Há algumas semanas, Bishu, um pastor de 30 anos, visitou uma aldeia não muito distante da sua para realizar um culto dominical em uma igreja doméstica. Ele faz isso todos os domingos e sabia todos os riscos que corria – e corre – ao transmitir a Palavra de Deus aos indianos.
Os cristãos dessa região já enfrentam a oposição de seus vizinhos há meses, mas até agora o pastor Bishu continuava com os cultos, com a presença de algumas famílias.
Portanto, esse domingo foi diferente. “Quando me aproximei da casa, fui cercado por um grupo de jovens da vila, que começou a me interrogar sobre o que eu faço na aldeia deles”, contou o pastor. A partir daí, sem defesa ou sequer conseguir conversar com os jovens, eles começaram a esbofetear e chutar o pastor.
Os cristãos saíram em defesa de Bishu e conseguiram resgatá-lo da roda que se formou sobre ele. O pastor teve de voltar para a casa, ameaçado que se voltasse à aldeia, poderia perder sua vida.
No dia seguinte, um verdadeiro ataque aos cristãos se iniciou com participação de todos da aldeia. O grupo de jovens, seguidos por outros adultos, armaram-se de paus e varas e arremeteram contra as famílias cristãs, não salvando sequer mulheres e crianças. Uma das vítimas, Babu, de 32 anos, teve seu braço quebrado e outros tiveram ferimentos na cabeça e lesões nas costas.
“Os aldeões não querem que seus rituais e costumes tribais sejam desobedecidos. Eles temem que isso lhes traga alguma maldição de algum de seus deuses ou que sua cultura tradicional desapareça, caso o cristianismo se espalhe, com a conversão de todos os aldeões a Jesus”.
Permanecendo firme
Apesar de ter o braço quebrado, Babu ainda é muito forte em sua fé. “Fiquei com muito medo quando os espancamentos aconteceram, mas estava determinado a nunca abandonar meu Deus. É um privilégio para mim sofrer por Jesus Cristo. Eu só estava preocupado com meus filhos, mas Deus nos protegeu. Não estou desanimado, mas sei que as coisas serão difíceis agora, pois não posso trabalhar para o sustento de minha família até que meu braço melhore”, disse.
Outra vítima, Dines, de 58 anos, compartilha: “Eu estava em estado de pânico quando eles começaram a nos atingir, mas eu sabia que Deus está conosco. Não importa o que nos aconteça, nunca deixaremos de seguir a Jesus”.
Segundo o colaborador local da Missão Portas Abertas que visitou os aldeões cristãos, todas essas famílias são muito pobres e, em sua maioria, ganham seu sustento por meio da agricultura ou de trabalhos remunerados diários. Depois desse incidente, todos tiveram que fugir para outras aldeias. Alguns deles estão hospedados em um salão da igreja na vila vizinha.
Apesar da perseguição, nenhuma das famílias se arrepende de ter escolhido Cristo. A Portas Abertas tem apoiado essa e outras regiões da Índia por meio de treinamentos a pastores e líderes, além de ajuda emergencial em casos como esse.
Durante o treinamento sobre a perseguição, eles são ensinados como Deus quer que eles respondam ao perseguidor e que, se permanecerem firmes na fé, sairão vitoriosos.
“Eu aprendi no seminário de preparação de perseguição que as pessoas ao redor do mundo são perseguidas pela fé cristã, mas permanecem firmes até a morte. Isso inspirou todos nós e nos permitiu ficar fortes”, afirma Dinesh.
Apesar do risco iminente e constante, os treinamentos, cultos e apoio a essas famílias continuam, com contato contínuo e ajuda no quer for necessário, para que continuem a adorar a Deus.
A Perseguição na Índia
A Índia é o 10º país na Lista Mundial da Perseguição 2019, que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo.
A crescente influência do intolerante radicalismo hindu gera enormes problemas para os cristãos, como a violência de grupos hindus radicais locais (por exemplo: Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), Shiv Sena e Vishva Hindu Parishad (VHP)), ou de aldeões irritados, instigados por hinduístas.
Eles atacam cristãos e não são impedidos pelas autoridades. As autoridades locais, estaduais e nacionais são muitas vezes dominadas pelo partido hindu, Partido do Povo Indiano (BJP). Isso significa que os radicais hindus podem atuar com crescente impunidade.
Todos os cristãos em áreas vulneráveis estão passando por perseguição na Índia, uma vez que os radicais hindus os veem como alienados à nação. Eles querem limpar o país do islamismo e do cristianismo e não se esquivam de usar a violência para isso.
Converter-se ao cristianismo – quando se vem de uma família hinduísta – é suportar o peso da perseguição na Índia e estar constantemente sob pressão para retornar ao hinduísmo. Muitas vezes, os cristãos ex-hinduístas são agredidos fisicamente e até mortos.
Os agressores radicais gozam cada vez mais de impunidade quando assediam muçulmanos ou cristãos. Como resultado, o nível de medo e incerteza entre a maioria dos cristãos na Índia está aumentando. O fato de que o governo está desviando o olhar quando as minorias religiosas são atacadas provavelmente causará um aumento da violência nos próximos anos.
Diante deste quadro, a Portas Abertas lançou a campanha global para ajudar os cristãos que vivem na Índia.
Para saber mais, acesse https://www.portasabertas.org.br/artigo/campanha-global-india e saiba como participar dessa campanha.
Motivos de Oração
- Ore por esse grupo de cristãos que foi violentamente atacado – incluindo mulheres e crianças – e foram forçados a fugir de suas casas.
- Babu, o cristão que teve seu braço quebrado no ataque ainda não pode trabalhar, em consequência de sua lesão. Peça a Deus por provisão a ele e sua família e que sua fé seja sempre fortalecida.
- Essas famílias ainda estão vivendo longe de suas casas, já que temem que sejam atacadas novamente se retornarem. Alguns deles estão com seus parentes, outros estão hospedados nos salões da igreja nas aldeias próximas. Ore para que Deus lhes permita retornar e viver em segurança em sua aldeia, ou que que Ele providencie outras acomodações seguras para eles.
- Os parceiros locais da Portas Abertas foram capazes de fornecer a esses cristãos suprimentos de emergência. Ore por proteção e sabedoria para os líderes cristãos locais e os parceiros da Portas Abertas que continuam ajudando essas famílias, apesar dos riscos envolvidos.
Fonte: Portas Abertas