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INSS: Investigados enviaram altos valores para igreja evangélica em SP

Igreja Sete Church (Foto: Reprodução/Instagram)
Igreja Sete Church (Foto: Reprodução/Instagram)

Documentos enviados à CPMI do INSS mostram que o empresário Américo Monte Júnior, um dos investigados no esquema que ficou conhecido como “Farra do INSS”, realizou ao menos um Pix de R$ 124 mil para a Igreja Sete Church, localizada em Barueri (SP). Ele integra o grupo apelidado de “jovens ricaços”, suspeitos de lucrar com descontos indevidos aplicados a aposentados em todo o país.

A Sete Church também era frequentada por Felipe Macedo Gomes, sócio de Américo e apontado como um dos líderes do grupo. Assim como o parceiro de negócios, Felipe realizou doações volumosas à igreja e é proprietário da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB) — empresa investigada por participar do esquema.

Américo Monte Júnior é filho de Américo Monte, conhecido no setor como o “decano” dos jovens milionários ligados aos correspondentes bancários. Segundo a investigação, ele teve papel central no esquema, envolvendo diversos membros da própria família — filho, pai, tio e filha — como representantes das entidades questionadas.

Além da ABCB, o grupo comandava outras associações usadas no suposto esquema, entre elas Master Prev, ANDAPP e AASAP. Juntas, as entidades teriam movimentado R$ 700 milhões em cobranças de mensalidades fraudulentas de beneficiários do INSS.

O relatório de inteligência financeira (RIF) obtido pela CPMI também reforça suspeitas levantadas em outubro, quando veio à tona que Felipe Macedo Gomes teria pedido de volta uma BMW e um relógio Rolex doados anteriormente ao pastor da igreja.

Outro nome citado é o de Anderson Cordeiro de Vasconcelos, empresário ligado às mesmas entidades de fachada. Ele aparece como responsável por uma transferência de R$ 200 mil à Sete Church. Uma empresa registrada em seu nome, a ALDC Serviços LTDA, também repassou R$ 370.388 em duas operações realizadas em maio do ano passado.

A Igreja Sete Church ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.

Fonte: Metrópoles

Pregador de rua cristão é absolvido da acusação de ‘islamofobia’

Shaun O'Sullivan (à direita) e seu advogado de defesa, Michael Phillips (à esquerda) | Cortesia da Christian Concern
Shaun O'Sullivan (à direita) e seu advogado de defesa, Michael Phillips (à esquerda) | Cortesia da Christian Concern

Um pregador de rua cristão no Reino Unido, acusado de fazer comentários antimuçulmanos durante um sermão no centro da cidade, foi considerado inocente. Um júri do Tribunal da Coroa de Swindon, no sudoeste da Inglaterra, proferiu o veredicto após um julgamento de seis dias.

Shaun O’Sullivan, de 36 anos, foi acusado de assédio intencional com agravante religiosa após supostamente gritar “Nós amamos os judeus”, “Odiadores de judeus” e “Amantes da Palestina” para um grupo de muçulmanos em Swindon, em 15 de setembro de 2024, de acordo com o grupo Christian Concern, com sede no Reino Unido.

A família envolvida disse que se sentiu alvo de discriminação por usar hijab.

O incidente foi inicialmente registrado como um crime de ódio após uma ligação para o serviço de emergência 999 feita por uma das vítimas, que disse ao atendente: “Nós nos sentimos muito inseguros… nos chamaram de antissemitas, amantes da Palestina”, alegou o grupo, de acordo com um comunicado fornecido ao The Christian Post.

O operador então respondeu: “Não, vou registrar uma denúncia de discurso de ódio”, sem apresentar qualquer prova que corroborasse sua alegação.

O’Sullivan, que foi representado por advogados do Christian Legal Centre, o braço jurídico da Christian Concern, negou as acusações.

A acusação baseou-se em grande parte nos depoimentos das testemunhas da família muçulmana. Não havia provas em áudio ou vídeo das supostas declarações, e as imagens do circuito fechado de TV mostraram apenas uma breve interação entre o pregador e a família, que foi em grande parte obscurecida por esculturas próximas.

Os depoimentos das testemunhas continham inconsistências, com detalhes contraditórios sobre o uso de microfone e discrepâncias nas descrições das roupas de O’Sullivan.

Durante o interrogatório conduzido pelo advogado de defesa Michael Phillips, a queixosa admitiu não ter ouvido a mensagem na íntegra e reconheceu que seu relato foi influenciado por suas opiniões sobre o conflito entre Israel e o Hamas em Gaza.

Ela também disse estar chateada por O’Sullivan ter “falado diretamente conosco”.

O julgamento ocorreu em meio a tensões elevadas devido à guerra entre Israel e Gaza, próximo ao aniversário dos ataques do Hamas de 7 de outubro. Swindon havia testemunhado frequentes marchas pró-Palestina nas últimas semanas.

A defesa argumentou que a pregação de O’Sullivan era uma mensagem religiosa e política geral, protegida pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que abrange as liberdades de expressão, religião e reunião nos termos dos artigos 9, 10 e 11. As declarações de O’Sullivan foram apresentadas em tribunal como expressões de crença, e não como abuso direcionado.

A história pessoal de O’Sullivan também veio à tona durante o processo. Outrora envolvido com crimes violentos, ele passou por uma conversão religiosa que o levou ao cristianismo. Desde então, dedica-se à pregação pública, frequentemente discursando em centros urbanos e ruas.

