Início Site Página 3135

Teoria de que Moisés agiu sob efeito de drogas cria polêmica em Israel

O especialista em psicologia cognitiva Benny Shanon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma que Moisés, considerado o principal profeta da religião judaica, pode ter ingerido a substância ayhuasca, conhecida no Brasil como chá do Daime. A afirmação foi publicada nesta semana em um artigo na revista de filosofia Time and Mind e causou polêmica em Israel.

A idéia de que Moisés poderia estar sob a influência de “drogas” provocou a indignação de líderes religiosos em Israel e, segundo os críticos, a teoria de Shanon “é uma ofensa ao maior profeta do povo judeu”.

O rabino Yuval Sherlo disse à Radio Pública de Israel que “a teoria é absurda e nem merece uma resposta séria”. De acordo com o rabino, a publicação da teoria de Shanon “põe em dúvida a seriedade tanto da ciência como da mídia”.

Uma das obras de Benny Shanon, o livro Antipodes of the Mind, que analisa a relação entre a planta ayhuasca e a criação das religiões, foi publicado em 2003 pela Oxford University Press, uma das editoras acadêmicas mais renomadas do mundo.

Em entrevista à BBC Brasil, Shanon contou que começou a pesquisar a relação entre os efeitos da planta e a criação das grandes religiões, quando ele próprio experimentou o chá do Daime no Brasil.

De acordo com o pesquisador, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo, e se encontram em plantas existentes inclusive no deserto do Sinai.

Foi no deserto do Sinai que, segundo a tradição, Moisés teria recebido as Tábuas da Lei, consideradas a base da civilização judaico-cristã.

Brasil

“Tudo começou quando estive no Brasil em 1991, a convite da Unicamp, para dar uma palestra sobre linguagem e pensamento”, afirma Shanon.

“Depois da palestra, viajei pelo Brasil por dois meses e experimentei pela primeira vez o chá do Daime em Rio Branco, no Acre.”

“Também participei de rituais religiosos e espirituais do Santo Daime, apesar do fato de que não sou adepto de nenhuma religião”, acrescenta o pesquisador.

“Tinha 42 anos naquela época, e a experiência mudou a minha visão do mundo”, afirma. Comecei, então, a pesquisar os efeitos dessa planta sob o aspecto da minha área, a psicologia cognitiva.”

“Muitas pesquisas já foram feitas sobre os efeitos da planta, mas principalmente na área da antropologia, e não da psicologia”, diz Shanon.

“Os antropólogos geralmente escrevem apenas por meio da observação, mas sem experimentar, eles próprios, a substância”, avalia o professor titular da Universidade Hebraica. “Acho que é como escrever um livro sobre música sem ouvir música.”

Desde 1991, Shanon diz ter visitado o Brasil dezenas de vezes e afirma que já ingeriu o chá do Daime mais de 100 vezes.

Experiência

“A substância abriu para mim uma dimensão do sagrado que nunca tinha vivenciado antes, tive visões muito fortes, inclusive de cantar junto com milhares de anjos”, descreve o pesquisador israelense. “A experiência foi tão forte que me levou a querer integrá-la no estudo da fenomenologia da consciência humana.”

“Estudei, então, todos os contextos culturais e religiosos ligados à ingestão da ayhuasca”, conta Shanon.

“Cheguei à conclusão de que, nas religiões mais antigas, como a zoroastra e a hinduísta, também houve rituais ligados à ingestão de substâncias que levam a alterações cognitivas, nos quais os participantes ‘viram Deus’ ou ‘viram vozes’.”

O professor de psicologia cognitiva cita o fenômeno da sinestesia, em que se cria uma relação entre planos sensoriais diferentes e o indivíduo se encontra em um estado neurológico que possibilita que ele “veja sons”.

“Na Bíblia, há frases como ‘o povo viu as vozes’, que me chamaram a atenção, pois descrevem exatamente a sinestesia que ocorre com a ingestão da ayhuasca”, afirma Shanon. “Encontrei frases semelhantes em textos e cânticos de outras religiões.”

Críticas

O pesquisador, que já recebeu críticas negativas de religiosos em Israel, diz que sua tese não constitui um desrespeito à religião, mas sim “uma tentativa de entender momentos tão importantes para toda a humanidade”.

“Não acredito na visão ontológica, segundo a qual a história de Moisés e os Dez Mandamentos teria sido um evento cósmico extraordinário”, afirma. “Mas também não acho que um momento tão importante possa ser considerado como uma simples lenda.”

“A minha tese, segundo a qual as substâncias ingeridas por Moisés teriam gerado uma abertura cognitiva que possibilitou um contato com o sagrado, pode ser uma explicação razoável e também respeitosa de como a religião judaica nasceu”, diz Shanon.

“Mas não é qualquer pessoa que ao ingerir a substância é capaz de criar os Dez Mandamentos, é necessário ser um Moisés para isso”, acrescenta. “Ao meu ver, a ayhuasca libera uma criatividade interna, como a arte.”

Fonte: BBC Brasil

Bush diz que paz entre Israel e os palestinos é possível em seu mandato

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse nesta terça-feira que continua otimista com a possibilidade de que Israel e os palestinos alcancem um acordo de paz antes que ele deixe a presidência, apesar da recente onda de violência na região.

