Mais da metade dos brasileiros freqüentam serviços religiosos como missas e cultos no mínimo uma vez ao mês e 11% têm mais de uma religião, revela pesquisa feita pelas universidades federais de São Paulo (Unifesp) e de Juiz de Fora (UFJF).

O estudo confirma que 83% da população considera “muito importante” a religião e apenas 6% é indiferente ou acha que não tem importância.

A pesquisa foi feita com 3.007 pessoas de todo o País e, segundo os coordenadores, segue método de representatividade da população adotado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os consultados, 37% declararam que vão a serviços religiosos uma vez por semana ou mais e 18%, uma ou duas vezes ao mês.

“O brasileiro normalmente se declara religioso, mas nunca tinha ficado claro que a freqüência em cultos é tão significativa”, diz Ronaldo Laranjeira, professor de psiquiatria da Unifesp e um dos autores do estudo. Embora o sincretismo também seja conhecido, a pesquisa quantificou que 11% da população têm mais de uma crença. Na segunda opção, citaram umbandista, espírita, evangélico e católico.

Para o diretor da Faculdade de Filosofia e Ciência da Religião da Universidade Metodista, Antonio Carlos de Melo Magalhães, as religiões no Brasil não foram só importadas. “Foram construídas religiosidades muito próprias”, o que justifica em parte a duplicidade. Ele acredita que esse porcentual seja ainda maior. “Somos promíscuos na religião.”

Não se pode medir a religiosidade pela presença em cultos, mas o número de pessoas que afirmam participar é significativo, avalia o secretário-adjunto do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic), Gabriele Cipriani.

A pesquisa confirmou dados revelados em outros estudos de que o número de católicos diminui no Brasil, enquanto o de evangélicos cresce. Entre os entrevistados, 68% se declararam católicos, porcentual que em 1991 era de 83,8% e em 2000, de 73,8%, segundo o IBGE. Os evangélicos eram 9% da população em 1991, passaram para 15,4% em 2000 e na pesquisa da Unifesp/UFJF são 24%, incluindo 2% que se declararam protestantes.

Afirmaram ser espíritas 2% dos consultados. Apenas 1% disseram seguir a umbanda, o candomblé e outras, e 5% não têm religião. “A procura pela igreja no País é natural porque muitos vão em busca de conforto e abrigo para se proteger do temporal feroz aí fora”, diz Paulo Leite, presidente da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

Números

37% dos entrevistados disseram que freqüentam serviços religiosos ao menos uma vez por semana

18% vão a missas ou cultos uma ou duas vezes por mês

68% das pessoas ouvidas se declararam
católicas – em 1991, esse índice chegava a 83,8%

24% dos entrevistados disseram ser evangélicos, incluindo os 2% que se declararam protestantes

Fonte: Estadão

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