O órgão encarregado da proteção da infância da Igreja Católica da Irlanda recebeu, em um ano, quase 200 novas acusações de maus-tratos cometidos por padres contra crianças.

Segundo o National Board for the Safeguarding of Children in the Catholic Church (NBSCCC), no ano concluído em 31 de março passado foi recebido um total de 197 acusações de maus-tratos, registrados em sua maioria nos anos 1950 e 1960.

As acusações estão relacionadas com 97 dioceses e 110 instituições religiosas, e 83 dos supostos autores já morreram.

Em novembro de 2009, o chamado informe Murphy, publicado depois de três anos de investigações, revelou como os chefes das dioceses de Dublin ocultaram abusos sexuais cometidos por padres e religiosos irlandeses contra centenas de crianças durante décadas.

Desde o informe, revelações de casos de pedofilia por membros do clero –que a hierarquia foi acusada de silenciar– multiplicaram-se na Europa e no resto do mundo e chegaram a atingir o próprio papa, acusado na Alemanha e nos Estados Unidos de ter acobertado casos.

Na Europa, muitas alegações de acobertamentos de abusos sexuais envolvem Munique, na época em que o papa foi arcebispo da cidade, entre 1977 e 1981. Grupos de vítimas pedem ainda informações sobre as decisões tomadas pelo papa na época em que dirigiu o departamento doutrinal do Vaticano, entre 1981 e 2005.

Na Áustria, a imprensa local noticiou casos de abusos cometidos em dois institutos religiosos nas décadas de 1970 e 1980. Na França, a diocese de Rouen informou que um de seus padres está sendo investigado por ‘antigos delitos contra uma criança’.

Os casos de pedofilia atingiram ainda a Holanda, onde a Igreja Católica recebeu 1.100 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.

América

Nos EUA, as maiores autoridades do Vaticano, incluindo o então cardeal Joseph Ratzinger, teriam encoberto o reverendo americano Lawrence Murphy acusado de abusar sexualmente de 200 crianças surdas.

No Chile, Fernando Karadima Fariña, ex-pároco da Igreja do Sagrado Coração de Jesus da Floresta, de Santiago, está sendo investigado por autoridades judiciais e eclesiásticas após denúncias de abusos sexuais, segundo informações do cardeal Francisco Javier Errázuriz.

No México, o fundador da congregação Legionários de Cristo, o falecido padre Marcial Maciel, é acusado de cometer abusos contra jovens seminaristas durante décadas.

No Canadá, o ex-bispo católico Raymond Lahey, que já tinha sido acusado de armazenar pornografia infantil, está sendo processado agora por agressão sexual pela Justiça. Ele renunciou em setembro a seu cargo da diocese de Antigonish, em Nova Scotia (leste).

O Vaticano reconheceu ainda os abusos cometidos por dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL). Eles foram acusados de pedofilia por integrantes de um coro e por seus familiares.

Fonte: Folha Online

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