“Dez meses é bastante tempo. Há muito tempo para que se alcance um acordo”, disse Bush, após conversar na Casa Branca com o rei Abdullah, da Jordânia.

Bush também disse que o objetivo da diplomacia dos EUA é levar novamente os dois lados à mesa de negociação.

Ele fez as declarações num momento em que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, visita o Oriente Médio.

Rice pediu a Israel e aos palestinos que retomem as negociações de paz patrocinadas pelos EUA, que foram suspensas após os ataques israelenses à Faixa de Gaza, encerrados na segunda-feira.

Fonte: Reuters

Reverendo protestante, Ian Paisley deixa o poder em maio

O reverendo protestante Ian Paisley anunciou nesta terça-feira que irá deixar em maio do cargo de primeiro-ministro do governo compartilhado da Irlanda do Norte e da direção do Partido Democrático Unionista (DUP).

“Poderia continuar, mas decidi sair”, declarou Paisley, que irá fazer 82 anos em maio e é alvo há várias semanas de forte pressão, por parte de membros do seu partido, para deixar os cargos.

Paisley deixará as suas funções após a convenção do partido, que irá ser realizada também em maio.

O reverendo protestante aceitou compartilhar o poder com os seus antigos rivais, os católicos de Sinn Féin.

Ian Paisley, chamado de “Doutor Não” da política norte-irlandesa, absolutamente intransigente com os católicos, tornou-se em 8 de maio do ano passado o novo primeiro-ministro de uma Irlanda do Norte a caminho da reconciliação.

“É um dia especial, abrimos um novo caminho”, declarou na ocasião, em Belfast, o ex-pregador do “não”. “Abrimos um caminho que nos levará à paz e à prosperidade”, acrescentou, colocando-se na posição de consenso condizente com a nova função, e fazendo um apelo aos norte-irlandeses para que “aceitem o desafio”.

Poucos haviam antecipado esta evolução. Homem religioso, tão inflexível em sua fé como em suas convicções, Ian Richard Kyle Paisley, nascido no dia 6 de abril de 1926 em Armagh, dedicou sua vida à defesa da causa protestante e à manutenção do Ulster na órbita britânica.

O antigo pastor do Partido Unionista Democrata (DUP) não perdeu seus dotes de orador, mas seu gosto pelo anátema se diluiu, uma evolução talvez inevitável.

Paisley aceitou trabalhar com seus inimigos de ontem e deixar para trás um combate arcaico. A partir de então, liderava o governo norte-irlandês ao lado do vice-primeiro-ministro Martin McGuinness, número dois do Sinn Fein, ex-tenente de seu braço armado, o Exército Republicano Irlandês (IRA).

Ian Paisley pronunciou seu primeiro discurso aos 16 anos. Foi ordenado quatro anos depois por seu pai, um pastor batista. Defende uma leitura literal da Bíblia, e rejeita as interpretações teológicas do catolicismo.

Em 1951, fundou em Belfast sua própria Igreja, a Igreja Presbiteriana Livre, opondo-se à evolução das práticas. Nos anos 60, entrou para a vida política, e inaugurou o método das passeatas maciças, onde arrebanhou seus fiéis.

Certo dia, bombardeou com bolas de neve o primeiro-ministro irlandês. Em 1968, passou seis semanas na prisão. Em 1970, foi eleito deputado no Parlamento britânico de Westminster -se tornou também deputado europeu de 1979 a 2004- e fundou o DUP um ano mais tarde.

Ao longo dos “Troubles”, a violência interconfessional que deixou 3.500 mortos entre 1969 e 1998, rejeitou os protestantes moderados denunciando-os como “traidores” e se negou a ver a menor diferença entre o IRA e seu braço político Sinn Fein.

Rejeitou uma Irlanda unificada e em 1998 se opôs de novamente aos acordos da Sexta-feira Santa, que puseram fim a 30 anos de conflito. A comunidade protestante o considerou como o único que entende suas frustrações e angústia.

Em 2003, foi escolhido nas urnas como líder do primeiro partido unionista da província. O desmantelamento do arsenal do IRA em 2005, depois da assinatura do acordo de Santo André em 2006, para o restablecimento de uma Assembléia semi-autônoma, o obrigaram a mudar seu discurso.

Em 26 de março de 2007, se sentou pela primeira vez na mesma mesa que o dirigente do Sinn Fein, Gerry Adams, com quem concluiu um acordo para dividir o poder.

Fonte: AFP

‘Sou favorável às pesquisas com células-tronco’, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que gostaria que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovasse as pesquisas com células-tronco embrionárias.

Os 11 ministros da Suprema Corte irão decidir hoje, em plenário, se as pesquisas com células-tronco embrionárias são constitucionais ou não. Porém, Lula afirmou que não poderia firmar expectativas em relação à votação. “Cada ministro está bem preparado para votar”, disse. “Particularmente, sou favorável à aprovação (das pesquisas) da célula-tronco.”

