Pastores midiáticos: Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Silas Malafaia e R. R. Soares (Foto: montagem/Folha Gospel
Pastores midiáticos: Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Silas Malafaia e R. R. Soares (Foto: montagem/Folha Gospel

As igrejas evangélicas neopentecostais, que antes consideravam a TV aberta uma fonte valiosa de exposição, agora mostram uma mudança de perspectiva em relação a esse meio de comunicação. Das cinco principais denominações, somente a Igreja Universal do Reino de Deus mantém presença nas quatro maiores redes televisivas do país.

Mesmo em canais de menor alcance, como RedeTV!, TV Gazeta, CNT e Rede 21, os acordos financeiros com as grandes igrejas tornaram-se escassos. Atualmente, apenas aquelas em expansão, que buscam visibilidade, buscam parcerias financeiras. Um exemplo é a Igreja Unida Deus Proverá, fundada este ano, que adquiriu recentemente duas horas de programação matinal na Band para o programa Desperta Brasil, combinando pregação, notícias e fofocas de celebridades.

Em 2013, conforme levantamento do Ministério Público Federal (MPF), os evangélicos investiam cerca de R$ 1,3 bilhão em compra de horários televisivos. Essa quantia atualmente não ultrapassa os R$ 1 bilhão, representando uma queda de 24% nos investimentos. Contudo, esse valor é consideravelmente inflado, principalmente pelo montante investido pela Igreja Universal na exibição de programas na Record, a segunda emissora mais assistida do país, cujo proprietário é Edir Macedo.

De acordo com o balanço financeiro de 2022 da Record, a Igreja Universal destinou R$ 907 milhões à emissora, um aumento de 10% em relação aos R$ 822 milhões de 2021. Esse aporte financeiro ajudou a conter a crise financeira enfrentada pela Record, resultando em demissões neste ano. Há expectativas de uma redução nos investimentos da Igreja em 2023, após cortes de gastos.

Fora da Record, houve renegociação de contratos em outras emissoras. Com a RedeTV!, a IURD conseguiu uma redução de valores sem diminuição do espaço, enquanto na TV Gazeta de São Paulo, aceitou ajustar o valor para R$ 15 milhões em troca de quatro horas no horário nobre. A Universal conseguiu reduzir valores em cerca de 90% dos contratos que mantém com veículos no Brasil, seja em TV ou rádio, ou obteve um aumento de programação pelo mesmo montante pago.

Procurada pelo F5, da Folha de S. Paulo, a Universal e seus representantes preferiram não comentar detalhes contratuais com as TVs. Fora da Universal, as outras igrejas praticam valores bem mais baixos. Adotaram novos critérios para compra de horários, exigindo cobertura mínima em grandes capitais, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, e um investimento constante na expansão pelo país.

Quem não possui pelo menos 60% de penetração nas televisões do país é excluído. É o caso da Rede NGT, que, mesmo presente nas maiores capitais, deixou de atrair grandes redes e passou a vender para igrejas de bairros. A Igreja Internacional da Graça de Deus, de R.R. Soares; a Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro Santiago; e a Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, de Silas Malafaia, optaram por migrar suas operações para a internet.

R.R. Soares mantém contratos apenas com a RedeTV!, desembolsando R$ 2,5 milhões para ocupar parte da manhã e uma hora no horário nobre. Malafaia abandonou de vez a TV, com seu programa Vitória em Cristo, que era apresentado desde os anos 1990, saindo do ar. A Mundial ainda mantém contratos com TVs menores e a Rede Mundial, um canal aberto exclusivo com concessões em várias capitais, focando, no entanto, seus esforços na internet. Ex-executivo da Record e RedeTV!, Denis Munhoz, representante da Igreja Mundial nos Estados Unidos, destaca que é mais vantajoso investir na internet em vez de pagar milhões por horários na TV, citando a mudança de cenário nos últimos cinco anos.

“As coisas mudaram drasticamente. As igrejas notaram que o valor pago era muito elevado. Com a internet, deu uma nova estrada. Ainda não é o mesmo alcance da TV aberta, mas com a internet dá para tocar. E os custos de manutenção da internet são bem mais baixos. O Valdemiro Santiago já tem mais de 300 mil seguidores em um canal no YouTube. Dez anos atrás, para atingir isso, você pagava uma fortuna”, conclui Munhoz.

Fonte: Folha de S. Paulo

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