Desde do dia 1º de setembro, a Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, em Jundiaí, fecha as portas às 16h30, por motivo de segurança. Segundo informações de uma das irmãs da igreja, fora dos horários determinados, as portas são abertas apenas para as missas.

“Infelizmente, recentemente, tivemos dois microfones roubados e muitas pessoas entram na igreja para pedir esmola. Não podemos atender todo mundo.”

Um cartaz anuncia os novos horários da igreja: de segunda a quinta-feira, das 7 às 16h30, aos sábados das 7 às 18h30 e aos domingos das 8 às 11 e das 14 às 16h30.

Ela diz que, devido à Casa Santa Marta ficar ao lado, muitos moradores de rua, usuários de drogas e pedintes invadem a igreja para abordar os fiéis. “Já chegaram até a nos ameaçar, porque não tínhamos dinheiro para dar. Somos em apenas sete irmãs e não temos como nos proteger. Não sabemos se as pessoas que entram na igreja são as mesmas que se alimentam na Casa Santa Marta, mas decidimos fechar mais cedo por segurança”, diz a irmã.

O zelador da igreja, José Comitre, diz que fica na paróquia das 6h10 até as 16h30. “Fico ajudando as irmãs com tarefas do dia-a-dia e também a vigiar a igreja.”

Comitre informa que falta segurança na região. “Trabalhei mais de oito anos na Casa Santa Marta, sei que lá tem gente de todo o tipo. Eles precisam saber que na igreja não é lugar de pedir dinheiro e as irmãs devem ser respeitadas.”

A irmã conta um episódio que ocorreu dentro da igreja. “Uma vez um homem entrou correndo na igreja sendo perseguido por outro que queria pegar seu cigarro de maconha. Eles correram entre os bancos e assustaram quem estava rezando. Tivemos que chamar a polícia para acabar com a bagunça. Foi terrível.”

Ela afirma que as irmãs querem contratar um segurança permanente. “Precisamos de alguém que nos dê proteção.”

Nos horários em que as refeições são servidas na Casa Santa Marta, várias pessoas ficam sentadas na escada da igreja. A coordenadora da Casa, Ana Maria Giraldi Bartolomeu, diz que as irmãs nunca reclamaram da movimentação. “Antes eram elas que davam o café da manhã. Como o número de carentes aumentou muito, o bispo decidiu servi-los aqui na casa. Estamos nesse local desde 1998.”

Ana informa que são servidos café da manhã e almoço, para cerca de 100 pessoas por dia. “Eles esperam o horário da refeição e depois que comem vão embora. Realmente alguns ficam na escada, mas não atrapalham ninguém”, afirma a coordenadora.

Uma senhora que freqüenta a igreja todos os dias (que não quis se identificar), conta que ir à igreja está cada vez mais perigoso. “Gostei da atitude das irmãs de fechar mais cedo. Se for para proteção de todos é melhor. Muitas bandidos circulam pela região da rodoviária e não respeitam as pessoas. Eles entram na igreja e avançam para pedir dinheiro. É um desrespeito”, comenta.

“A maioria das pessoas que vêm à igreja é formada por senhoras. Mesmo assim não deixamos de vir e orar. Tenho medo, mas Deus é grande”, diz outra senhora, que também não quis se identificar.

“Os policiais da Guarda Municipal ficam na Casa Santa Marta nos horários que servem a comida, mas eles não conseguem vigiar também a igreja. Me sinto desprotegida”, afirma uma senhora do grupo de oração da igreja.

Segundo informações da Guarda Municipal de Jundiaí, a segurança é feita todos os dias nos horários de refeições da Casa. A GM sabe que os carentes aproveitam para pedir dinheiro na igreja, mas nenhuma ocorrência de violência foi registrada. Apenas brigas entre os freqüentadores.

Fonte: Jornal de Jundiaí

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