O júri também ouviu o depoimento do especialista Martin Parsons, um teólogo que apresentou um relatório descrevendo a pregação de rua como uma prática histórica e constitucionalmente protegida no Reino Unido. Ele alertou que processar esse tipo de discurso poderia corroer a liberdade religiosa e afirmou que os comentários atribuídos a O’Sullivan poderiam ser vistos como religiosos, e não hostis.

Em seu relatório, Parsons apontou para conteúdos nas escrituras islâmicas que, segundo ele, poderiam ser interpretados como antissemitas, incluindo referências no Alcorão e incidentes históricos da vida de Maomé.

Após o veredicto, O’Sullivan disse: “Eu estava perdido, mas Cristo mudou tudo. Meu desejo é compartilhar as Boas Novas e amar a todos. Nunca tive a intenção de causar mal. Este caso mostra como é vital proteger a liberdade de expressão e a liberdade cristã.”

O julgamento, realizado às custas do contribuinte, teve um custo estimado de £20.000 (US$26.000).

Andrea Williams, diretora executiva do Centro Jurídico Cristão, afirmou que o caso se baseava unicamente em percepções e carecia de provas substanciais.

“O caso de Shaun destaca os perigos de se policiar ‘incidentes de ódio’ com base apenas em percepções. Devemos garantir que um debate público robusto, especialmente em questões de fé cristã, não seja silenciado.”

Williams afirmou que a decisão de registrar uma queixa de crime de ódio com base em apenas uma ligação telefônica exemplifica o abuso de poder por parte da polícia e contribui para um “efeito inibidor” sobre a liberdade de expressão. Ela disse que O’Sullivan e outros pregadores devem poder se manifestar publicamente sem medo de serem processados.

O caso segue uma disputa legal semelhante envolvendo O’Sullivan em 2023.

Ele e o também pregador John Dunn foram presos em Glastonbury por pregarem contra a homossexualidade e o transgenerismo, sendo acusados ​​de assédio e comportamento antissocial.

O caso foi arquivado quando o Ministério Público da Coroa se retirou, alegando insuficiência de provas.

O’Sullivan e Dunn foram acusados ​​de violar a Seção 35 da Lei de Comportamento Antissocial, Crime e Policiamento de 2014 enquanto pregavam em frente a uma loja que promovia produtos LGBT. Sua defesa citou as mesmas proteções de direitos humanos, e o juiz ordenou que o estado arcasse com seus custos legais.

Após essa decisão, O’Sullivan criticou o que descreveu como um duplo padrão na aplicação da lei.

A dupla também alegou que o comportamento da polícia durante a prisão, incluindo os cordões com as cores do arco-íris, demonstrou preconceito contra a sua mensagem.

Folha Gospel com informações de The Christian Post

Novas ameaças de morte aos cristãos são divulgadas na Síria

Igreja na Síria (Foto representativa: Portas Abertas)
Igreja na Síria (Foto representativa: Portas Abertas)

Ameaças contra os cristãos continuam sendo escritas em muros na Síria. O caso mais recente aconteceu no dia 16 de novembro de 2025 em Izraa, que fica a cerca de 80 quilômetros de Damasco.

A mensagem, escrita em um local de grande circulação de cristãos, era parecida com as ameaças recentes que vêm sendo encontradas em muros na região, dizendo: “Não há outro deus além de Alá. Nós vamos manchar seus dias com sangue, seguidores da cruz e Tawaghit (um termo usado para adoradores de outros deuses). O califado islâmico permanecerá”.

Outra mensagem escrita nas portas de uma loja dizia: “O terrorismo aterrorizará vocês”. Esses atos de vandalismo seguem uma tendência de ameaças a cristãos na Síria que começaram no final de 2024, junto com a queda do regime e o início do novo governo.

No dia 22 de junho de 2025, uma das ameaças foi concretizada quando um homem-bomba se explodiu dentro de uma igreja em Damasco durante um culto. No total, 25 pessoas morreram, incluindo o terrorista. A cada nova ameaça, o medo cresce entre os cristãos sírios, que precisam de orações.

Fonte: Portas Abertas

Família cristã é alvo de perseguição na Nicarágua

Bandeira da Nicarágua (Foto: canva)
Bandeira da Nicarágua (Foto: canva)

A vida das irmãs Alaia*, de 13 anos, e Manuela*, de nove, era uma rotina comum de brincadeiras com primos, visitas aos avós e atividades na igreja. Tudo mudou após um telefonema que obrigou a família a deixar a casa e se despedir do pai, um pastor que se tornou alvo da perseguição do governo da Nicarágua. “Meu pai e eu andamos um pouco pela estrada, depois me despedi e vim embora com meu avô. Depois disso, não nos falamos mais”, relata Manuela.

Inicialmente, a família acreditou que o pai estava apenas ocupado com o trabalho. Contudo, a mãe revelou que ele e outros pastores haviam sido presos, pois o governo considerava o trabalho de evangelismo como uma clara ameaça.

Durante os nove meses de prisão, a família ficou sem notícias do pastor. A mãe tentava diariamente, sem sucesso, visitá-lo. Para as filhas, ela se esforçava para manter a normalidade, incentivando-as a orar, ir à escola e à igreja. “Minha mãe tentava nos acalmar dizendo que meu pai estava nas mãos de Deus. Ela nos lembrava que ele era um homem íntegro e que Deus não o abandonaria”, relembra Manuela.

Alaia também internalizou os ensinamentos de seus pais sobre a fé em tempos de dificuldade: “Com meu pai, já tínhamos aprendido que coisas assim podiam acontecer conosco porque seguimos a Jesus. Mas minha mãe também nos ensinou que, não importa o que aconteça, nunca devemos negá-lo”.

