Flordelis concedeu entrevista coletiva na terça-feira, 25 de junho, para falar sobre a morte do seu marido, o pastor Anderson do Carmo.
Flordelis concedeu entrevista coletiva na terça-feira, 25 de junho, para falar sobre a morte do seu marido, o pastor Anderson do Carmo.

Depoimentos de filhos de Flordelis dos Santos Souza à Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo contradizem a versão da pastora, também dada à polícia, de que ela não viu mais o celular do pastor Anderson do Carmo após o crime e não sabia do paradeiro do aparelho.

Até hoje, o telefone da vítima não foi localizado pela DH. Flordelis se comprometeu com a polícia a entregar o aparelho, o que nunca ocorreu.

O celular de Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis e réu pela morte do pastor, também nunca apareceu.

Em seu depoimento dado à polícia no dia 24 de julho, um dos filhos adotivos de Flordelis, Wagner Andrade Pimenta, o pastor e vereador de São Gonçalo conhecido como Misael, relatou aos investigadores que esteve com a mãe três dias antes, na casa da família, em Pendotiba, Niterói, onde Anderson foi morto.

Segundo Misael, durante uma reunião no quarto da mãe, ela escreveu em um caderno os dizeres “Nós quebramos o celular do Niel e jogamos na ponte Rio-Niterói”. Niel era o apelido de Anderson na família.

O depoimento à polícia no qual Flordelis afirmou não ter conhecimento do paradeiro do celular do marido foi dado também no dia 24, mesmo dia em que Misael foi ouvido pelos investigadores. No relato, Misael afirma ainda que o caderno passou pelas mãos de sua esposa, Luana, e de Daniel dos Santos, seu irmão.

Em seu depoimento, o filho adotivo de Flordelis ainda revelou que teve acesso ao telefone celular do pai no dia seguinte ao crime. Misael contou que o aparelho que estava com o motorista da mãe, Marcio da Costa Paulo, conhecido como Buba. Segundo o vereador, Buba relatou a ele que entregaria o celular para Flordelis.

O também pastor e Filho de Flordelis Luan Santos, em seu depoimento, relatou à polícia ter visto o momento em que Buba chegou à casa de Flordelis, com o telefone na mão, para entregá-lo à mãe. Segundo Luan, um dos filhos biológicos de Flordelis, Adriano de Souza, tomou o telefone da mão de Buba e disse que pegaria o aparelho primeiro. Em resposta ao filho, Flordelis disse para que ele apagasse “aquilo que tá lá”.

A mulher de Adriano alertou a sogra de que a polícia teria como descobrir se algo fosse deletado do aparelho. Luan afirma que concordou e, segundo ele, Flordelis abaixou a cabeça e ficou em silêncio. Luan prestou depoimento no dia 28 de junho. Ele também disse à polícia acreditar no envolvimento da mãe no crime.

Em seu depoimento à polícia, no dia 26 de junho, Buba confirmou que ficou com o celular de Anderson, mas não revelou o que fez com o aparelho. Já Adriano disse à polícia que não sabia informar a localização do telefone de Anderson.

“Mentora intelectual”

Wagner Andrade Pimenta, o Misael, afirmou acreditar que a mãe foi a “mentora intelectual” da morte do pai. O relato foi dado por ele no dia 18 de junho deste ano, dois dias após o crime. Misael e o irmão Daniel dos Santos de Souza foram os primeiros a prestar depoimento atribuindo à Flordelis participação no assassinato.

Depois deles, outros três filhos adotivos – Luan Santos, Kelly Cristina dos Santos e Roberta Santos – também fizeram relatos aos policiais que comprometeram a mãe. O jornal EXTRA teve acesso a todos os depoimentos.

Sobre o crime, Misael disse, em seu depoimento, que Flordelis, “manipulando os filhos, encontrou alguém com coragem para matar Anderson”. Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico apenas de Flordelis, e Lucas Cézar dos Santos, filho adotivo do casal, são réus pela morte do pastor. De acordo com as investigações, o primeiro foi o responsável por atirar na vítima e o segundo, o auxiliou na compra da arma do crime. A polícia agora investiga a participação de outras pessoas da família na execução.

Em suas declarações à polícia, Misael contou ainda que a mãe lhe disse acreditar que Anderson estava “dando a volta nela com relação à dinheiro”.

