Sacerdote Anthony Mercieca, de 69 anos, que nadou nu com ex-deputado americano é proibido de dar entrevista Arquidiocese de Miami diz que conduta de Mercieca foi “indesculpável”; padre morou no Brasil antes de ir para a Flórida, nos anos 60.

A Arquidiocese de Miami divulgou nota ontem em que se desculpa pela “injustificável” conduta do padre Anthony Mercieca, de 69 anos, que disse nesta semana que talvez tenha se comportado de forma “sexualmente inapropriada” com ex-deputado republicano Mark Foley, 52, quando este tinha entre 12 e 13 anos.

Aliado do presidente George W. Bush, Foley foi obrigado a renunciar ao mandato no final de setembro depois que veio à tona que ele enviava mensagens de conteúdo sexual a adolescentes estagiários do Congresso. Na época, ele atribuiu seu comportamento ao suposto abuso sexual de que teria sido vítima quando criança. Anteontem, um jornal da Flórida publicou entrevista de Mercieca, o suposto autor do abuso.

“Devemos desculpas ao senhor Foley pelo dano que sofreu. Tal conduta é moralmente repreensível, canonicamente criminosa e indesculpável. Os eventos descritos são totalmente contrários ao ministério de um sacerdote”, diz o comunicado da Igreja Católica.

O padre Mercieca vive hoje na diocese da ilha de Gozo, em Malta. Por orientação do Vaticano, está proibido de dar entrevistas. O bispo Mario Grech, responsável pela comunidade, disse ter aberto investigação ontem sobre o episódio e pedido informações a representantes da igreja na Flórida. “Estamos conscientes da gravidade da pedofilia”, afirmou.

Deputado se cala

Gerald Richman, advogado de Foley, disse na sexta-feira que ainda não sabe se o ex-deputado vai cooperar com a investigação da igreja. O ex-deputado está em tratamento psicológico e não tem aparecido em público desde a renúncia. “Não é possível prever o que vai acontecer com ele quando sair da clínica”, disse Richman.

A defesa de Foley diz que o ex-deputado é alcoólatra, gay e que foi violentado sexualmente quando era criança. O conteúdo das mensagens trocadas com os estagiários, dizem seus advogados, era um “alerta para que os adolescentes evitassem esse tipo de abuso”.

Na entrevista que deu ao jornal da Flórida “Sarasota Herald Tribune”, Mercieca disse que em 1966, quando conheceu Foley na diocese de Lake Worth, na Flórida, estava deprimido por ter sido transferido do Brasil, onde morou no início da década de 1960.

Segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Mercieca estudou em Fortaleza e foi da Diocese de Cajazeiras (PB).

Antes de ser proibido de dar entrevistas, o religioso disse que “não houve relação sexual” entre ele e Foley, embora os dois tivessem nadado sem roupa em lagos e dormido despidos no mesmo quarto durante viagens de fim de semana. “Não houve estupro. Talvez leves apalpadas daqui ou dali.”

Segundo Mercieca, nadar despido era natural no Brasil, de onde viera. “Ninguém fica escandalizado. É parte da cultura deles, é natural. Ninguém dá importância a nadar sem roupa no parque.”

Somadas aos fracassos no Iraque, as repercussões do escândalo sexual têm abalado o Partido Republicano, às vésperas das eleições que vão renovar a Câmara e um terço do Senado -hoje o partido do presidente Bush tem maioria nas duas Casas. Jornais e TVs americanos têm associado a imagem do presidente à de Foley, com a publicação de fotos e exibição de vídeos dos dois juntos.

Fonte: Folha Online

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