Lula falou ainda que o mundo não pode prescindir de um conhecimento científico que pode salvar muitas vidas. E voltou a dizer que não iria comentar nada transitado e julgado na Suprema Corte. As afirmações do presidente foram feitas em rápida entrevista coletiva concedida em Campinas, no interior paulista, após inauguração do Centro de Nanotecnologia César Lattes, que funciona no complexo do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LMLS).

Fonte: Agência Estado

Cristão degar morre após passar por anos de tortura

Kpa Kloh, era um cristão degar de 42 anos da aldeia de Ploi Ring, uma comunidade da província de Gialai, do distrito de Hbong, no Vietnã. No dia 12 de outubro de 2004, ele foi preso, torturado e enviado para a prisão da província de Phu Yen, porque foi acusado de divulgar as boas novas de Jesus Cristo, por ter assistido e participado da vigília de Páscoa, em abril de 2004.

O caso foi divulgado em um relatório da Fundação Montagnard, dedicada à preservação dos povos indígenas do Vietnã central, como forma de chamar a atenção internacional para a violação aos direitos humanos dos cristãos.

A fundação diz que depois da apreensão dele, a polícia de segurança vietnamita o torturou por diversas vezes. “Eles bateram nele, perfuraram a pele e o chutaram com botas militares. Eles o golpearam repetidamente com bastões e constantemente o machucaram por todo o corpo”, dizia o relatório.

“Parece como se o Vietnã realmente pretendesse matá-lo porque mesmo vendo que ele não tinha morrido, a partir de 8 de julho de 2007, eles intensificaram ainda mais a tortura. Eles bateram na cabeça dele com os bastões até o sangue escolher pelas orelhas dele, nariz e boca e até que ele caiu no chão completamente inconsciente. Eles o torturaram novamente no dia 10 de dezembro de 2007 e novamente no dia 9 de fevereiro 2008.”

O irmão Kpa Kloh morreu no dia seguinte, no dia 10 de fevereiro, em decorrência das severas e repetidas torturas praticadas pela polícia vietnamita. Ele deixou a esposa, R”mah H”Ne, e seis filhos. “De quem é a responsabilidade por fazer Justiça pelo povo indígena do Vietnã?”, diz a fundação.

A fundação lembra que no quinto capítulo da Constituição do Vietnã, que trata dos direitos fundamentais e deveres do cidadão, o artigo 72 diz que “ninguém será considerado culpado antes de ser julgado por tribunal competente e usar de plenos direitos legais de defesa”.

A fundação pergunta: “A quem se aplica esta lei? Esta lei só é válida para os funcionários vietnamitas ricos e as pessoas poderosas? E sobre as pessoas indígenas pobres e impotentes do Vietnã? Nós também não somos cidadãos do Vietnã? Por que o Vietnã não permite aos montagnards estes mesmos direitos?”

Além disso, o grupo questiona: “Se o governo do Vietnã viola suas próprias regras, quem castigará os funcionários do governo vietnamitas que violam a lei?”

Caso Kpa Kloh

“Os funcionários vietnamitas violaram a lei claramente neste ato cruel e desumano. Eles serão cobrados por sua responsabilidade? Quem será responsável pelas ações cruéis e desumanas cometidas pelos funcionários vietnamitas?”

“Como pôde a maioria dos governos mundiais que estão negociando com o Vietnã dizerem que o governo vietnamita melhorou os seus direitos humanos nos Altiplanos Centrais?”

Animais têm direitos. E as pessoas?

Recentemente, a Fundação Montagnard também declarou: “Nós, do povo indígena degar dos Altiplanos Centrais do Vietnã, oramos para que o nosso Deus todo poderoso toque os olhos do mundo de forma que eles possam ver, toque os ouvidos e corações deles de forma que eles possam ouvir e ter compaixão por esse povo.”

“Nós oramos para que o mundo saiba do que o nosso povo tem suportado nas mãos do impiedoso governo vietnamita e nos ajude. Nos Estados Unidos, muitas pessoas ficam chateadas quando sabem de abusos contra animais. É um crime sério machucar animais. Nós, da etnia indígena degar, não somos animais. Nós somos tratados de forma muito pior. Nós somos humanos, como todos os outros neste mundo. Estamos pedindo muito? “

Fonte: Portas Abertas

Grupo de 40 cristãos está sendo pressionado a negar a fé na Índia

Foram seqüestrados aproximadamente 40 cristãos no último dia 27 de fevereiro por radicais hindus em Himachal Pradesh, na Índia. Segundo relatos de testemunhas, os extremistas levaram os cristãos a um templo religioso e estão tentando forçá-los a renunciar a Cristo e voltar à fé dominante do país.

Líderes da Gospel for Asia (GFA) em Himachal Pradesh pedem oração por esses irmãos que foram capturados, para que eles permaneçam firmes na fé neste tempo difícil. Eles também pedem oração pela situação geral dos cristãos neste Estado do noroeste da Índia.

Um partido político anticristão controla Himachal Pradesh. É possível que os autores do seqüestro sejam filiados ao partido. Um das metas do partido é converter os cristãos à religião predominante da Índia.