A notícia da libertação do pastor trouxe alívio, mas a alegria foi breve, pois ele foi forçado a deixar a Nicarágua imediatamente. Dias depois, em uma videochamada, a família ficou em choque ao ver o pastor com 50 quilos a menos. Oraram e choraram, agradecidos por ele estar vivo.

A fuga repentina

O drama se intensificou quando a mãe e as filhas também precisaram fugir. O pastor ligou para a esposa com um alerta urgente: “Eles estão observando você. Vão prendê-la para me silenciar. Você precisa sair do país agora!”.

Naquela mesma noite, as três pegaram apenas algumas roupas e deixaram para trás a casa, a família, a escola, os amigos e a igreja. Na fronteira, apesar do medo, conseguiram passar sem serem questionadas. O reencontro com o pai no novo país foi profundamente emocionante. “Eu o abracei com muita força e disse o quanto sentia sua falta”, conta Manuela.

No entanto, o alívio de estarem juntos se misturou com a dor da perda. “Foi lindo, mas também muito difícil. Estávamos juntos novamente, mas não em casa”, conclui Alaia.

A resiliência das meninas tem raízes nos treinamentos de preparação para a perseguição que seus pais participaram antes da prisão e que compartilhavam com as filhas. Alaia reflete sobre a lição aprendida: “Aprendi que a perseguição nos ensina a não nos apegarmos às coisas terrenas. Um dia, morreremos e não levaremos nada conosco. Então, a melhor coisa que podemos fazer é viver – e até morrer – por Cristo”.

*Nomes alterados por segurança.

Fonte: Portas Abertas

Kaká afirma que sua fé mais profunda surgiu durante os reveses da carreira, não nas vitórias

Ex-jogador de futebol, Kaká, compartilhando seu testemunho em uma igreja. (Foto: Captura de tela do YouTube)
Ex-jogador de futebol, Kaká, compartilhando seu testemunho em uma igreja. (Foto: Captura de tela do YouTube)

O ex-jogador de futebol brasileiro Kaká disse a uma assembleia religiosa em São Paulo que as temporadas mais difíceis de sua carreira — e não seu sucesso mundial — foram o que, em última análise, aprofundaram sua fé cristã e moldaram sua identidade em Cristo.

Em um evento para homens na Igreja Família de Sorocaba, no dia 14 de novembro, o melhor jogador do mundo pela FIFA em 2007 refletiu sobre como a incerteza, as lesões e o escrutínio da mídia o levaram a confiar mais plenamente em Deus. O evento atraiu uma grande multidão, incluindo famílias sentadas nos corredores devido ao espaço limitado, apesar de não ter cobertura da imprensa ou da televisão.

Kaká, que foi criado em um lar cristão, disse que a percepção de que era um “filho de Deus” não surgiu durante o auge de sua carreira, mas em momentos de vulnerabilidade. Aos 18 anos, sofreu uma grave fratura cervical que o afastou dos gramados por meses. Mais tarde, após ingressar no Real Madrid, passou pelo que descreveu como um dos períodos mais frustrantes e transformadores de sua carreira, devido à queda de rendimento e às altas expectativas.

Ele disse que foi “através da presença de Deus” que encontrou estabilidade. “Adquiri a firme convicção de que eu não era o melhor do mundo nem a pior contratação do Real Madrid — eu era um filho de Deus”, disse Kaká à plateia.

Ele acrescentou que a fé nunca foi um acessório em sua carreira, mas sim seu alicerce. “O objetivo não era me exaltar, mas o contrário. Tudo o que eu fazia era para a glória de Deus”, disse ele.

Kaká também descreveu a paz que experimentou em um momento em que temia que sua vida profissional estivesse desmoronando. Embora não soubesse o que o aguardava, disse que sentiu “uma paz que excede todo o entendimento”, o que o ajudou a reconhecer que sua identidade residia na presença de Deus, e não em troféus, gols ou aclamação pública.

Usando sua própria história, ele encorajou os homens cristãos a confiarem na bondade de Deus e a lembrarem que o trabalho e o sucesso podem fluir de quem eles são, mas nunca devem definir seu valor.

Durante a mensagem, Kaká mencionou brevemente seus estudos teológicos, que concluiu de forma particular. Ele esclareceu que não se considera pastor e que, desde que deixou a Igreja Renascer em Cristo, não divulga publicamente a qual igreja frequenta atualmente. Contudo, continua aceitando convites para compartilhar seu testemunho em diversas congregações.

No contexto mais amplo da América Latina — onde muitos cristãos enfrentam pressões sociais, econômicas e culturais — Kaká afirmou que sua trajetória ressalta a importância de fundamentar a identidade pessoal na fé, em vez de em realizações profissionais.

O testemunho completo de Kaká está disponível aqui:

Folha Gospel com informações de Christian Daily

Mais de 300 meninas sequestradas em escola cristã na Nigéria

Crianças enfrentam perseguição e sequestros na Nigéria (Foto representativa: Portas Abertas)
Crianças enfrentam perseguição e sequestros na Nigéria (Foto representativa: Portas Abertas)

Na última sexta-feira (21), mais de 300 alunas e 12 professores foram levados da escola cristã St. Mary, no estado de Níger, Noroeste da Nigéria. O incidente ocorreu nas primeiras horas da manhã de sexta-feira e faz parte de uma onda de sequestros no país.

Segundo o líder cristão Bulus Dauwa Yohanna, presidente da CAN no estado de Níger e proprietário da escola, 50 meninas, com idades entre 10 e 18 anos, conseguiram escapar entre sexta e sábado. Ainda permanecem em cativeiro 253 crianças sequestradas, assim como os 12 membros da equipe.

