A comunidade cristã no Zimbábue rejeitou a reeleição do presidente Robert Mugabe, por considerar a votação marcada pela violência e pela intimidação, mas apóia os esforços para formar um governo de unidade nacional, noticia a agência Ecclesia.

Em comunicado divulgado terça-feira, as igrejas afirmam que a disputa entre Mugabe e o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, foi marcada pela “pior violência desde a independência, em 1980”.

“Nós, igrejas do Zimbábue, apoiamos todos os esforços que resultem numa transição e, posteriormente, num governo de unidade nacional, para restabelecer a paz, a estabilidade e a reconciliação dentro da nação”, afirmam, citadas pela Ecclesia.

Mugabe, de 84 anos, que em junho passado renovou pela sexta vez consecutiva o seu mandato em eleições em que foi o único candidato, acusa o Movimento para a Mudança democrática (MDC, oposição) de conspirar com as autoridades de Londres para derrotar o seu governo.

O presidente zimbabueano foi derrotado na primeira volta das presidenciais realizadas a 29 de março pelo líder do MDC, Morgan Tsvangirai, que não conseguiu uma maioria direta.

Críticas

Segundo a Ecclesia, as igrejas cristãs denunciam que a população foi objeto das formas mais traumáticas de violência, que incluíram tortura, assassinato, seqüestros, deslocamentos e traumas psicológicos.

“Com base na realidade das condições que prevalecem no país, a nossa conclusão é que o desejo do povo de Zimbábue não encontrou uma expressão autêntica durante essas eleições”, afirma a nota, citada pela agência.

Apesar da comunidade internacional ter rejeitado como ilegítimo o resultado das eleições, Mugabe, no poder ininterruptamente desde a independência do Zimbábue em 1980, assumiu imediatamente o seu mandato e governa por decreto, uma vez que ainda não convocou o Parlamento.

A União Africana e a ONU pediram que Mugabe e a oposição zimbabuana iniciem um diálogo para o estabelecimento de um governo de unidade nacional que permita ao país sair da crise em que se encontra.

Fonte: Lusa

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