No depoimento, Misael contou que em outubro do ano passado, Anderson ficou internado cinco dias e perdeu quase 20 quilos. Na época, ele disse que não sabia o motivo, mas hoje sabe que estavam dopando o pai, dando remédios para ele a mando de Flordelis. Ao menos outros três filhos confirmaram que medicamentos vinham sendo dados ao pastor.

Já Daniel, em seu depoimento no dia 18 de junho, também afirmou acreditar no envolvimento de Flordelis na morte do pastor. Ele ainda disse ter ouvido da mãe que a hora do seu pai ia chegar e não demoraria muito. O rapaz relatou a possibilidade de envolvimento, no crime, de Flávio, Lucas, outras duas filhas e uma neta da pastora.

Daniel também afirmou que o pai lhe mostrou a mensagem encontrada por ele, na qual ficava claro que estavam planejando sua morte.

Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, Flordelis negou as acusações feitas por Misael e afirmou que não há nenhuma prova de que ela tenha sido a mentora intelectual do assassinato. A pastora afirma, ainda, que Daniel foi instruído por Misael ao prestar depoimento (veja a íntegra da nota abaixo).

Assim como Daniel, Luan e Roberta também afirmaram à polícia acreditarem no envolvimento de Flordelis na morte de Anderson. Em seu depoimento, o rapaz afirmou que sua irmã Simone dos Santos, filha biológica de Flordelis e irmã de Flávio, lhe disse que a mãe havia pedido que ela contratasse alguém para “apagar” Anderson. Mas, sabendo que Simone não faria o que ela lhe pediu, resolveu fazer a mesma solicitação a Marzy. Ainda de acordo com Luan, a própria Simone lhe disse que era a responsável pelos problemas de saúde de Anderson, dando a ele remédios. Luan também contou ter ouvido a mãe falar sozinha, após o crime, a palavra “acabou”.

Para Roberta, de acordo com seu depoimento, Flordelis ganharia paz com a morte de Anderson. Além da mãe, ela também acredita no envolvimento das duas irmãs e neta da pastora citadas por Daniel. Ela disse, ainda, que ao ver a forma com que Flordelis se comporta perante a imprensa, não tem dúvidas de que se trata de teatro e que vê nos olhos da mãe um sentimento de alívio.

Já Kelly afirmou que a mãe sempre dizia aos filhos que “no dia em que Anderson não estivesse mais ali, as coisas iriam melhorar”. Ela revelou, ainda, que Flordelis tentou reunir todos os filhos com o advogado, no dia anterior aos depoimentos, que ocorreu em 24 de junho, para combinar o que seria dito à polícia. Kelly afirmou que não compareceu à renião. Ela também relatou que Flordelis afirmou que saberia, pelo advogado, o que cada um dos filhos dissera.

Veja a nota de Flordelis:

Sobre a matéria publicada nos jornais O Globo e Extra hoje, com a notícia dos depoimentos dos filhos da deputada Flordelis, ela esclarece:

1.É mentira, a acusação do filho adotivo Wagner Andrade Pimenta, de ser ela a mentora intelectual do assassinato do Pastor Anderson do Carmo.

2. Mentira maior é o Wagner Andrade Pimenta ter dito que ela vinha manipulando os filhos até encontrar um que tivesse coragem para matar o Pastor Anderson.

3. Mentira maior ainda é o Wagner Andrade Pimenta ter afirmado que ela teria dito a ele que o Pastor Anderson estava dando volta nela com relação ao dinheiro”.

4. Mentira estupidamente maior é Wagner Andrade Pimenta dizer que o Pastor Anderson ficou internado cinco dias em outubro, porque estava recebendo remédios a mando dela com o intuito de envenená-lo.

5. Com relação ao trecho da matéria do Jornal O Globo que afirma: “Misael deu um novo depoimento à polícia e, na ocasião, relatou ter descoberto que Flordelis digitou uma das mensagens que a irmã, Marzy Teixeira, enviou para Lucas pedindo que ele matasse Anderson”. Isso não é verdade, é um absurdo e não há nenhuma prova com relação a isso.

6. Daniel ao prestar declarações contra ela está claramente instruído pelo Wagner Andrade Pimenta, de quem se aproximou muito na vida a ponto de exercer cargo de confiança no gabinete do vereador.

7. Por fim, o Wagner Andrade Pimenta, o Misael, afirma que pegou o celular do Pastor e fotografou uma mensagem. Sobre isso, a deputada pode reafirmar, categoricamente, que não há uma só prova que ela tenha sido mentora intelectual do crime.”.

Fonte: Jornal EXTRA

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