O presidente da Nigéria, Bola Tinubu, ordenou a contratação de mais 30 mil policiais após reunião com chefes de segurança no domingo. Ele também determinou a retirada de policiais de serviços especiais de proteção VIP para que se concentrem em funções essenciais, especialmente em áreas remotas propensas a ataques.

O maior sequestro escolar da Nigéria

O governo nigeriano ordenou o fechamento de quase 50 colégios federais, assim como as escolas públicas, totalizando mais de dez mil escolas fechadas no Norte da Nigéria. Esse é o maior sequestro escolar até hoje na Nigéria. Fontes locais e parceiros da Portas Abertas afirmam que as pessoas foram alertadas para não viajar em grupos, pois isso as torna mais vulneráveis a sequestros, que devem aumentar nas próximas semanas.

O ex-ministro da Informação, Jerry Gana, também acredita que grupos armados responsáveis pela última onda de sequestros escolares no Norte podem estar usando crianças como “escudos humanos” após ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele afirmou que a escalada repentina nos sequestros escolares em todo o país pode estar ligada ao medo entre os bandidos de que sejam alvo de potências estrangeiras, informou o jornal local Punch.

A insegurança atual condena milhões de crianças ao analfabetismo, casamento precoce e pobreza (EDUGIST, reportagem de 4 de fevereiro de 2024). Segundo especialistas da Portas Abertas, isso facilita o recrutamento para militância islâmica, levando a um ciclo crescente de violência e opressão.

“Estamos profundamente entristecidos por esses últimos sequestros no Norte da Nigéria. Isso nos remete imediatamente ao sequestro das meninas de Chibok, do qual muitas jovens ainda estão em cativeiro. Pedimos ao governo nigeriano que faça tudo ao seu alcance para devolver estudantes e professores às suas famílias e garantir que as escolas sejam protegidas contra tais ataques. Fechar escolas é uma solução de curto prazo, todas as crianças devem ser livres e seguras para frequentar a escola e receber educação”, afirma Jo Newhouse (pseudônimo), porta-voz da Portas Abertas na África Subsaariana.

Fonte: Portas Abertas

Suprema Corte do Reino Unido declara ilegal o ensino religioso na Irlanda do Norte

Sala de aula com crucifixo (Foto: Reprodução)
Sala de aula com crucifixo (Foto: Reprodução)

A Suprema Corte do Reino Unido decidiu que a abordagem atual ao ensino religioso e ao culto coletivo nas escolas da Irlanda do Norte viola os direitos humanos e é ilegal.

O tribunal chegou à sua decisão com base na opinião de que o currículo atual não aborda o assunto de maneira “objetiva, crítica e pluralista”.

A sentença foi proferida na quarta-feira, 19, depois que um pai e uma filha – que não podem ser identificados por razões legais – contestaram a forma como o Ensino Religioso está sendo ministrado nas escolas da Irlanda do Norte.

A família ficou preocupada depois que a menina, identificada apenas como JR87 nos autos do processo, começou a orar antes das refeições em casa. Quando questionada pelos pais, que não eram religiosos, ela contou que havia aprendido a fazer isso na escola primária, que frequentou dos quatro aos sete anos de idade. Os pais, então, entraram em contato com a escola porque não queriam que a filha aprendesse que o cristianismo era uma verdade absoluta. A escola respondeu que estava seguindo o currículo básico de Ensino Religioso.

O pai e a filha ganharam inicialmente o processo no Tribunal Superior de Belfast, que decidiu em 2022 que a forma como o ensino religioso e o culto coletivo eram ministrados não atendia ao requisito de ser “objetiva, crítica e pluralista”.

Além disso, o tribunal constatou que os direitos de JR87 e de seu pai, identificado apenas como G, foram violados – especificamente o direito dos pais de terem seus filhos educados “em conformidade com suas próprias convicções religiosas e filosóficas”, conforme a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, e o Artigo 9 da convenção, que protege a liberdade de pensamento, consciência e religião.

A decisão de 2022 também concluiu que o direito de retratação não era uma solução suficiente para o problema, pois impunha um fardo aos pais e as crianças poderiam ser estigmatizadas.

O Departamento de Educação da Irlanda do Norte recorreu com sucesso da decisão do Tribunal Superior no ano passado, mas JR87 e seu pai recorreram ao Supremo Tribunal do Reino Unido, que agora anulou esse veredicto em favor da sentença de 2022 do Tribunal Superior de Belfast.

Em sua decisão, a Suprema Corte afirmou que a falha em ministrar o Ensino Religioso de forma “objetiva, crítica e pluralista” equivale a “doutrinação” – a corte explicou que usou a palavra “doutrinação” como “sinônimo de evangelização e proselitismo, desprovida de quaisquer conotações negativas”.

O tribunal também afirmou que o caso “não se tratava de laicidade no sistema educacional”.

“Ninguém está sugerindo que o ensino religioso não deva ser oferecido nas escolas da Irlanda do Norte”, diz a sentença.

“Pelo contrário, JR87 e G apoiam veementemente a oferta de educação religiosa, desde que não configure doutrinação.”

O texto prosseguia: “Em segundo lugar, este caso não se trata de saber se o cristianismo deve ser a principal ou primária religião que os alunos aprendem nas escolas da Irlanda do Norte.”

“Historicamente e na atualidade, o cristianismo é a religião mais importante na Irlanda do Norte. Está dentro da margem de avaliação do Departamento, ao planejar e definir o currículo, que a maior parte do ensino religioso se concentre no conhecimento do cristianismo.”

