O arcebispo e líder espiritual dos anglicanos no mundo, Rowan Williams, expressou seu apoio à consagração de bispos gays na Igreja da Inglaterra.

O arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, líder espiritual dos anglicanos em todo o mundo, está sob intensas críticas públicas após ter admitido numa entrevista ao jornal The Times que bispos homossexuais não serão um problema, desde que não tenham relações sexuais. Esta questão poderá abrir novas divisões no interior da comunidade anglicana, de 70 milhões de pessoas, e dificultar o diálogo ecumênico com Roma.

Na semana passada, o arcebispo Rowan Williams recebeu o Papa Bento XVI em Londres, em mais um passo na aproximação entre católicos e anglicanos.

Na polêmica entrevista, o arcebispo sofre uma barragem de perguntas incômodas sobre a sexualidade. Embora tente evitar as questões, entra progressivamente em terrenos de controvérsia. Questionado sobre um texto seu em que considera não haver problema no sexo de casais homossexuais, o líder dos anglicanos responde com uma evasiva.

Sobre os bispos homossexuais, admite não haver problema, desde que não haja sexo. A pergunta seguinte refere-se a um bispo homossexual [Jeffrey John] celibatário, e Rowan Williams tem grande dificuldade em explicar a forma como recusou apoiar este religioso em 2003, quando John foi forçado a não aceitar uma nomeação. A pergunta final é a mais dramática. O jornalista pergunta se o arcebispo espera que a Igreja Anglicana tenha no futuro bispos homossexuais com parceiros. Williams responde apenas: “passo”.

Williams disse que, desde sua nomeação como arcebispo de Canterbury, em 2002, sabia que o assunto da homossexualidade na Igreja constituía “uma ferida em todo o Ministério”.

“Não há nenhum problema em uma pessoa gay se tornar bispo. Tradicionalmente, historicamente, há standards que os clérigos devem observar. Portanto sempre aparece a pergunta sobre a vida pessoal do clérigo”, disse.

Recentemente, a propósito do escândalo de pedofilia, o arcebispo de Cantuária tinha feito afirmações polêmicas sobre a igreja católica irlandesa, acabando depois por suavizar as declarações.

No recente encontro com o Papa Bento XVI, o diálogo entre os dois líderes da igreja correu de forma considerada pelos observadores como cordial. O arcebispo lembrou que as duas igrejas não procuram “controlo político ou o domínio da fé cristã na esfera pública; mas a oportunidade para testemunhar, para argumentar, por vezes para protestar, por vezes para afirmar, para participarmos nos debates públicos das nossas sociedades”.

A igreja de Inglaterra viveu nos últimos anos um conflito interno em torno do celibato dos religiosos, ordenação de mulheres e homossexualidade. E as divisões têm aumentado.

[b]Fonte: Terra e DN Globo/Portugal
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