a resolver problemas”, explica Lidia.

Segundo a pesquisa, existem quatro tipos de pais distintos no país: presentes, omissos, permissivos e comandantes. Acompanhe agora as características e peculiaridades de cada um:

[b]PRESENTES – 35% da população[/b]

São pais absolutamente participativos e consistentes. Além de atuantes, estão por dentro de modernidades, como jogos de videogame e shows. Levam e buscam os filhos nas baladas, conversam e se interessam verdadeiramente pela vida e rotina deles.

Pontos fortes: são bastante carinhosos e negociam como verdadeiros diplomatas o que pode ou não pode.
Pontos fracos: a presença forte e constante (demais) deles na vida dos filhos pode tornar esses jovens muito dependentes desse apoio.
Conclusão: no geral, essa mescla de características faz com que os filhos sejam pessoas de autoestima elevada, sociáveis e otimistas.

[b]PERMISSIVOS – 15% da população[/b]

Geralmente esses pais não sabem bem o que é melhor para os filhos, então cedem à pressão do momento. Carregam a ideia errada de que o filho não pode ter uma educação rígida para não “traumatizar” os jovens e deixam tudo muito solto. “Eles simplesmente satisfazem as vontades dos filhos, comprando tudo o que desejam e deixando de lado os deveres deles ou fazendo por eles.
Por exemplo, levam a refeição ao quarto sempre com as comidinhas favoritas dos jovens. Enfim, cercam a prole de mimos e não colocam limites”, explica a pesquisadora.

Pontos fortes: estão presentes na rotina dos filhos, mesmo que de maneira neutra.
Pontos fracos: não colocam limites às crianças com medo de que não haverá amor por parte delas e criam os filhos sem o entendimento de hierarquia ou respeito.
Conclusão: os filhos em geral autoestima elevada, baixa tolerância à frustração, péssimo desempenho escolar, alta probabilidade de comportamentos antissociais e de uso de álcool e drogas.

[b]COMANDANTES – 35% da população[/b]

“Não se importam com o que os filhos precisam, mas do que eles precisam dos filhos: obediência! Seguem o papel de generais e não pais, com regras rígidas e absolutas para tudo e todos”, exemplifica Lidia. Orgulham-se de que os filhos têm medo deles e usam freqüentemente tapas, gritos e surtos de comando para estabelecer a ordem ou ganhar uma discussão.

Pontos fortes: são presentes na vida dos filhos, mesmo que de maneira traumatizante.
Pontos fracos: não apresentam respostas afetivas e acham que carinhos e elogios demasiados estragam as crianças que devem “ter o caráter firme”.
Conclusão: geralmente, filhos de pais com esse perfil são obedientes, mas podem ter um desempenho profissional médio, já que sentem que tudo na vida é cobrança. Alguns podem ser submissos, pouco criativos e rebeldes devido a traumas passados na infância.

[b]OMISSOS – 15% da população[/b]

São pais simplesmente porque geraram o filho, não se importam com o que eles precisam e, normalmente, são pessoas de rotina muito extenuante de trabalho e desconhecem o cotidiano de uma casa. Segundo a psicóloga, a frase favorita desse tipo de pai é: “agora não filho, estou ocupado”.

Pontos fortes: preenchem a vida dos filhos com cuidados dados por terceiros como babás e professores, e, de alguma forma, mantém sua existência notada pelos filhos, mesmo que de maneira errada.
Pontos fracos: não estão presentes, não se mostram emocionalmente envolvidos com os filhos, não educam, não participam, só vivem para o trabalho e/ou outras atividades.
Conclusão: “Os filhos não se sentem amados nem aprendem regras sobre o mundo, isso acarreta baixa autoestima, baixo desempenho escolar, comportamento pessimista, problemas de ansiedade e depressão e altíssima probabilidade de comportamentos antissociais e de uso de álcool e drogas”, alerta a psicóloga.

[b]Presentes[/b]

Para Lidia, pais presentes são aqueles que mais acompanham e aprendem com os filhos o verdadeiro significado do amor. Ela elenca abaixo os cinco acertos dos pais presentes:
1. Usam carinho e participação ilimitados
2. São coerentes e consistentes
3. Definem regras e limites
4. Treinam técnicas de autocontrole
5. Amam os filhos pelo que eles são

[b]Os pais, segundo eles mesmos[/b]

O empresário Yasser Yusuf, pai de Livia, de 8 anos, diz que é um pai presente. “Eu sempre sonhei em ser pai e sempre quis ter uma filha, uma menina doce que eu pudesse pegar no colo e cuidar. Hoje, mesmo separado, sinto constante necessidade de estar próximo a Livia, por isso a vejo diariamente. Estar sem ela é como estar faltando parte de mim; ela me completa, me fortalece e faz de mim um homem melhor. Ser pai é melhor do que eu imaginava, eu amo a companhia da minha filha. Viajamos, passeamos e fazemos muitas coisas juntos!”, revela.

O jovem papai – ganhou a Catarina há alguns dias apenas – é o maior exemplo de pai presente em situações de puro estresse. “Mesmo com ela chorando porque quer mamar ou trocar a fralda, ele não se abala. Aprendeu a fazer tudo, quer saber o porquê disso ou daquilo e se interessa. Percebo que ele será um pai presente, que realmente não se omite”, diz a mamãe Ayla Meireles, sobre o maridão Gustavo. “Fiz questão de dar o primeiro banho, troco fraldas e me gabo por já saber identificar os tipos de chorinhos”, diz ele. O empresário lê todo material que encontra sobre bebês e confessa que só não consegue ficar acordado de madrugada porque está ajudando a manter a empresa de comunicação que o casal divide. “Não consigo lutar muito contra o sono, mas já aconteceu de precisar atender a Catarina mesmo morrendo de cansado. Mas essa é a melhor sensação do mundo”, diz o paizão coruja.

Silmar Batista é assessor de imprensa e tem uma rotina muito atribulada, que foi mudada com a chegada do Felipe, hoje com um ano e quatro meses. “Me considero um pai muito presente, que tenta estar junto sempre que pode: pego na escolinha, dou banho, brinco (de pega-pega, de bola, de carrinho), faço dormir. Mas acredito que às vezes preciso ser comandante também. Impor limites, chamar a atenção e explicar por que não pode colocar a mão na lata de lixo ou brincar com faca, por exemplo. Ser pai é ter um amor diferente de tudo o que você já experimentou na vida. Depois que o Felipe nasceu, passei a entender por que as pessoas querem fazer o impossível por seus filhos”, diz.

O hairstylist Robson Trindade é um exemplo de pai de outra geração: pai e avô. “Eu tive filhos cedo e por isso a nossa relação é mais de amigos do que de pais e filhos, porque fazemos tudo juntos. Já com os meus netos eu gosto de conversar, dar risada, passear, ir à missa, fazer festinhas para eles. Eu acho que os pais têm a obrigação de educar os filhos e os avôs de se divertirem com os netos. Eu tenho quatro filhos, cinco netos e em setembro serei avô mais uma vez. Ser pai e ser avô é ótimo e me faz mais feliz”.

[b]Fonte: UOL[/b]

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