A deputada Carla Lockhart, do DUP, disse estar “desapontada” com a sentença, mas que seu partido “permaneceria firme”.

“Os ensinamentos e valores cristãos fazem parte da vida escolar na Irlanda do Norte há muito tempo, e continuaremos trabalhando para garantir que sejam protegidos”, disse ela.

O bispo católico de Derry, Donal McKeown, que também é presidente do Conselho de Escolas Católicas e ex-diretor de escola, disse à BBC que não ficou surpreso com a decisão e que estava “bastante otimista” quanto à possibilidade de revisão do currículo, que já tem quase 20 anos.

Ele tem algumas dúvidas, porém, sobre as implicações da decisão: “Haverá alguma diferença em termos de aplicação da legislação em escolas públicas e escolas privadas?”

Em outras palavras, pode uma escola católica reivindicar o direito de ensinar uma determinada teologia e esperar que os pais a aceitem?

Ele acrescentou: “Estou bastante aberto a ver aonde isso vai dar, mas acho que não gostaria que fosse interpretado como uma declaração de que a religião deveria ser proibida nas escolas.”

O Departamento de Educação da Irlanda do Norte afirma que o Ensino Religioso é “parte obrigatória do currículo da Irlanda do Norte” e deve ser ministrado nas escolas de acordo com o programa básico.

Esse currículo foi elaborado em 2007 pelas quatro principais igrejas da Irlanda do Norte: a Igreja Católica, a Igreja da Irlanda, a Igreja Presbiteriana e a Igreja Metodista. O currículo principal tem uma abordagem cristã e os pais “têm o direito de retirar seus filhos de parte ou de toda a Educação Religiosa ou dos cultos coletivos”.

Folha Gospel com informações de The Christian Today

Thalles Roberto causa polêmica ao cantar hino do Flamengo na Marcha para Jesus

Thalles Roberto com a camisa do Flamengo (Foto: Reprodução)
Thalles Roberto com a camisa do Flamengo (Foto: Reprodução)

O cantor gospel Thalles Roberto voltou a movimentar as redes sociais após sua participação na 29ª edição da Marcha para Jesus, realizada em Imperatriz–MA, no feriado da Consciência Negra (20).

Apesar da apresentação ter sido marcada por grande público e momentos de forte emoção, um episódio inesperado durante o show acabou se tornando o principal assunto da internet: o artista decidiu cantar o hino do Flamengo no meio da ministração.

O gesto pegou muitos fiéis de surpresa e provocou reações divididas. Parte do público demonstrou desconforto, entendendo que a inclusão de um hino de time de futebol destoava totalmente da proposta do evento, dedicado integralmente à adoração e evangelização.

Nas redes sociais, diversos internautas consideraram a atitude inadequada, lembrando que, em várias denominações, o futebol pode ser interpretado como uma forma de “idolatria” e, por isso, não deveria ocupar espaço em um momento consagrado exclusivamente a Deus.

Uma internauta chegou a citar 1 João 2:15-17 para justificar sua indignação:
“Não amem o mundo nem o que nele há… aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”

Por outro lado, muitos participantes encararam o momento com leveza. Para esse grupo, a atitude de Thalles foi apenas um instante descontraído que não interferiu na essência do evento. Alguns seguidores defenderam o cantor com veemência, afirmando que críticas excessivas apenas revelam falta de maturidade espiritual.

Um deles comentou:
“Acho tão chato esse policiamento. Se ele errou, o problema é dele com Deus. Continuo vendo o agir do Senhor na vida dele. Muita gente já foi curada e alcançada por meio das músicas de Thalles.”

A cena viralizou rapidamente e reacendeu discussões entre cristãos sobre limites, postura e discernimento em eventos religiosos — especialmente quando artistas trazem elementos seculares para dentro de programações focadas em louvor.

Enquanto uns enxergam exagero nas críticas, outros consideram o episódio um alerta sobre a necessidade de preservar o caráter espiritual da Marcha para Jesus.

Fonte: Fuxico Gospel

Comissão do Congresso dos EUA ouve apelos em meio à crescente violência na Nigéria

Congresso dos EUA (Foto: Reprodução)
Congresso dos EUA (Foto: Reprodução)

Com a administração dos EUA ameaçando tomar medidas militares e cortar a ajuda devido à violência contra cristãos na Nigéria, pesquisadores e defensores dos direitos humanos apresentaram, na quinta-feira (20 de novembro), a um painel do Congresso americano, suas perspectivas sobre possíveis caminhos a seguir em meio às crescentes tensões entre os dois países.

Com o debate cada vez mais acirrado sobre se os cristãos são alvos de extremistas islâmicos na Nigéria, a Subcomissão para a África do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes ouviu apelos principalmente por esforços bilaterais. Oge Onubogu, diretora e pesquisadora sênior do Programa África do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, alertou contra “ações reativas e de resultados rápidos que podem parecer benéficas para os nigerianos, mas que podem ter impactos negativos maiores e de longo alcance”.

“Se o governo Trump concretizar suas ameaças de ação militar unilateral na Nigéria, corre o risco de colocar em perigo os cristãos que afirma querer proteger”, disse Onubogu à subcomissão. “Isso poderia polarizar os nigerianos segundo divisões religiosas, minar os esforços locais para melhorar as relações inter-religiosas, exacerbar o extremismo e aumentar a insegurança no país. Mesmo que os EUA não realizem uma operação militar, suas ameaças já alimentaram os extremistas radicais no país.”

