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Em delação premiada na Operação Lava-Jato, o lobista Fernando Baiano relatou que partiu do próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a ideia de que o empresário Júlio Camargo pagasse propina a ele por meio de doações a uma igreja evangélica – a Assembleia de Deus Ministério Madureira.

Segundo o depoimento, por volta do segundo semestre de 2012, “Cunha sugeriu que Júlio Camargo fizesse duas doações [à igreja], no total de R$ 250 mil, cada uma no valor de R$ 125 mil.”

A propina se referia à contratação de dois navios-sonda da Petrobras, em negócios intermediados por Camargo. Segundo a delação, Cunha teria se aliado a Baiano, lobista ligado ao PMDB, para cobrar valores do empresário a partir do momento em que este parou de repassar propina ao partido.

“Júlio Camargo começou a dizer que estava tendo dificuldade para disponibilizar dinheiro em espécie para pagar Eduardo Cunha, então, o depoente [Baiano] sugeriu que Júlio Camargo fizesse uma doação oficial para Eduardo Cunha ou para o PMDB”, diz o depoimento. A ideia de doação oficial também partiu de Cunha, explicou Baiano.

Mas Camargo teria afirmado que não tinha como fazer a doação oficial, por causa dos limites relativos a faturamento impostos pela legislação eleitoral. Diante disso, Cunha teria proposto o pagamento de propina por meio de doação a uma igreja.

“O depoente [Baiano] informou isso [impossibilidade de doação oficial] a Eduardo Cunha e então Eduardo Cunha pediu ao depoente para questionar se Júlio Camargo poderia, então, fazer uma doação para uma igreja”, relatou Baiano.

O depoimento de Baiano foi anexado à denúncia feita pela Procuradoria Geral da República contra Eduardo Cunha no Supremo Tribunal Federal.

[b]Fonte: Valor Econômico[/b]

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