Um comunicado da Cúria Metropolitana de São Paulo, enviado às paróquias da capital, alerta sobre a ação de mais dois falsos sacerdotes que estão usando o nome da Igreja Católica para pedir doações e realizar cerimônias religiosas, inclusive em casamentos e velórios.

Segundo o padre Juarez Castro, do Vicariato da Comunicação, os “sacerdotes” Valdinei Felix dos Santos e Claudinei Cavalcante Siqueira chegaram a frequentar a casa de fiéis, principalmente na região dos Jardins, para arrecadar donativos.

O outro falsário é o “monsenhor” Marcos Rodrigues Fontana, que já responde a três inquéritos policiais por exercício ilegal da profissão. Ele se passa por padre de diversas paróquias e, dependendo da ocasião, diz pertencer a templos não reconhecidos pela Igreja Romana.

O “monsenhor” é frequentador assíduo de velórios municipais e, em 2006, “celebrou” três missas no cemitério da Consolação no Dia de Finados. Na época, dizia-se sacerdote da Paróquia Santo Antônio de Pádua, da Ordem de Santo André.

O economista Rui Cardoso Alves, de 66 anos, levou um susto quando soube que o “monsenhor” era um falsário. Em 14 de julho deste ano, Marcos Fontana realizou o rito das exéquias (oração de corpo presente) no velório da mãe de Alves, no Araçá.

– Ele apareceu lá pela manhã, oferecendo-se para rezar, e retornou pouco antes do enterro. A única coisa que estranhamos é que falou muito e chegou até a pedir a cada pessoa para dizer uma palavra que representasse a minha mãe em vida – conta.

Após o ritual, segundo o economista, o “monsenhor” pediu uma caixinha.

– Dei R$ 70, mas ele reclamou, dizendo que aquilo não pagava nem o táxi.

Na opinião de Alves, hoje não importa quem Fontana é.

– O que vale é a intenção de quem rezou – disse Alves.

A bancária Juliane, que está com casamento marcado para dezembro, também caiu no golpe do “monsenhor”. Em agosto, ela e o noivo entregaram dois cheques – de R$ 600 e R$ 700 – para pagar a cerimônia, que seria realizada em um buffet.

– Ele é muito conhecido por especialistas em cerimônias para noivas, porque é um dos poucos que celebram casamentos fora da igreja. Só achei estranho que insistiu muito para deixá-lo ir ao cartório agendar a data com o juiz de paz. Um colega católico me falou do comunicado da Cúria. Para reaver os cheques, fui à polícia – conta a bancária.

Falso padre cobra por missas no Cemitério do Araçá em SP

Um falso padre de 48 anos cobrava pela realização de missas nos velórios do Cemitério do Araçá, na zona oeste de São Paulo. De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), no dia 10 de agosto último, funcionários do cemitério chamaram a polícia para denunciar a cobrança indevida das missas.

Aos policiais o padre disse que era integrante da Igreja Católica Apostólica Reunida do Brasil e que as missas eram realizadas a pedido dos parentes dos mortos.

A direção do Serviço Funerário Municipal de São Paulo entregou ao Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) diversos documentos administrativos com reclamações dos familiares. O delegado Luís Antônio Ribeiro Longo do 23º DP, em Perdizes, instaurou inquérito policial para apurar o caso.

De acordo com a Arquidiocese de São Paulo, Marcos Fontana, que se apresenta como “monsenhor”, não é padre, nunca foi membro da Igreja Católica e não tem autorização para cobrar pelas missas. Além disso, a igreja que ele afirma pertencer não existe.

A assessoria do Ministério Público Estadual informou que o órgão recebeu três denúncias sobre a ação do falso padre.

Fonte: O Globo online e Folha Online

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