Desde que o governo dos EUA começou a emitir ameaças, extremistas islâmicos têm realizado uma série de ataques e sequestros em várias partes do país. A retórica americana também gerou comentários tóxicos entre os nigerianos, especialmente nas redes sociais, o que não contribui para a construção da unidade, afirmou Onubogu.

“Em vez de serem reativos, os EUA deveriam se concentrar em um engajamento proativo de longo prazo na Nigéria, que priorize o apoio institucional para abordar as causas profundas da instabilidade, em vez de apenas responder à crise”, disse ela.

Nina Shea, pesquisadora sênior e diretora do Centro para a Liberdade Religiosa do Instituto Hudson, afirmou que a designação da Nigéria como um País de Preocupação Particular (CPC, na sigla em inglês) pelos EUA, devido à tolerância a graves violações da liberdade religiosa, deve ser usada para pressionar o governo nigeriano a tomar medidas contra os agressores fulani, que cometem muito mais violência contra cristãos no Cinturão Médio da Nigéria do que contra os grupos extremistas islâmicos que o governo tenta controlar nas áreas do norte do país.

“Há várias ações que os EUA devem tomar imediatamente para acabar com a impunidade concedida às milícias Fulani que atacam cristãos”, disse Shea, dando prioridade máxima ao desarmamento das milícias de pastores Fulani. “Eles são uma força pouco sofisticada, mas não menos letal, porque estão armados com AK-47 e AK-49, enquanto seus alvos só têm armas improvisadas com canos para se defenderem.”

Os fuzis de assalto usados ​​pelos fulanis são rigorosamente regulamentados pela Lei de Armas de Fogo e Armas da Nigéria e são ilegais nas aldeias agrícolas cristãs visadas, disse ela.

“A lei, portanto, proíbe armas de fogo que se igualariam ao poder de fogo dos fuzis de assalto das milícias Fulani e deixa as comunidades cristãs pacíficas indefesas”, disse Shea. “O presidente [Bola] Tinubu deveria ordenar a remoção das armas pesadas dos Fulani, invadindo seus acampamentos na Fazenda Danjuma, em Taraba, e em outros locais, nesse processo. Ele deveria orientar as associações de criadores de gado a cooperarem nessa tarefa.”

Em segundo lugar, parte da ajuda externa dos EUA à Nigéria, de cerca de US$ 1 bilhão anualmente nos últimos anos, deveria ser destinada às áreas visadas pelos fulanis, para que os residentes predominantemente cristãos possam reconstruir suas vidas e se defender por meio de sistemas de alerta precoce, sistemas de comunicação, compartilhamento de informações e treinamento e equipamento de seguranças locais, entre outras medidas, disse Shea.

“As milícias Fulani não são o adversário formidável que o ISIS e a Al-Qaeda representam, e seus ataques poderiam ser prevenidos e combatidos”, disse ela.

A ajuda humanitária e as ações de caridade dos EUA para as vítimas dos ataques das milícias de pastores Fulani devem ser distribuídas por meio de organizações locais confiáveis, incluindo igrejas no terreno, que são um dos principais fornecedores de ajuda aos sobreviventes.

“Milhões de vítimas das milícias de pastores Fulani precisam de assistência humanitária para lidar com traumas físicos e psicológicos. Elas precisam de ajuda alimentar, pois foram expulsas de suas fazendas”, disse Shea.

Os EUA devem sancionar aqueles que auxiliam, instigam e concedem impunidade às milícias de pastores Fulani e a altos funcionários, inclusive no sistema de justiça criminal e nas forças armadas, afirmou ela.

“Os EUA devem coletar informações sobre as milícias de pastores Fulani e analisar possíveis sanções de visto e da Lei Magnitsky para aqueles que os auxiliam e acobertam e que não agem para impedir suas atrocidades”, disse Shea. “Os nomes dos senhores da guerra Fulani e seus apoiadores são conhecidos ou podem ser identificados. Alguns policiais, militares, funcionários da justiça e de outras áreas que não cumprem suas responsabilidades e negam justiça já foram identificados e também devem ser investigados para possíveis sanções de visto e da Lei Magnitsky dos EUA.”

O Observatório da Liberdade Religiosa na África (ORFA, sigla em inglês) documentou que os pastores fulani matam mais civis do que o Boko Haram ou o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP) – quase 15.000 entre outubro de 2019 e setembro de 2023, em comparação com pouco mais de 3.000 mortos pelo Boko Haram e pelo ISWAP – e Shea afirmou que a designação de um CPC abre a possibilidade de um acordo bilateral vinculativo para impedir violações tão graves da liberdade religiosa.

“Acabar com os ataques e atrocidades das milícias de pastores Fulani seria relativamente fácil, já que elas não são do mesmo calibre do Boko Haram e dos grupos ligados ao ISIS e à Al-Qaeda”, disse ela. “Até agora, o presidente Tinubu não demonstrou vontade política para direcionar as ações policiais e militares que estão ao seu alcance.”

Tinubu afirma que é necessária uma emenda constitucional para devolver o poder policial aos governadores estaduais, o que pode levar anos, mas “neste momento existem maneiras legais pelas quais o presidente Tinubu pode reforçar as defesas nas áreas cristãs visadas, por exemplo, permitindo que os governadores estaduais emitam ordens legais para a polícia que atua em seus estados, descentralizando os comandos policiais internamente, fortalecendo as guardas locais apoiadas pelo estado, enviando mais unidades policiais móveis para os estados e priorizando o encaminhamento das ordens policiais dos governadores estaduais para revisão presidencial”, disse Shea.