Meta é converter cristãos para garantir unidade do Estado

Não é incomum para estes extremistas seqüestrarem os cristãos e forçá-los a se curvar perante estátuas que representam os deuses tradicionais do país. Se os cristãos se recusam a se curvar, eles acabam excluídos da sociedade, acabam impedidos de obter benefícios públicos e são considerados uma vergonha para a sociedade.

O partido governante extremista acredita que manter as pessoas na religião tradicional hindu traz unidade ao Estado, e no final das contas, ao país inteiro. Como o cristianismo é radicalmente diferente das outras religiões, a decisão de uma pessoa de seguir Cristo cria conflito entre as famílias e às vezes em aldeias inteiras.

O presidente da GFA, K.P. Yohannan, conclama os cristãos de todo o mundo para orarem pelo fim da perseguição aos cristãos na Índia. A GFA é uma missão evangélica fundada em Carrollton cuja missão é compartilhar o amor de Jesus no Sul da Ásia.

Fonte: Portas Abertas

Polícia detém 11 adolescentes que estudavam a Bíblia na China

Treze cristãos, 11 deles adolescentes, foram mantidos sob custódia policial na região de Xinjiang, na última sexta-feira, dia 29 de fevereiro, acusados de envolvimento em uma “reunião religiosa ilegal”, segundo investigadores cristãos.

Os 11 menores e dois adultos foram detidos por funcionários da Agência de Segurança Pública (PSB), no momento em que participavam de um grupo de estudos bíblicos em uma igreja doméstica subterrânea no município de Huocheng, região do distrito municipal de Qingshuihe.

As detenções obscureceram as notícias de que foram presos na Mongólia Interna cerca de 40 líderes de igrejas, incluindo um missionário da Coréia do Sul (leia mais sobre este caso).

Segundo informações da Associação de Ajuda à China (CAA, sigla em inglês), foi pedido ao presidente da Aliança de Igrejas Domésticas Chinesas da Mongólia Interna, o pastor Wang Dawei, o pagamento de uma multa de 100,000 iuanes (R$26000) “pela impressão ilegal de bíblias”.

Dentre esses cristãos detidos estão duas mulheres, identificadas como Fu Junho, de 41 anos, e Lu Lanxiang, de 42 anos.

Além disso Lou Nan, de 16 anos, filha do pastor Lou Yuanqi, que conduz uma igreja doméstica, esteve presa com as outras crianças, de acordo com fontes cristãs locais.

Segundo notícias, o pastor Lou foi detido em outubro de 2006, junto com três outros líderes cristãos, por organizar uma igreja doméstica. Todos esses líderes já passaram 32 dias na prisão, onde eram diariamente espancados pelos guardas e demais presos, de acordo com a CAA.

Pastor Cai sofre nova perseguição

O grupo também informou que na quarta-feira passada, dia 27 de fevereiro, o pastor de uma igreja doméstica em Beijing, Cai Zhuohua, ficou detido durante seis horas em um escritório do PSB no distrito de Changping, quando ele foi obter o cartão de residência do filho dele.

Ele foi acusado de produzir “falsos documentos” e só foi liberado no final do dia. A CAA acredita que o molestamento policial tem ligação com as atividades de igreja dele.

Recentemente o pastor Cai foi libertado, depois de três anos de prisão, por imprimir Bíblias. Foi ele quem declarou para agências de notícias internacionais que durante o período em que esteve preso passava o dia costurando bolas para a Olimpíada

Fonte: Portas Abertas

Britânicos ‘queriam usar astrologia’ para entender Hitler

O serviço de inteligência britânico tentou adivinhar os planos do líder nazista alemão, Adolf Hitler, estudando o seu horóscopo, de acordo com documentos liberados pelos Arquivos Nacionais da Grã-Bretanha.

Um cidadão húngaro, Ludwig von Wohl, teria persuadido pessoas em cargos elevados na inteligência britânica de que ele poderia reproduzir as previsões do astrólogo pessoal de Hitler.

Wohl argumentou que se as autoridades em Londres soubessem quais os conselhos que Hitler, um taurino, estava recebendo, elas saberiam de seus próximos passos.

Mas o serviço de segurança britânico, MI5, advertiu que Wohl era um “charlatão”.

Figura controvertida Wohl, também conhecido como Ludwig de Wohl, era uma figura controvertida. Embora ele tenha sido considerado um “fanfarrão” e um “canalha” por alguns militares que o conheceram, outros sugeriram que se tratava de um homem extremamente astuto, com bom entendimento da forma de pensar de nazistas importantes.

Apesar de rejeitar suas alegações de pertencer à nobreza húngara, o MI5 esperava que Wohl pudesse fornecer informações sobre seus clientes entre personalidades influentes.

Mas o Executivo de Operações Especiais (SOE, em inglês), que organizava missões de sabotagem durante a Segunda Guerra Mundial, recrutou Wohl para seu setor de propaganda (SO2), dando a ele a patente de capitão e um uniforme do Exército.

Wohl adorava “desfilar” por Londres vestido de militar, segundo informações.

Em 1940, o SOE enviou Wohl em turnê pelos Estados Unidos com o objetivo de convencer um público cético de que Hitler poderia ser derrotado e que, por isso, os Estados Unidos deveriam entrar na guerra.

