A Igreja Católica da Alemanha passará a denunciar às autoridades todos os casos suspeitos de abuso sexual, conforme anúncio feito nesta terça-feira pela Conferência Episcopal Alemã (DBK) sobre as novas orientações para a gestão deste tipo de denúncias.

De acordo com um comunicado da instituição, o bispo Stephan Ackermann, encarregado especial da DBK sobre o tema, apontou que a obrigação deixará de existir somente perante a expressa solicitação da própria vítima.

“Aqui, na medida em que era possível e legalmente admissível, deveria ser conseguido um relacionamento equilibrado entre o dever de expor a denúncia e aquele de proteger a vítima”, explicou Ackermann.

Muitas das acusações de pedofilia contra o clero católico, cuja divulgação se intensificou em todo o mundo a partir do segundo semestre do ano passado, se referiam à Alemanha, terra natal do papa Bento 16. Entre elas, há suspeitas de mais de 160 episódios registrados em escolas jesuítas nos anos 1970 e 1980, e casos no coro de rapazes da catedral de Regensburgo.

“As terríveis informações e experiências dos meses passados nos demonstraram que as orientações de 2002 não eram suficientemente precisas. Por isso, foram submetidas mais uma vez a um exame particularmente crítico e as tornamos mais severas”, prosseguiu o bispo.

Segundo o comunicado difundido pela DBK, a obrigação das denúncias é um ponto “central” das novas diretivas, aprovadas na última quinta-feira e que entrarão em vigor amanhã.

Na nota, os bispos assinalaram também que as orientações se aplicam não só aos membros do clero, mas também “a outros colaboradores e colaboradoras na esfera da Conferência Episcopal”.

Além disso, nesta quarta-feira todos aqueles que trabalham o tempo todo ou em meio período em contato com crianças e adolescentes deverão apresentar um certificado de boa conduta mais aprofundado, emitido pela polícia.

O novo regulamento prevê ainda a constituição de um centro de pesquisas e reflexão permanente formado por vários especialistas para a consulta sobre questões aos abusos. Entre os temas abordados nas regras, no entanto, não estão eventuais ressarcimentos às vítimas.

[b]Fonte: Folha Online[/b]

Comentários