Os EUA deveriam firmar um acordo vinculativo com a Nigéria para garantir a proteção necessária contra as milícias Fulani e deveriam considerar trabalhar com os governadores estaduais que buscam ajuda dos EUA, disse ela.

“Desde a designação do CPC pelo presidente Trump, alguns oficiais nigerianos, incluindo generais de uma força no estado de Ondo, no sul do país, citando preocupações com a segurança da fronteira porosa da Nigéria, já solicitaram a parceria dos EUA em um esforço para ‘ajudar a expulsar os terroristas da milícia étnica Fulani do sudoeste’”, disse Shea.

Problema mais amplo

O depoimento de Onubogu mencionou a violência dos fulanis no Cinturão Médio da Nigéria apenas uma vez, enfatizando que a crise de segurança na Nigéria é muito mais ampla do que ataques anticristãos, e minimizou os motivos extremistas islâmicos, dizendo que os cristãos não são mortos “explicitamente” por sua fé, apesar da longa documentação de agressores gritando o slogan jihadista “ Allahu Akbar [Deus é Maior]” numa tentativa de islamizar terras cristãs.

“Nos últimos anos, a maioria das vítimas da violência no Cinturão Médio tem sido de cristãos em comunidades agrícolas e pertencentes a vários grupos étnicos”, disse Onubogu. “Presume-se que a maioria tenha sido morta por pastores predominantemente fulani e muçulmanos, mas não foram mortas explicitamente por causa de sua fé. Alguns líderes políticos e tradicionais do Cinturão Médio às vezes descrevem os assassinatos em sua região como ‘genocídio’, porém, também costumam explicar que os assassinatos são motivados por considerações étnicas ou materiais, como a posse de terras, e não por diferenças religiosas.”

Apesar da grande quantidade de assistência dos EUA, a ameaça extremista islâmica continuou a crescer, expandindo-se para além do nordeste, onde o Boko Haram e grupos islamistas travam uma insurgência há 15 anos, para o noroeste, onde grupos de “bandidos” atacam continuamente aldeias rurais e aterrorizam os cidadãos, disse Onubogu.

“Em ambas as regiões, a religião majoritária é o Islã, e a maioria das vítimas são muçulmanas”, disse ela. “As acusações do governo Trump de que a Nigéria permite assassinatos seletivos de cristãos desviam a atenção de um problema maior: o combate à violência jihadista, ao terrorismo e à insegurança generalizada no país.”

O estudo da ORFA revelou que a maioria das vítimas da violência extremista islâmica eram cristãos. Dos 30.880 civis mortos no período de quatro anos analisado, 16.769 eram cristãos, enquanto o número de muçulmanos mortos foi de 6.235, segundo a ORFA. Dos 21.532 civis sequestrados, 11.185 eram cristãos, enquanto o número de muçulmanos sequestrados foi de 7.899. Membros de religiões tradicionais africanas (RTAs) foram mortos em 154 casos, e 184 foram sequestrados, enquanto a religião de 7.722 civis mortos e 2.264 sequestrados era desconhecida, de acordo com a ORFA.

O relatório acrescentou que 55% dos cristãos mortos foram assassinados por pastores fulani armados (9.153) e 29% por outros grupos terroristas (4.895). O Boko Haram e o ISWAP, juntos, foram responsáveis ​​por apenas 8% dos cristãos mortos (1.268).

Para os muçulmanos, os perpetradores foram o oposto: 24% dos muçulmanos mortos foram assassinados por pastores fulani armados (1.473) e 53% por outros grupos terroristas (3.334). O Boko Haram e o ISWAP, juntos, foram responsáveis ​​por apenas 12% dos muçulmanos mortos (770). 

Onubogu afirmou que a maioria dos nigerianos de todas as religiões vive em paz, destacando que o presidente Tinubu, muçulmano, é casado com uma cristã, mas o alto nível de insegurança em todo o país deixou muitas comunidades religiosas, incluindo os cristãos, em risco devido à falta de vontade política no governo e à capacidade operacional das forças armadas e de outros serviços de segurança.

“Quer seja rotulado como ‘banditismo’, ‘terrorismo’, ‘conflitos comunitários’ ou ‘conflitos étnico-religiosos’, na raiz dessa violência está a falha da governança em atender às necessidades mais básicas da população – não apenas meios de subsistência, educação e saúde, mas também a necessidade de que os perpetradores sejam responsabilizados de forma legítima”, disse Onubogu.

A falta de responsabilização dos agressores gerou tanto um sentimento de impunidade entre os perpetradores quanto um sentimento de injustiça entre as vítimas, afirmou ela. Ao mesmo tempo, a reação dos cidadãos nigerianos à designação da Nigéria como um país de interesse público e às subsequentes ameaças dos EUA em resposta à perseguição de cristãos são diversas, acrescentou.

“Por um lado, os nigerianos, especialmente os grupos cristãos, acolhem com satisfação a atual atenção internacional, encarando-a como uma oportunidade há muito esperada para pressionar o governo nigeriano a tomar medidas decisivas contra a violência”, disse Onubogu. “Ao mesmo tempo, muitos nigerianos de todas as religiões, incluindo cristãos, temem que a retórica do Presidente Trump – especialmente a ameaça de uma ação militar unilateral contra o país – seja contraproducente e desvie a atenção do problema específico da insegurança generalizada em todo o país, inflamando as tensões e divisões políticas existentes.”

Ela afirmou ainda que há preocupações de que isso possa prejudicar a soberania da Nigéria e criar uma desculpa para uma tomada de poder militar.