Sua missão foi considerada um grande sucesso pois suas palestras e entrevistas receberam publicidade significativa.

Mas só após o ataque japonês a uma base naval americana em Pearl Harbour, no Havaí, em dezembro de 1941, os Estados Unidos entraram no conflito como aliados da Grã-Bretanha.

Aconselhamento astrológico Wohl voltou para Londres e apresentou sua proposta para examinar os conselhos astrológicos dados a Hitler pelo suíço Karl Ernst Krafft. O húngaro alegou que, como Hitler se apoiava muito nas previsões de Krafft, os britânicos poderiam obter informações valiosas sobre seus pensamentos se soubessem quais os conselhos astrológicos que ele estava recebendo.

O plano empolgou algumas figuras de destaque na Grã-Bretanha, inclusive o Diretor de Inteligência Naval, almirante John Godfrey, que achou as decisões estratégicas erráticas de Hitler difíceis de entender.

O plano foi recebido com entusiasmo por membros do SOE e pelo Executivo Político de Guerra. Já os serviços de inteligência MI5 e MI6 ficaram horrorizados com a proposta.

“Um dos nossos agentes mais graduados comentou que não acredita que ninguém empregará de novo este charlatão perigoso”, disse um relatório do MI6.

Um outro agente do MI5 disse que nenhuma das previsões de Wohl tinha se realizado, além da que mecionava a entrada da Itália na Segunda Guerra Mundial, feita quando isso estava “muito evidente para qualquer um com o mais remoto conhecimento de questões internacionais”.

Historiadores dizem atualmente que Hitler não ligava para previsões astrológicas.

Todos os documentos liberados podem ser consultados nas dependências dos Arquivos Nacionais, em Kew, no oeste de Londres.

Fonte: BBC Brasil

Vaticano convoca bispos de Macau e Hong Kong para reunião

Os bispos de Macau e Hong Kong se deslocam na próxima semana ao Vaticano para discutir as relações entre a igreja católica e a governo chinês.

O bispo de Macau, D. José Lai, o cardeal Joseph Tang de Hong Kong e o seu coadjutor, o bispo John Tong, estarão em Roma entre 11 e 12 de março, a convite do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, para abordar as relações entre a igreja e Pequim, segundo a mesma fonte.

Contatado pela Lusa, o bispo de Macau não confirmou a viagem a Roma. “Não posso falar sobre isso e não quero comentar qualquer encontro nem se vou ou não participar”, disse D. José Lai.

Vaticano e Pequim iniciaram há vários meses contactos de reaproximação, depois de em 1951 a República Popular da China ter cortado relações diplomáticas com a Santa Sé. Atualmente, o Vaticano mantém relações diplomáticas com Taiwan, a ilha nacionalista que é vista por Pequim como uma província separatista.

Impasse

Em meados de 2007, o papa Bento 16 enviou uma carta aos católicos chineses, em que sublinhou a existência de políticas restritivas na China que “sufocam” a igreja e dividem os fiéis entre o ateísmo oficial e o catolicismo “clandestino”.

Embora reconhecendo sinais de abertura das autoridades chinesas, Bento 16 acrescentou na carta que existem “sérias limitações” que “sufocam a atividade pastoral”.

Apesar da vontade manifestada por ambos os lados e pelas mensagens dos bispos das regiões especiais chinesas de Hong Kong e Macau, que se disponibilizaram a intervir na promoção do diálogo para a resolução dos problemas, não existem ainda datas para conversações formais entre Pequim e o Vaticano.

Para retomar as relações diplomáticas com o Vaticano, Pequim exige a aceitação do que considera “os dois princípios de base”, que se referem à insistência do governo da China em nomear os bispos do país e à suspensão das relações diplomáticas com Taiwan.

Relacionamento

O Vaticano está disponível para mudar a sua embaixada para Pequim, mas recusa a intervenção governamental na nomeação dos bispos.

Um sistema de consultas prévias à nomeação poderia fazer ultrapassar algumas barreiras no diálogo bilateral, embora não existam resultados nem informações das reuniões mantidas.

A nomeação de bispos é também a principal causa de separação entre as duas igrejas católicas existentes na China, a oficial e a clandestina, que conta com cerca de 10 milhões de fiéis que celebram missas em casas particulares e permanecem fiéis ao Papa, sendo alvo de perseguição.

A Igreja Católica oficial chinesa, subordinada ao Estado assim como as outras quatro igrejas permitidas na China (budismo, taoísmo, islamismo e protestantismo) e que conta com cerca de quatro milhões de fiéis, não reconhece a autoridade da Santa Sé e se encontra subordinada ao governo central chinês.

Fonte: Lusa

The New York Times: Juventude iraquiana mostra desilusão com o extremismo religioso

Após quase cinco anos de guerra, muitos jovens iraquianos, exaustos pelas constantes exposições diretas à violência do extremismo religioso, dizem ter se desiludido com os líderes religiosos e ficado céticos em relação à fé que estes pregam.

Em dois meses de entrevistas com 40 jovens em cinco cidades iraquianas, detectou-se uma tendência à desilusão, que faz com que os jovens iraquianos, tanto os pobres quanto os de classe média, culpem os clérigos pela violência e as restrições que limitaram as suas vidas.

