O juízo da comarca de Marcelândia (710 quilômetros de Cuiabá) condenou o falso pastor da Igreja Nova Jerusalém, Antônio Hilário Filho, de 53 anos, a 79 anos e seis meses de prisão pela prática de pedofilia contra seis adolescentes, menores de 14 anos, sem a possibilidade de apelação em liberdade.

Na época, Antônio confessou que praticava sexo com os meninos desde 1995.

A decisão tomada pelo juiz Anderson Candiotto foi embasada no artigo 214 (constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal) do Código Penal, com aplicação de critérios de aumento de pena.

De acordo com o delegado do município, Luiz Henrique Oliveira, as investigações sobre o crime começaram quando o pastor ainda atuava na mesma igreja, porém, com sede no distrito Comunidade Bom Jaguar, em Marcelândia, entre 2004 e 2005. Naquela época, havia denúncias de crianças que freqüentavam a entidade de que o pastor cometia abusos sexuais contra elas. Em 2006, foi aberto um inquérito para apurar a denúncia de um garoto que teria sido ameaçado pelo pastor, com arma de fogo, para manter relação sexual.

Conforme o delegado, o pastor utilizava vários meios para ter acesso aos garotos. Além de pastor, ele atuava como professor de música e comandava dois times de futebol de categoria mirim. “Na maioria dos casos ele aliciava os garotos”, disse o delegado.

As seis vítimas identificadas pelo pastor são apenas aquelas que ele revelou os nomes durante a confissão. No entanto, o delegado acredita que possa haver muitas outras, já que o pastor vinha praticando o crime no município há mais de dez anos. Por esse motivo, Candiotto determinou que fossem extraídas cópias dos depoimentos das vítimas e testemunhas para serem encaminhadas à delegacia para instauração de novo inquérito, para investigar os mesmos crimes possivelmente praticados contra outras vítimas indicadas nos depoimentos apresentados em Juízo.

Após a prisão do pastor, a polícia apreendeu diversos materiais que faziam referência aos garotos, como fichas de cadastros e fotografias, além de um diário com anotações em que ele descrevia a relação que teve com a primeira vítima, ainda em 1995. “Ele escreveu frases dizendo que ele iria servir a essa vítima para o resto da vida e vice-versa. Também escreveu que mulheres não o satisfaziam”, contou o delegado. No local, também foi encontrado um bilhete de um garoto o ameaçando. “No papel estava escrito que o menino queria R$ 50 para não contar ao Conselho Tutelar o ‘segredo deles’”, afirmou o delegado.

Fonte: Diário de Cuiabá

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