Placas indicativas dos banheiros masculino e feminino
Placas indicativas dos banheiros masculino e feminino

No Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (22), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, por meio do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Trans., Queers e Intersexos, publicou uma resolução que garante direitos a pessoas trans em instituições de ensino.

A resolução nº 2, de 19 de setembro de 2023, “estabelece parâmetros para a garantia das condições de acesso e permanência de pessoas travestis, mulheres e homens transexuais, e pessoas transmasculinas e não binárias – e todas aquelas que tenham sua identidade de gênero não reconhecida em diferentes espaços sociais – nos sistemas e instituições de ensino”.

O documento tem 12 artigos com orientações e providências que garantem desde o direito do uso do nome social para estudantes, até a questão do uso do banheiro de acordo com a identidade do estudante, não de acordo com o sexo biológico.

O texto chega a conceituar o que é expressão de gênero, explicando que se trata da “forma em que cada pessoa apresenta o seu gênero através da sua aparência física – incluindo a forma de vestir, o penteado, os acessórios, a maquiagem – o gestual, a fala, o comportamento, os nomes e as referências pessoais”.

Em outra parte, a resolução vai orientar que as instituições de ensino – que não possuem um banheiro unitário – terão que permitir o uso do banheiro masculino e feminino para pessoas biologicamente do sexo oposto, porque se assumem, naquele momento, como pessoas trans ou não binárias.

– Deve ser garantido o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero, quando houver, de acordo com a identidade e/ou expressão de gênero de cada estudante – diz o artigo 5º da resolução.

O artigo seguinte vai propor formas de evitar a discriminação e violência contra esse grupo:

– Devem, ainda, ser implementadas as seguintes ações no sentido de minimizar os riscos de violências e/ou discriminações: I – sempre que possível, instalação de banheiros de uso individual, independente de gênero, para além dos já existentes masculinos e femininos nos espaços públicos; II – realização de campanhas de conscientização sobre o direito à autodeterminação de gênero das pessoas trans e suas garantias; e III – fixação de cartazes informando se tratar de espaços seguros e inclusivos para todas as pessoas.

Deputados criticam resolução

Nas redes sociais, os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR) acusaram o governo federal de querer instituir banheiros unissex nas escolas. Em um vídeo publicado nesta sexta-feira, Nikolas afirmou que protocolou um projeto de lei para barrar a resolução. “Já não bastasse a legalização das drogas e do aborto, agora também o ministro do Lula de Direitos Humanos instituiu o banheiro unissex. É isso mesmo. Instituiu esse banheiro para todas as escolas do Brasil, incluindo para menores de idade”, disse o deputado na gravação. “Não aceitaremos esta imposição.”

Filipe Barros também publicou um vídeo, no qual afirma que o governo Lula “acaba de instituir banheiros unissex”, o que classificou como um “estelionato eleitoral”.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, acionou a AGU contra os parlamentares por espalharem informações deliberadamente falsas. Ele também prometeu “providências” contra o ex-deputado estadual Arthur do Val (SP) e o senador Sergio Moro (União-PR), a quem chamou de “propagadores de fake news”.”Quem usa a mentira como meio de fazer política, incentiva o ódio contra minorias e não se comporta de modo republicano tem que ser tratado com os rigores da lei. É assim que vai ser”, comentou o ministro nas redes sociais.

Já o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, garantiu que “todas as medidas legais serão tomadas contra os deputados Nikolas Ferreira e Filipe Barros e outros parlamentares, que usam suas redes para mentir que o governo federal irá obrigar a criar banheiros unissex em escolas”. “Os divulgadores serão punidos de acordo com a lei”, acrescentou.

Leia a resolução na íntegra aqui.

Fonte: Pleno News, R7 e O Tempo

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