A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) voltou nesta quarta-feira a criticar o STF (Supremo Tribunal Federal), que na semana passada liberou o aborto no caso de fetos anencéfalos.
Bispos reunidos em Aparecida (SP) para o primeiro dia da 50 Assembleia Geral da organização afirmaram que a decisão da corte abre caminho para a liberação de todo tipo de aborto e até mesmo da eutanásia e da eugenia (teoria que busca produzir seleção humana a partir de leis genéticas).
Segundo a CNBB, a sociedade vive uma chamada “cultura da morte”, em que o fim da vida tem sido apontado como a saída de todos os problemas.
“A decisão mostra que se alguém incomodar, você pode simplesmente eliminar essa pessoa”, disse o bispo dom Dimas Lara Barbosa, de Campo Grande (MS), que é porta-voz da assembleia da CNBB. “Amanhã qual será a deficiência que vai impedir uma criança de nascer? A humanidade já experimentou a eugenia, mas parece ter esquecido.”
Os bispos também discutiram as consequências práticas que a decisão do STF pode acarretar. Segundo a CNBB, os ministros não pensaram em todas as questões envolvendo o assunto.
Dom José Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA) levantou a questão dos médicos que, “por motivos de consciência”, se recusem a realizar abortos de anencéfalos. “Eles vão ser punidos? E a mulher que estiver grávida de um bebê assim e decidir continuar com a gestação vai ter apoio dos planos de saúde?”, questionou.
Os bispos reunidos na assembleia evitaram dizer se o tema será explorado pela Igreja durante as eleições municipais deste ano. Segundo dom Dimas, uma comissão vai debater o assunto e deve divulgar até a próxima semana instruções sobre como será o envolvimento de padres e bispos no pleito.
O tema principal da assembleia geral da CNBB deste ano é a “Palavra de Deus na vida e missão da Igreja”, em que os religiosos vão refletir sobre a bíblia como instrumento de evangelização.
Os trabalhos da assembleia vão durar até 26 de abril. Até lá, os 335 bispos reunidos vão discutir temas que vão da comemoração dos 50 anos do Concílio do Vaticano 2, responsável por mudanças profundas na Igreja Católica, até a preparação da visita do papa Bento 16 ao Brasil em 2013. O pontífice vai comparecer à Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada no Rio de Janeiro.
[b]Fonte: Jornal Floripa[/b]