Silêncio do governo nigeriano

O reverendo Wilfred C. Anagbe, bispo da Diocese Católica de Makurdi, no estado de Benue, disse à subcomissão do Congresso que os cristãos nigerianos esperavam que “a designação de CPC pelo presidente Trump no final de outubro pudesse estabilizar a situação, mas, em vez disso, ela está se deteriorando, tornando-se um dos períodos mais letais para os cristãos nigerianos em tempos recentes”.

A Nigéria continua sendo o lugar mais perigoso do mundo para ser cristão, com mais mortes anuais do que no resto do mundo junto.

“No entanto, os perpetradores enfrentam pouca responsabilização, e a resposta do governo nigeriano desde a designação do CPC tem sido liberar oradores vaidosos e instrumentos dispostos a distorcer a narrativa e fazer falsas equivalências sobre as mortes de muçulmanos”, disse Anagbe. “Mas eu gostaria de fazer a pergunta aqui: quem está matando os muçulmanos? Existe alguma milícia cristã deslocando milhões de pessoas e ocupando terras na Nigéria?”

O silêncio do governo nigeriano e a recusa em dialogar diante dos contínuos assassinatos e deslocamentos agravaram os sentimentos de abandono entre a população”, afirmou.

“A liderança do Partido Nacional parece desinteressada, tratando os relatos de genocídio cristão como algo irrelevante, em vez de considerá-los uma emergência nacional”, disse ele. “Essa falta de vontade política mina a confiança nas instituições governamentais e alimenta a percepção de cumplicidade ou indiferença.”

O embaixador Jonathan Pratt, alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA para Assuntos Africanos, disse à subcomissão que a intenção da administração americana é elevar a proteção dos cristãos ao topo das prioridades do governo nigeriano, especialmente na região central da Nigéria.

O governo está desenvolvendo incentivos para compelir o governo nigeriano a proteger melhor as comunidades cristãs, afirmou ele.

“Este plano levará em consideração o envolvimento do Departamento de Estado e do Tesouro dos EUA em relação às sanções, bem como o possível envolvimento do Departamento de Guerra no combate ao terrorismo e em outros esforços para proteger as comunidades religiosas”, disse Pratt. “Continuará a haver um diálogo de alto nível por parte de funcionários do Departamento de Estado para pressionar seus homólogos nigerianos a tomarem medidas concretas para prevenir ataques e responsabilizar os perpetradores.”

O governo dos EUA está revisando os recursos de assistência que poderiam ser alocados para ajudar a proteger as comunidades na região central da província.

“Continuaremos também a trabalhar com o governo nigeriano para conter o fluxo de armas, combatentes e financiamento para extremistas islâmicos violentos”, disse Pratt. “A nossa esperança é que os nossos esforços levem o governo nigeriano a tomar medidas concretas que melhorem a segurança, a responsabilização e a liberdade religiosa.”

Folha Gospel com informações de Christian Daily

Nigéria: Carta aberta exige que o governo faça mais para acabar com a perseguição e a violência

Homem com as mãos levantadas na Nigéria (Foto: Canva)
Homem com as mãos levantadas na Nigéria (Foto: Canva)

Após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de designar a Nigéria como um “País de Preocupação Especial” devido à frequente e mortal perseguição aos cristãos, nigerianos tanto no país quanto no exterior escreveram a políticos de alto escalão para pedir o fim dos abusos.

Apesar de ter cerca de 50% de sua população cristã, a Nigéria é atualmente classificada pela organização Portas Abertas como o 11º pior país do mundo em termos de perseguição anticristã, devido principalmente à violência sectária proveniente da grande população islâmica.

Na Nigéria, o número de cristãos mortos ou sequestrados anualmente é maior do que em qualquer outro país. Só na semana passada, ocorreram dois ataques mortais contra igrejas cristãs.

A Coalizão Global pela Liberdade Religiosa na Nigéria (GCFRN), que representa nigerianos no país e no exterior, enviou uma carta aberta ao Presidente do Senado nigeriano e ao Presidente da Câmara dos Representantes, exigindo medidas urgentes.

A coalizão alerta que, em diversas ocasiões, os serviços de segurança nigerianos falharam em impedir ataques, mesmo com aviso prévio. Em outras ocasiões, embora tenham se esforçado ao máximo para defender a população local, estavam mal equipados para fazê-lo com eficácia.

Em sua carta, a GCFRN acusou a Assembleia Nacional da Nigéria de tentar “negar o que já é inegável”. Continuar nesse caminho provará “que o governo nigeriano, na melhor das hipóteses, é fraco demais para enfrentar a situação na Nigéria ou até mesmo cúmplice”.

A GCFRN fez uma série de recomendações para ajudar a remediar os abusos constantes, incluindo o fim das leis de blasfêmia, a restituição de terras às comunidades deslocadas por militantes e a criação de um departamento para registrar e investigar denúncias de crimes contra a liberdade religiosa.

Scot Bower, CEO da Christian Solidarity Worldwide, também manifestou seu apoio à GCFRN. Ele pediu ao governo nigeriano que “resolva urgentemente as violações da liberdade de religião ou crença em todo o país”.

“Os recentes ataques nos estados de Borno, Kaduna, Kebbi e Kwara – apenas um exemplo da terrível violência a que as comunidades no norte e centro do país têm sido submetidas há mais de uma década – sublinham, mais uma vez, a gravidade da situação de segurança e exigem uma resposta decisiva”, afirmou.

“Apelamos à comunidade internacional para que auxilie a Nigéria, sempre que possível, na identificação e responsabilização de financiadores, facilitadores e perpetradores de violência relacionada ao terrorismo e à religião.”

Folha Gospel com informações de The Christian Today

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