“Eu odeio o islamismo e todos os clérigos porque eles tolhem a nossa liberdade todos os dias, e as suas instruções são um fardo para nós”, declarou Sara Sami, uma aluna de segundo grau em Basra. “A maioria das garotas na minha escola odeia o fato de os muçulmanos serem as autoridades, porque eles não merecem governar”.

Atheer, um rapaz de 19 anos de um bairro pobre e predominantemente xiita no sul de Bagdá, disse: “Os religiosos são mentirosos. Os jovens não acreditam neles. Os caras da minha idade não estão mais interessados em religião”.

A mudança no Iraque vai de encontro a tendências de aumento da prática religiosa entre os jovens de grande parte do Oriente Médio, onde a religião substituiu o nacionalismo como ideologia unificadora.

Embora os extremistas religiosos sejam admirados por inúmeros jovens em outras partes do mundo árabe, o caso do Iraque se constitui em um teste do que pode acontecer quando são aplicadas teorias extremistas. Pessoas pegas fumando tiveram os dedos quebrados. Quem usava cabelos compridos teve a cabeleira cortada à força, e a seguir foi obrigado a comer os cabelos. Foi nesse laboratório que firmou-se a desilusão com os líderes islâmicos.

Ninguém sabe se a mudança significa uma grande fuga da religião. Uma religiosidade tremenda ainda predomina nas vidas privadas dos jovens iraquianos, e os líderes religiosos, apesar do crescente ceticismo, ainda detêm um poder enorme. Além do mais, mensurar a adesão à religião é algo complicado no Iraque, onde o acesso de forasteiros às cidades e vilas distantes de Bagdá é limitado.

Mas, pelo menos de forma casual, observa-se uma mudança nas escolhas que vêm sendo feitas pelos jovens iraquianos.

Professores relatam dificuldade para recrutar alunos para aulas de religião. O comparecimento às orações semanais parece ter diminuído, até mesmo nas áreas onde a violência em grande parte reduziu-se, segundo religiosos e imames em Bagdá e Falluja. Em duas visitas no outono passado às sessões semanais de orações de seguidores do clérigo xiita Muqtaad al-Sadr em Bagdá, as multidões que compareceram eram bem menores do que em 2004 e 2005.

Tais tendências, caso perdurem, podem levar ao enfraquecimento do poder político dos líderes religiosos no Iraque. Em um reconhecimento de tal mudança, os partidos políticos deixaram de fazer referências ostensivas à religião.

“No início, os jovens deram seus olhos e suas mentes aos clérigos, acreditando neles”, afirma Abu Mahmoud, um clérigo sunita moderado em Bagdá, que trabalha no sentido de desprogramar extremistas religiosos detidos pelos Estados Unidos. “É doloroso admitir, mas as coisas mudaram. As pessoas perderam muito. Eles dizem aos clérigos e aos partidos: vocês nos deram este prejuízo”.

“Quando decapitam alguém, eles dizem ‘Allahu akbar’ (Alá é grande) e lêem versos do Alcorão”, diz um xeque xiita moderado de Bagdá.

“Os jovens acham que isso é o islamismo”, explica ele. “Assim, o islamismo é um fracasso, não apenas na cabeça dos estudantes, mas também na comunidade”.

Uma professora da Escola de Direito da Universidade de Bagdá, que identificou-se apenas como Bushra, disse a respeito das suas alunas: “Elas modificaram os seus pontos de vista a respeito da religião. Começaram a detestar os homens religiosos. Fazem piadas sobre esses homens porque sentem nojo deles”.

As coisas nem sempre foram assim. Nos últimos anos Saddam Hussein encorajou a religião na sociedade iraquiana, tendo construído mesquitas e injetado mais religião no currículo das escolas públicas, mas sempre garantindo que isso atendesse às suas necessidades autoritárias.

Os xiitas, considerados uma força política de oposição e uma ameaça ao poder de Saddam Hussein, eram mantidos sob severa vigilância. Jovens xiitas que praticavam religião eram vistos como subversivos políticos e corriam o risco de atrair a atenção da polícia.

Por essa razão a ocupação norte-americana foi bem recebida por parte dos xiitas, que pela primeira vez foram capazes de praticar livremente a sua religião. Eles logo tornaram-se uma potente força política, à medida que os líderes políticos voltaram-se para o seu passado comum e doloroso e para o seu respeito à hierarquia religiosa xiita.

“Depois de 2003, era impossível colocar um pé na husseiniya (lugar de oração dos xiitas), porque o lugar estava superlotado de fiéis”, diz Sayeed Sabah, um líder religioso xiita de Bagdá.

A religião deslocou-se abruptamente para o espaço público xiita, mas muitas vezes de maneiras que fizeram com que iraquianos com alto nível de escolaridade e religiosos sentissem-se desconfortáveis. As milícias ofereciam cursos corânicos. Qualquer um virava clérigo. No bairro de Mahmoud, um açougueiro que nada conhecia sobre o islamismo tornou-se líder de uma mesquita.

