O ex-bispo católico Fernando Lugo, pré-candidato presidencial para as eleições paraguaias de 2008, anunciou que se for eleito denunciará o Brasil na Corte Internacional de Haia, caso não sejam corrigidas supostas injustiças no Tratado de Itaipu.

O tratado foi assinado em 1973, durante as ditaduras militares em ambos países, e permitiu a construção da represa de Itaipu, no rio Paraná.

Segundo setores empresariais, políticos e a imprensa local contestam há vários anos, o tratado apresenta desigualdades, como a obrigação que o Paraguai tem de ceder apenas ao Brasil seu excedente da metade da energia que lhe corresponde, a um preço ínfimo com relação ao de mercado.

Durante uma viagem pelo interior, Lugo disse que se renegociar o Tratado de Itaipu e o Paraguai vender sua energia a preço de mercado poderá receber US$ 1,8 bilhão anuais em vez dos US$ 240 milhões atuais.

O ex-bispo acrescentou que seguirá o exemplo da Venezuela, Bolívia e Chile, que defendem seus recursos naturais e tiram proveito, “e não como nós que vendemos nossa energia a preço de custo”.

Lugo, que há quase um ano das eleições é favorecido por todas as pesquisas publicadas até agora pelos diferentes veículos de imprensa, anunciou que falará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lhe recordará suas palavras de que “o Brasil não se desenvolverá às custas do empobrecimento de seus vizinhos”.

O ex-bispo também concordou com as solicitações que a imprensa local divulgou sobre o Tratado de Yacyretá, com a Argentina, para a construção da represa de mesmo nome no rio Paraná.

Se as injustiças desse tratado, que tem cláusulas semelhantes as do de Itaipu com o Brasil, forem corrigidas, o Estado paraguaio receberia cerca de US$ 3,5 bilhões em vez dos menos de US$ 100 milhões que recebe atualmente.

Fontes técnicas apontaram que o cálculo de Lugo sobre Yacyretá excede a realidade, pois essa represa tem menor capacidade que Itaipu, e que o Paraguai deveria receber cerca de US$ 1 bilhão por ano se cedesse sua energia à Argentina a preço de mercado.

Segundo ambos tratados, o Paraguai não pode negociar com terceiros mercados a energia que corresponde a metade da gerada por ambas represas, pois é obrigado a “ceder” aos países co-proprietários que financiaram a construção das mesmas.

O ex-bispo acredita que se os tratados forem corrigidos, quando assumir o poder, seu governo poderá criar rapidamente fontes de trabalho para pelo menos 120 mil famílias.

Fonte: Folha Online

Comentários