Organizações evangélicas e faculdades de teologi,a no Peru, debateram, a partir de uma perspectiva cristã, a aplicação da pena de morte, no primeiro de uma série de fóruns que terão como objetivo gerar espaços de diálogo frente a um tema que toca a justiça, a vida, o perdão e a morte.

Convocados pela Associação AEQUUS, o presidente da União Nacional de Igrejas Cristãs Evangélicas do Peru (UNICEP), reverendo Robert Barriguer, o reitor da Faculdade Teológica Latino-Americana da Aliança Cristã, Dr. Francisco Cerrón, e o reitor da Faculdade Teológica de Lima, pastor Carlos Paredes, abriram o ciclo de fóruns.

O encontro ocorreu na quinta-feira, 21 de setembro, na Igreja Aliança Cristã e Missionária de Lince, e foi moderado pelo pastor Alejandro Taboada. Os próximos encontros estão programados para meados de outubro, para pastores, e no dia 30 de outubro, para políticos cristãos e representantes de organizações evangélicas. O ciclo deverá ser fechado com um encontro de jovens, previsto para o início de novembro.

Na apresentação do primeiro encontro, o vice-presidente de AEQUUS, Jorge Márquez Chahú, assinalou que a Igreja evangélica tem o desafio de responder aos diversos problemas sociais e políticos a partir de uma perspectiva cristã. Anotou que o tema da pena de morte é de consciência social, “neste momento da história em que o desenvolvimento dos direitos humanos se estendeu como uma bandeira universal, mas em que, ao mesmo tempo, a degradação da vida e condição humana está sumamente deteriorada; o que, à luz da teologia, poderíamos denominar estruturas de pecado, ou seja, dinâmicas sociais e culturais em severa contraposição com os mandatos de Deus”.

O reitor da Faculdade Teológica Latino-Americana da Aliança Cristã, Dr. Francisco Cerrón, assinalou, após discorrer sobre as argumentações a favor e contra a pena de morte a partir de perspectivas seculares e cristãs, que um tema tão complexo deve ser abordado com conhecimento e convicções bíblicas claras.

Cerrón enfatizou que “a pena de morte foi estabelecida por Deus em Gênesis no pacto com Noé e a humanidade que dele descendia”. Anotou que “o mandamento dado a Noé precede a lei mosaica e, portanto, parece ser um princípio universal válido e aplicável nos dia de hoje como era no tempo de Noé. Não existe versículo que anule a pena de morte para o mundo hoje”, frisou.

Há texto, argumentou o reitor, que validam claramente a aplicação da pena de morte, como Romanos 13,3-4, onde se lê que “a autoridade leva a espada para castigar”. Ao finalizar sua alocução, Cerrón sublinhou que a evidência mais clara apóia a aplicação da pena capital não somente como permissível, mas obrigatória nos casos de assassinato premeditado. Sobre a situação da Igreja, o reitor disse que esta não estava respondendo aos requerimentos da sociedade e que se deve afastar de respostas simples como “Cristo é a resposta”.

“Fomos criados por Deus e, portanto, somos todos iguais. Não existem raças superiores, nem pessoas superiores a outras. Toda vida tem valor, porque Deus é quem deu a vida. Sabendo deste valor é que Ele colocou certos princípios sobre a vida. Entre esses princípios está o de Gênesis 9, “o que derramar sangue de homem pelo homem seu sangue será derramado porque o homem é feito à imagem de Deus”, analisou o reverendo Robert Barriguer em sua exposição.

No estudo de textos bíblicos encontra-se a afirmação de que o governo pode utilizar a espada (Romanos 13,4) para proteger a sociedade, disse o pastor. O que aconteceu se alguém se arrepender dos seus atos, Barriguer respondeu que neste caso a pessoa “receberá o perdão de Deus, mas terá que aceitar as conseqüências de seu ato”.

O presidente da UNICEP afirmou estar de acordo com a aplicação da pena de morte quando a justiça é justa e que, em casos extremos, deve-se aplicar a pena, ou seja, quando os assassinos são de carreira. “Em vez de ser uma carga ao Estado, deveria o governo aplicar a pena de morte”, defendeu.

Fonte: ALC

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