Flordelis com a filha Simone e com o pastor Anderson (Foto: Montagem)
Flordelis com a filha Simone e com o pastor Anderson (Foto: Montagem)

Simone dos Santos, filha biológica da deputada federal Flordelis, disse ter dado R$ 5 mil à sua irmã, Marzy Teixeira, para matar Anderson do Carmo.

Em audiência nessa sexta-feira (22), Simone justifica que fez o pedido por não suportar mais os constantes assédios sexuais por parte de Anderson. Simone está presa desde agosto de 2020, acusada de envolvimento no crime.

A filha biológica de Flordelis conta que os assédios tiveram início em 2012, logo após ela ser diagnosticada com câncer. Segundo ela, Anderson se utilizava do fato de que ele pagava seu tratamento para suborná-la. Testemunhas afirmam que ela e Anderson foram namorados antes do relacionamento dele com Flordelis, mas Simone nega.

“Ele sempre demonstrou [interesse], mas começou a dar a entender [isso] em 2012, quando ele começou a pagar meu tratamento. Ele falava para eu olhar para ele com carinho. Disse que, se eu não andasse na cartilha dele, ele não pagaria meu tratamento”.

Simone alega que o pastor ia ao seu quarto frequentemente e chegou a dizer que uma vez o pegou se masturbando diante de sua cama durante à noite. Após as investidas, ela teria, então, pedido ajuda a irmã, Marzy.

“Dei R$ 5 mil para Marzy. Disse que [eu] não aguentava mais. Pedi para ela me ajudar. Disse que estava passando por maus momentos. Não havia um plano. Só estava desesperada. Todos os dias ele subia ao meu quarto de manhã e à noite. Mas eu nem acreditava que ela teria coragem de fazer isso de fato. Entreguei a ela o dinheiro e depois não soube de mais nada”.

Simone disse que não estava em casa na noite do crime, mas admitiu que foi a responsável por jogar no mar da praia de Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, os celulares da mãe, do pastor Anderson e do irmão, Flávio dos Santos, acusado de ter atirado no pastor.

Simone disse à juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, que não teve coragem de contar à mãe sobre as investidas sexuais de Anderson. De acordo com ela, Flordelis era “cega, apaixonada por ele”.

Depoimento de Marzi Teixeira

Já a filha afetiva do casal Marzi Teixeira da Silva confessou à justiça que procurou o irmão Lucas Cézar para planejar a morte do pai. Ela está entre as 11 pessoas indiciadas no crime. O depoimento não foi acompanhando pela parlamentar.

Em seu depoimento, Marzy disse que ofereceu R$ 5 mil para que o irmão matasse o pai adotivo. Segundo ela, Lucas teria que planejar um roubo e assassinar o pastor. O pagamento ficaria no carro usado por Anderson do Carmo. Além do dinheiro, ele ficaria com o relógio usado pelo líder religioso.

“Eu planejei que quando ele fosse fazer o serviço, ele pegasse o dinheiro do pastor. Ele me perguntou se a minha mãe sabia, e eu disse que não, que era um desejo meu”, disse. 

Dando continuidade em seu depoimento, Marzy disse que Lucas só aceitaria o plano caso Flordelis concordasse. Ela afirma que pegou o celular da mãe e mandou uma mensagem para para tentar convencê-lo. 

A filha afetiva revelou que contou para a mãe que queria matar o pai e que as duas conversavam pelo celular, através de um chip desconhecido. “Eu chamei ela e falei que precisava falar algo importante, revelei a ela todo plano. Depois contei ao Anderson e ele ameaçou me expulsar de casa. E grampear os telefones de todos. Comprei então chip pra falar com a Flor”, confessou Marzy.

A jovem chegou na casa do casal em 2008, quando tinha 24 anos. Na época, disse que a relação era boa, mas depois que ela furtou um dinheiro do irmão André, cerca de R$ 4 mil, em agosto de 2013, o pastor passou a humilhar e perseguia-la. Isso causou um ódio nela que a levou a querer a morte do pastor.

Flordelis

A deputada federal e pastora evangélica Flordelis dos Santos (PSD), reafirmou, nesta sexta-feira (22) que toda a família sabia do plano arquitetado para matar seu marido, o pastor Anderson do Carmo, assassinado no dia 16 de junho de 2019 em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

A parlamentar chegou às 9h15 no Fórum de Niterói, acompanhada dos advogados, e seguiu para a 3ª Vara Criminal. Ao ser questionada pela imprensa, Flordelis disse que o próprio marido estava ciente que existia um plano para sua morte, mas não respondeu porque ele não decidiu buscar proteção. 

Ao todo, onze pessoas foram indiciadas no caso. A deputada é apontada como mentora da morte do pastor e só não foi presa por ter imunidade parlamentar. Dois filhos do casal foram presos no início das investigações. Flávio dos Santos, filho biológico da parlamentar, é acusado de matar o padrasto. Lucas Cézar, filho adotivo, foi quem negociou a compra da arma do crime. Nas segunda fase das investigações a Polícia Civil e o Ministério Público prenderam mais cinco filhos da deputada, uma neta, um ex-policial militar que já estava preso no Complexo de Gericinó e a esposa dele.Na terceira fase quatro pessoas são investigadas.

Contradições

Os depoimentos de Simone, Marzy e Flordelis não coincidem.

Pouco antes da audiência com Simone, a outra filha da deputada disse que ela mesma tinha pagado R$ 5 mil ao irmão, Lucas dos Santos, encomendando a ele o assassinato. Ela não mencionou, entretanto, qualquer participação de Simone no caso.

Quando questionada pela juíza sobre como teria conseguido o dinheiro, Marzy afirmou que o roubou da mochila do próprio Anderson.

Marzy negou que a mãe soubesse do plano inicialmente, mas depois ela lhe teria dito. Sobre a reação de Flordelis, a filha afirma que a deputada teria ficado “doida” e que ela escapou de apanhar por pouco.

Flordelis, no entanto, alega que soube do plano pelo filho, Lucas, que confirmou em depoimento que foi ele quem contou à mãe sobre a proposta.

Fonte: Pleno News e O Dia

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