A indicação da pastora Damares Alves para o Ministério de Mulher, Família e Direitos Humanos não teve a bênção de parte da bancada evangélica, segundo afirma o jornal Folha de S. Paulo.

Deputados ligados ao bloco e aliados do senador Magno Malta (PR-ES) teriam usado expressões como “passou a perna” para se referir à nova integrante da Esplanada de Jair Bolsonaro.

Damares, que já assessorou juridicamente a frente parlamentar evangélica, trabalha no gabinete do senador, que era cotado para o mesmo cargo. O presidente eleito, contudo, escanteou Magno, um de seus aliados de primeira hora e responsável por convencer líderes evangélicos como o pastor Silas Malafaia a embarcar no bolsonarismo.

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), reeleito com Malafaia de cabo eleitoral, diz que o que no começo “era ingratidão passou a ser uma afronta”.

O parlamentar diz que Damares é “competente e querida, mas errou”. Ela, por exemplo, não teria avisado ao chefe da nomeação.

Para ele, toda a condução do caso foi “antiética”. “Quando ele [o senador] percebeu o desgaste, se recolheu e ficou isolado por dez dias [num sítio no Espírito Santo]. Custava ter esperado ele voltar?”

Magno retornou na quinta (6) ao Senado e disse que seu compromisso com o presidente eleito “foi até o dia 28 [dia do segundo turno], às 19h30” e que não guarda mágoa do presidente eleito.

A Folha de S. Paulo conversou com outras três lideranças contrariadas com a ida de Damares à pasta. Afirmaram que a assessora aproveitou-se da intimidade e confiança de Magno, mas preferiram não se identificar.

Para o presidente da bancada evangélica, o deputado não reeleito Hidekazu Takayama (PSC-PR), Damares, por não ser congressista, “não tem papas na língua, acaba criando adversidades sem necessidade”. “Algumas questões que disse com relação a polêmicas, a gente atribui isso à falta de experiência política dela”, declarou.

Ele reconhece a insatisfação de alguns colegas, mas diz que “a indicação da Damares é altamente bem-vinda, pois ela conhece todo o nosso pensamento”.

Segundo Takayama, não foi Bolsonaro quem esnobou Magno, e sim o contrário. O senador foi convidado para ser vice do agora presidente eleito, mas declinou o convite. Preferiu apostar na reeleição para o Senado. Perdeu.

Fonte: Folha de São Paulo

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