O juiz da 1ª Vara Criminal de São Paulo, Paulo Rossi, decretou nesta quarta-feira (10/1) a prisão preventiva dos fundadores da Igreja Renascer, os bispos Estevam Hernandes Filho e Sônia Haddad Moraes Hernandes.

O casal foi preso ontem nos Estados Unidos pelo FBI, na alfândega do Aeroporto de Miami, com US$ 56 mil em espécie. Com o argumento de que o fato pode configurar lavagem de dinheiro, os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, entraram com o pedido de prisão. Durante a noite, o casal pagou a fiança —US$ 50 mil cada— e foi liberado pela polícia americana.

O advogado do casal, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse em entrevista coletiva que irá recorrer da decisão.

O casal responde a processos por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato, e teve a prisão decretada em novembro. Os bispos foram considerados foragidos até que, dias depois, conseguiu liminar no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para responderem em liberdade. A ação corre em segredo de justiça.

O advogado de defesa do casal, Luiz Flávio Borges D´Urso, deve se manifestar sobre o caso ainda nesta quarta-feira. A coletiva de imprensa está marcada para as 18h30 na sede da seccional paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

A Justiça de São Paulo deve pedir a extradição dos fundadores da Renascer, para que a prisão possa ser efetuada. Isso porque eles não podem deixar os Estados Unidos até que o processo a que respondem no país seja encerrado.

Denúncia

De acordo com a denúncia apresentada pelo promotor Marcelo Mendroni, os acusados Estevam Hernandes Filho e a mulher arrecadaram “altíssimos valores” com a igreja, “às custas, principalmente, de ludibriar fiéis e de deixar de honrar incontáveis compromissos financeiros, tornando-os habitualidade, com evidências de características criminosas”. O MP chegou a pedir a prisão dos denunciados na ocasião, mas o juiz decidiu só determinar o bloqueio dos bens.

“Eles criaram um produto que é a fé. E vendem essa fé em moldes de organização criminosa”, afirma Mendroni. Segundo o promotor, os denunciados ainda aplicam golpes na praça e respondem a uma série de ações por falta de cumprimento com seus deveres legais, como ações de despejo. “Contraem dívidas que não podem e nem querem pagar. Prometem atividades filantrópicas que não são cumpridas. São estelionatários contumazes”, completou.

Além dos fundadores, também foram denunciados Leonardo Abbud, Antonio Carlos Ayres Abbud e Ricardo Abbud, acusados de emprestarem seus nomes como “testas-de-ferro” para a simulação de propriedade de algumas das empresas pela igreja. A denúncia também cita confecções, editoras e empresas de comunicação como parte do esquema.

O casal ainda foi alvo de uma segunda denúncia por falsidade ideológica, porque teriam montado uma igreja “laranja” chamada Internacional Renovação Evangélica com o objetivo de “proteger a Renascer de processos de cobrança, cíveis ou trabalhistas”.

Fonte: Última Instância

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