Apesar de serem líderes importantes para os evangélicos, um dos principais segmentos de apoio ao governo de Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia e o bispo Edir Macedo têm atualmente motivos de insatisfação com o presidente. É o que informa Chico Alves, colunista do UOL.
Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, é um dos mais ferrenhos opositores do projeto que libera jogos de azar, cassinos e jogo do bicho no Brasil, que tem como um dos autores Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil. O motivo de irritação de Macedo é outro: o movimento de distanciamento que Bolsonaro tem feito em relação ao Republicanos, legenda que concentra políticos ligados à Igreja Universal.
O projeto que libera os jogos de azar foi votado há poucos dias na Câmara por iniciativa do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Os evangélicos esperavam que o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), orientasse voto contrário, mas ele acabou por liberar a bancada. O texto seguiu para votação dos senadores.
Coordenador da frente parlamentar evangélica e braço direito do pastor Silas Malafaia, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse à coluna de Chico Alves, do UOL, que o grupo “vai se entrincheirar no Senado” para a evitar a aprovação. “Vamos dialogar com o Rodrigo Pacheco, que é equilibrado e não é do Progressistas, o partido mais interessado na legalização dos jogos do Congresso Nacional”, disse Sóstenes à coluna, citando um dos principais partidos de apoio ao governo.
Para o deputado, os ministros Ciro Nogueira, Paulo Guedes e Gilson Machado são os principais interessados em votar a liberação dos jogos de azar. Por enquanto, tanto Sóstenes quanto Malafaia evitam fazer críticas diretas ao presidente Bolsonaro. Mas diante da importância que o assunto tem para os evangélicos, esse confronto não está descartado.
Já o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, e seus apoiadores estão descontentes com o acelerado afastamento que Bolsonaro está adotando em relação ao Republicanos, enquanto encaminha para o PL nomes importantes para puxar votos na próxima eleição. O último caso é o do ministro Tarcísio Freitas, que deve lançar candidatura ao governo de São Paulo.
O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira, de São Paulo, já manifestou publicamente sua insatisfação e outros integrantes da legenda reclamam que sempre apoiaram o governo em tudo que foi necessário e esperavam ser tratados com respeito.
Diante disso, a executiva do Republicanos vai se reunir para discutir o assunto depois do Carnaval. Em debate, a possibilidade de o partido deixar de apoiar o governo Bolsonaro.
Fonte: Chico Alves (colunista do UOL)