A Igreja Católica criticou na quarta-feira as políticas agro-energéticas do governo brasileiro, acusando-as de estimular a devastação da Amazônia e ameaçar a subsistência de comunidades tradicionais.

“Não podemos ignorar o desmatamento de madeireiros que violam as leis do país e ameaçam tribos indígenas e outros que dependem da Amazônia”, disse o bispo Guilherme Antonio Werlang ao lançar a Campanha da Fraternidade, que neste ano apresenta o tema “Fraternidade e Defesa da Vida” e tem como lema “Escolhe, pois a vida”.

O governo brasileiro está sob intensa pressão para conter o desmatamento, e recentemente houve discordâncias entre ministros sobre a real extensão do problema.

O Ministério do Meio Ambiente diz que a floresta está sendo destruída num ritmo mais intenso devido ao avanço de agricultores e pecuaristas, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministério da Agricultura rejeitam essa tese.

Entre agosto e dezembro, cerca de 7.000 quilômetros quadrados de mata foram derrubados, o que significa dois terços da taxa registrada entre agosto de 2006 e julho de 2007.

De acordo com ambientalistas, a expansão das lavouras de cana-de-açúcar, matéria-prima do álcool combustível, também estimula o avanço de produtores rurais na Amazônia.

“Temos de questionar os programas energéticos que deterioram nossos rios e terras com a construção de ainda mais usinas hidrelétricas e com a produção agrícola em monocultura”, disse Werlang, membro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Parte da campanha deste ano, em defesa da vida, visa a despertar a conscientização ambiental.

O governo Lula abriu em dezembro licitação para a construção de uma usina hidrelétrica de 5 bilhões de dólares no rio Madeira, no oeste da Amazônia. Uma outra usina está em projeto na mesma área.

A ONG Amigos da Terra estima que o projeto pode atrair até 100 mil colonos para a região, o que ampliaria a pressão sobre a terra e os recursos naturais.

Fonte: Reuters

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