O governo da Bolívia descartou nesta segunda-feira a Igreja Católica como mediadora em um diálogo com a oposição conservadora, que no domingo cantou vitória após um referendo que aprovou um estatuto de autonomia no Departamento de Santa Cruz.

A drástica determinação do governo de Evo Morales era prevista por analistas, após o cardeal Julio Terrazas, máxima autoridade da hierarquia católica e habitante de Santa Cruz, participar do polêmico referendo, considerado ilegal pelas autoridades nacionais.

“Se pronunciou politicamente o mais alto membro da Igreja Católica, pelo caminho de apoio explícito à ilegalidade, e por isso descartou toda a possibilidade de se converter em facilitadora ou mediadora”, disse em entrevista coletiva o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.

O governo esperava que a cúpula católica facilitasse o diálogo, “mas que foi esta instituição que por vontade própria deu um passo ao lado”, acrescentou.

O ministro reiterou a posição do governo de minimizar a importância do triunfo eleitoral do movimento autonomista da região mais rica do país e insistiu que para o governo eram mais importantes os cerca de 50 por cento de votantes que se abstiveram ou votaram não.

Além de Santa Cruz, outros três Departamentos bolivianos buscam pôr em vigência as suas autonomias antes das mudanças constitucionais promovidas por Morales.

A nova carta magna, segundo o projeto aprovado em dezembro por uma assembléia governistas, limitaria o poder das regiões sobre a política de distribuição de terras, o que é particularmente sensível para Santa Cruz, onde se concentra a maior parte dos latifúndios do país.

Fonte: Reuters

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