Protestos ocorreram este domingo em várias igrejas católicas na Polônia, no quarto dia de uma revolta contra uma proibição quase total da interrupção voluntária da gravidez (IVG) neste país da União Europeia.

Manifestantes gritaram “Já chega” e “Bárbaros” no interior de uma igreja da cidade de Poznan (oeste da Polônia), segundo um vídeo divulgado nas redes sociais, uma cena que se repetiu em todo o país, profundamente católico.

Os manifestantes reagiam à decisão de quinta-feira do Tribunal Constitucional polaco de proibir a IVG em caso de malformação do feto, por considerar que é “incompatível” com a Constituição.

O acórdão, desejado pelo partido nacionalista e católico no poder, Lei e Justiça (PiS), restringe o direito ao aborto nos casos de risco de morte para a mulher e gravidez resultante de violação ou incesto.

No exterior de uma conhecida igreja no centro de Varsóvia ocorreu uma conflito entre manifestantes, com cartazes que diziam “Desapareçam” e “Gostaria de abortar do meu governo”, a polícia e defensores da proibição do aborto.

Jornais também divulgaram fotografias de pichações nas paredes de igrejas em várias cidades, onde se lia “O inferno das mulheres”, o principal slogan dos manifestantes.

Milhares de pessoas, maioritariamente mulheres, voltaram a concentrar-se este domingo nas cidades de Gdansk, Cracóvia, Lodz e Rzeszow, assim como em dezenas de outras localidades tradicionalmente mais conservadoras em toda a Polônia, num desafio às medidas de distanciamento decretadas para combater a propagação do novo coronavírus.

O principal argumento dos que se opõem ao acórdão do tribunal é que a proibição põe em risco a vida das mulheres ao forçá-las a levar gestações inviáveis até o fim. Os defensores dizem que ela evitará o aborto de fetos com a síndrome de Down.

A Polônia tem mais de 90% da população católica e é um dos países mais religiosos da Europa. O governo é comandado pelo PiS, partido nacionalista de viés conservador que recebe críticas de setores mais liberais da União Europeia.

Com a nova restrição, o aborto na Polônia só é permitido em casos de estupro, incesto e se a gravidez ameaça a vida ou a saúde da mãe.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2019 foram realizados na Polônia (com quase 38 milhões de habitantes) 1110 abortos legais, dos quais a maioria (1.077, ou seja, 96%) devido a malformação do feto.

Fonte: Jornal de Notícia – Portugal

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