O xeque Qasim, um clérigo moderado, lembra-se de ter visto com assombro um ex-aluno seu, que só tirava notas medíocres, passar pelo trânsito parado em um longo comboio de veículos utilitários esportivos em Bagdá. Ele havia se tornado um líder religioso.

“Eu achei que fosse sair do carro, agarrá-lo e dar-lhe um tapa”, conta o xeque. “Essas pessoas não merecem tais postos”.

Um funcionário do Ministério da Educação em Bagdá, xiita secular, descreveu a fé recém-descoberta da seguinte maneira: “Foi como se eles quisessem vestir uma roupa nova e de última moda”.

Os religiosos sunitas também viram aumentar o número de fiéis nas mesquitas, mas logo tornaram-se reféns de grupos de extremistas religiosos, tanto estrangeiros quanto iraquianos, que se prepararam para combater os Estados Unidos.

Zane Mohammed, um jovem magro e alto de 19 anos e expressão séria, observou os fatos com curiosidade quando os primeiros islamitas no seu bairro em Bagdá foram a barbearias, casas de chá e lojas de material de carpintaria, antes de assumirem o controle sobre as mesquitas. Segundo Mohammed, eles não eram pessoas de baixo nível de escolaridade nem pobres, embora se concentrassem naqueles que eram.

Então, certa manhã, enquanto aguardava o ônibus para a escola, ele viu um homem dirigir-se a um vizinho, um professor universitário cuja orientação religiosa Mohammed desconhecia, baleá-lo três vezes à queima-roupa e voltar calmamente ao seu carro, tão calmo como se estivesse saindo de uma mercearia”.

“Ninguém está pensando”, queixou-se Mohammed em uma entrevista em outubro do ano passado. “Nós só usamos as nossas mentes para decidir o que comer. Isso me deixa muito triste. Ouvimos certas coisas e simplesmente acreditamos nelas”.

Em 2006, até mesmo aqueles que inicialmente participaram da violência estavam se cansando. Haidar, que abandonou a escola de segundo grau, sentiu orgulho em dizer à sua família que estava seguindo um clérigo xiita na luta contra os soldados norte-americanos no verão de 2004. No entanto, dois anos depois, ele viu-se na companhia de bandidos.

Os jovens membros das milícias usavam drogas. Os presentes deixaram de ser motocicletas e passaram a ser armas. Em três anos, Haidar presenciou cinco assassinatos, a maioria de sunitas, incluindo o de um motorista de táxi que foi executado no seu carro.

E para os jovens sunitas as coisas foram tão ruins quanto para os xiitas, ou até piores.

Assediados pela Al Qaeda da Mesopotâmia, um grupo nativo de insurgentes sunitas que as agências de inteligência norte-americanas alegam ser dirigido a partir do exterior, eles viram-se encalhados em bairros governados por leis do século sete. Durante uma entrevista com doze adolescentes sunitas em um centro de detenção em Bagdá, durante vários dias de setembro passado, vários deles expressaram alívio por estarem presos, de forma que podiam usar calções. Nos seus bairros, se usassem tal vestimenta seriam punidos.

Alguns iraquianos argumentam que a política baseada na religião diz muito mais respeito à identidade do que à fé. Quando os xiitas votaram maciçamente em partidos religiosos em uma eleição em 2005, aquilo teria sido mais uma tentativa de exibir o seu número do que uma vitória do religioso sobre o secular.

“Foi uma luta para provar a nossa existência”, diz um jovem jornalista xiita da cidade de Sadr. “Estávamos abraçando a nossa existência, e não uma religião”.

A guerra se arrastou, e jovens de seitas sunitas e xiitas envolveram-se cada vez mais nela. Criminosos passaram a utilizar adolescentes e garotos para realizar assassinatos. O número de adolescentes iraquianos em centros de detenção norte-americanos em novembro do ano passado era sete vezes superior ao de abril do mesmo ano. E a principal prisão de adolescentes do Iraque, que fica em Bagdá, está com o triplo da população carcerária da época anterior à guerra.

Mas embora os jovens assumissem um papel mais ativo na violência, eles eram menos propensos do que os adultos a motivarem-se pela religião. Dos 900 menores de idade detidos em prisões controladas pelos Estados Unidos em novembro passado, menos de 10% alegava estar travando uma guerra religiosa, de acordo com as forças armadas norte-americanas. Já entre os prisioneiros adultos, um terço declarou que a motivação era religiosa.

Uma funcionária do sistema carcerário norte-americano no Iraque diz que, segundo a sua estimativa, apenas um terço da população carcerária adulta, que é preponderantemente sunita, pratica orações.

“Como grupo, eles não são religiosos”, afirma o general Douglas Stone, chefe das operações de detenção das forças armadas dos Estados Unidos. “Quando lhes pergunto se estão fazendo isso pela jihad, a resposta é não”.

Muath, um sunita esguio de 19 anos, que tem um olhar distante e as bochechas côncavas, é um exemplo típico. Ele vendia créditos para telefones celulares e flores de plástico, lutando para sustentar a mãe e cinco irmãos pequenos, quando um recrutador insurgente na zona ocidental de Bagdá, um homem de mais de 30 anos que era um cliente regular, ofereceu-lhe dinheiro na primavera passada para que ele participasse de um grupo insurgente cujas motivações eram um misto de dinheiro e seita.

