Desafiando as pressões internacionais com negações insolentes, o regime cada vez mais isolado desse país no Chifre da África estreitou sua opressão às igrejas em 2006, matando cristãos por tortura e tirando com violência o controle de líderes e assuntos eclesiásticos.

A polícia de segurança matou dois cristãos em 17 de outubro, dois dias depois de os prenderem por realizar cultos em uma casa no sul de Asmara. Immanuel Andegergesh, 23 anos, e Kibrom Firemichel, 30 anos, morreram em razão das feridas causadas pela tortura e por severa desidratação em um campo militar nos arredores de Adi-Quala. Outros sete homens e três mulheres da igreja evangélica Rema foram mantidos em confinamento militar com Immanuel e Kibrom e sujeitados a “maus-tratos furiosos”.

As mortes aconteceram depois que o governo prendeu novamente a cantora cristã popular Helen Berhane, que estava hospitalizada por passar 29 meses em um contêiner de metal. Ela foi libertada sem explicações no fim daquele mês. A perna de Helen ficou seriamente ferida por causa das agressões que ela recebeu por se recusar a negar sua fé, desde a sua prisão em maio de 2004.

Sabe-se da existência de mais de dois mil cidadãos eritreus, cristãos na maioria, presos apenas por suas convicções religiosas.

Em maio, dois dias depois de uma mãe cristã ser levada de sua casa e presa pela polícia eritréia, seu filho de 6 meses morreu em Nefasit, ao leste da capital Asmara. Ghenet Gebremariam foi presa em 8 de maio com mais duas mulheres protestantes que também são mães e membros da igreja do Evangelho Pleno de Nefasit, uma igreja abolida pelo governo. Elas foram detidas sob acusações de “testemunhar ativamente sobre Cristo”. Dois dias mais tarde, o bebê de Ghenet, Hazaiel Daniel, morreu de causas desconhecidas. Em seguida, Ghenet foi libertada sob fiança.

Em setembro, o governo eritreu exigiu que a igreja Kale Hiwot entregasse todas as suas propriedades e bens ao governo – todos os templos, escolas veículos e outros.

Em outubro, as autoridades eritréias detiveram 150 cristãos de cinco igrejas não-reconhecidas oficialmente. Contatos do país confirmaram à agência de notícias Compass que as autoridades policiais sujeitavam os cristãos presos a agressões e outros maus-tratos físicos. De acordo com testemunhas, havia 10 mães de bebês entre os novos prisioneiros, todas elas obrigadas a deixar seus filhos para trás.

A Eritréia baniu todos os grupos independentes que não estavam ligados às igrejas sancionadas pelo governo desde maio de 2002 (ortodoxa, católica, luterana ou credos muçulmanos). Mas, em 2006 as restrições e o controle chegaram a níveis sem precedentes, até mesmo sobre os quatro grupos reconhecidos.

Em dezembro, o regime retirou da igreja ortodoxa eritréia o controle financeiro e eclesiástico, exigindo que todas as ofertas e dízimos fossem depositados diretamente em uma conta do governo. Os salários mensais de todos os clérigos ortodoxos deveriam ser pagos desse fundo de renda da igreja, controlado pelo governo. O governo também limitou o número de sacerdotes por paróquia, especificando que qualquer clérigo “extra” deveria se reportar ao centro de treinamento militar Wi’a para fazer o serviço militar necessário. O regime do presidente Isaias Afwerki removeu o patriarca Abune Antonios de seu posto em agosto de 2005, e o colocou sob prisão domiciliar.

Fonte: Portas Abertas

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