Muath, o único provedor da família, concordou. De repente a sua família pôde novamente comer carne, disse ele em uma entrevista em setembro do ano passado.

Pelo menos parte da violência religiosa em Bagdá tem algo a ver com dinheiro. Um funcionário do centro de detenção Kadhimiya, onde Muath foi encarcerado no outono passado, conta que as gravações de decapitações garantem preços bem mais elevados no mercado de DVDs do que as de execuções a tiros, o que explica por que até mesmo seqüestradores não religiosos decapitam reféns.

“O terrorista adora o dinheiro”, opina o capitão Omar, um carcereiro que não quis ser identificado pelo nome completo. “O dinheiro traz em si uma grande mágica. Eu dou a alguém US$ 10 mil para realizar determinada tarefa. Você acha que ele recusa?”

Quando Muath foi preso no ano passado, a polícia descobriu dois reféns, irmãos xiitas, em um cativeiro revelado por Muath. Fotografias mostravam os homens fitando a câmera de olhos arregalados; túnicas negras cobriam seus corpos.

A luta violenta contra os Estados Unidos era fácil de se romantizar à distância.

“Eu adorava Osama Bin Laden”, revela uma estudante universitária iraquiana de 24 anos. Ela referia-se ao que sentia antes da guerra tomar conta da sua nativa Bagdá. O ataque de 11 de setembro de 2001 contra a supremacia dos Estados Unidos foi satisfatório, e as mortes abstratas.

Agora, a estudante expõe as reclamações familiares: a sua faculdade segregou as revistas de segurança com base no sexo do aluno; os guardas disseram a ela para deixar de usar saias; ela agora cobre a cabeça por uma questão de segurança.

“Atualmente eu odeio o islamismo”, diz ela, sentada na sala de estar despojada da sua família, no centro de Bagdá. “A Al Qaeda e o Exército Mahdi estão disseminando o ódio. Pessoas estão sendo assassinadas sem nenhum motivo”.

Os pais tomaram novas precauções para manter os filhos longe de problemas. Abu Tahsin, um xiita do norte de Bagdá, disse que quando os seus parentes construíram uma mesquita xiita, ele não se registrou junto às autoridades religiosas, ainda que isso fosse lhe proporcionar privilégios. Ele não queria acabar vinculado a algum dos principais grupos religiosos que controlam Bagdá.

Em Fallujah, uma cidade sunita a oeste de Bagdá que havia sido ocupada pela Al Qaeda, o xeque Khalid al-Mahamedi, um clérigo moderado, disse que atualmente os pais vêm com os filhos às mesquitas para conhecer os instrutores dos cursos corânicos. As famílias costumavam se preocupar mais com as filhas adolescentes, mas agora, segundo o xeque, preocupam-se mais com os filhos homens.

“Antes, os pais advertiam os filhos para que não fumassem ou bebessem”, contou Mohammed Ali al-Juamili, de Fallujah, pai de um rapaz de 20 anos. “Mas agora todas as nossas energias concentram-se em não deixar que eles se envolvam com o terrorismo”.

Os recrutadores são incansáveis e, além do mais, espertos, oferecendo coisas das quais os seus jovens alvos necessitam. Stone compara isso ao dinheiro que um cafetão oferece a uma possível prostituta. Oficiais militares dos Estados Unidos nos centros norte-americanos de detenção dizem que os detentos pertencentes a Al Qaeda são os mais bem preparados para sessões grupais e os que fazem a maior parte das perguntas.

Um recrutador da Al Qaeda aproximou-se de Mohammed, o rapaz de 19 anos, no campus universitário, oferecendo aulas de inglês. Embora tais aulas fossem uma ambição antiga de Mohammed, assim que ele soube o que o homem queria, evitou-o educadamente.

“Quando você conversa com eles, acha-os muito modernos e inteligentes”, diz Mohammed, um xiita não praticante, que lembra-se de ter fingido sentir desdém pela sua própria seita para evitar suspeitas.

Porém, o grupo no qual eles se concentram é formado pelos pobres e os que não estudaram. Cerca de 60% da população carcerária adulta nas cadeias norte-americanas no Iraque é analfabeta, incapaz de ler sequer o Alcorão que os recrutadores religiosos pregam.

Isso leva a estranhos resultados. Um jovem detento, cliente de Abu Mahmoud, o clérigo sunita moderado, estava convencido de que tinha que matar os seus pais quando fosse solto, porque eles casaram-se de forma que não foi suficientemente islâmica. Stone está tentando corrigir o problema, oferecendo ao rapaz aulas de religião ministradas por moderados.

Existe um novo jogo favorito na animada moradia do jovem jornalista de Bagdá. Quando eles vêem na televisão um homem de turbante, gritam e fazem piadas. Em uma das piadas, as pessoas são advertidas a não fornecer os números dos seus telefones celulares a um religioso. “Se ele souber o número, roubará os créditos do telefone”, diz o jornalista. “Os xeques estão criando uma sociedade de descrentes”.

Fonte: The New York Times

Ads
- Publicidade -
-Publicidade-