A bancada de deputados federais evangélicos saltou de 39 deputados eleitos em 2006 para 64 e representa 12,5% da Câmara. Já a bancada católica diminuiu para 21 representantes.

Religião e política já são dois segmentos que se misturam e que permitem a discussão de temas da sociedade em ambos os ambientes. Torna-se comum a presença de líderes religiosos nos cenários políticos, cujo cenário estabelece conversas e debates, às vezes conflitantes. A categoria política goiana conta com diversos exemplos de religiosos que também exercem papel na vida pública, a exemplo do deputado federal reeleito João Campos (PSDB) e do deputado federal eleito Fábio Sousa (PSDB). Às vezes a religião ainda encontra uma relação delicada com a política, porém, há convergência entre as vertentes.

O eleitorado também está incluso nas perspectivas políticas, mesmo que a relação religiosa possa não interfirir, diretamente, em sua escolha na hora do voto. No âmbito nacional, os que se declaram católicos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, contabilizam 64% e 22% representam os evangélicos, sendo as outras religiões menos de 6% (matriz africana, indígena, oriental, judaica, muçulmana, entre outros).

Levantamento preliminar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) indica que pelo menos 43 líderes evangélicos se elegeram deputados federais em 2014. O Diap projeta, no entanto, que a nova bancada evangélica será maior do que a eleita em 2010, quando 70 evangélicos conquistaram uma cadeira na Câmara. Há pelo menos cinco religiosos da Igreja Universal do Reino de Deus, oito da Assembleia de Deus e cinco da Igreja Batista.

A pesquisa reúne bispos, pastores e cantores gospel, além de parlamentares que têm no segmento evangélico a maior parte de seu eleitorado. São 32 deputados reeleitos e 13 novos. Entre eles, estão alguns dos campeões de votos nesta eleição. É o caso de Christiane Yared (PTN), pastora evangélica, que chega à Casa na condição de deputada mais votada da bancada paranaense. Em sua estreia nas urnas, ela recebeu mais de 200 mil votos.

Dos 17 deputados federais eleitos, em 2014, por Goiás, dois são evangélicos: os pastores João Campos (PSDB), da Igreja Assembleia de Deus, com 107.344; e Fábio Sousa (PSDB), da Igreja Fonte da Vida, com 82.204 votos.

Entre os reeleitos está o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que teve mais de 232 mil votos. Além de Christiane Yared, Eduardo Cunha e Marco Feliciano – o terceiro mais votado em São Paulo com quase 400 mil votos –, outro evangélico que ficou entre os campeões de voto foi o Pastor Eurico (PSB-PE), reeleito. Os quatro parlamentares tiveram votos suficientes para se elegerem sozinhos, sem a necessidade de somar os votos do partido ou coligação. Na eleição do ano passado, apenas 35 deputados alcançaram esse mesmo resultado.

A bancada de deputados federais evangélicos saltou de 39 deputados eleitos em 2006 para 64 e representa 12,5% da Câmara. Já a bancada católica diminuiu para 21 representantes. Os partidos que mais representarão os evangélicos na Câmara serão PSC, PR e PRB. O PSC é praticamente todo ligado à Assembleia de Deus e ganhou força nas eleições de 2002 ao apoiar o candidato a presidente da República do PSB, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, da Igreja Presbiteriana. Todos os oito deputados do PRB são da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd).

Outros partidos pouco associados à religião fizeram alguns de deputados entre os religiosos, a exemplo de Gabriel Chalita, carismático da Igreja Canção Nova, do PSB de São Paulo. Chalita foi o segundo deputado mais votado do País, com 550 mil votos, perdendo apenas para o comediante Tiririca (PP-SP).

Bruna Furlan (PSDB-SP), da Igreja Cristã do Brasil, também é uma representante pentecostal dos evangélicos e recebeu 269 mil votos. Cantores gospel também estão representados por Marcelo Aguiar (PSC-SP), da Igreja Renascer, e Lauriete Almeida (PSC-ES), da Assembleia de Deus, com 24 CD’s gravados.

A bancada evangélica promove, às quartas-feiras, culto em plena Câmara com música e, inclusive, com deputado tocando acordeão. Cantores gospel de passagem por Brasília também participam do culto que reúne cerca de 200 pessoas de diferentes denominações. A bancada católica reza missa toda quinta-feira.

A maior bancada eleita em 2010 entre todas as denominações foi a Assembleia de Deus, que passou de 9 deputados em 2006 para 19 representantes em 2010. O deputado João Campos acredita que as lideranças estão sendo mais ousadas para orientar o povo e considera importante que a religião tenha seus representantes, independentemente de citar o candidato.

Entre os católicos, a bancada encolheu de 30 para 21 de 2006 para 2010. A redução foi acompanhada do aumento de deputados eleitos da renovação carismática. Se na eleição de 2006 os carismáticos contavam com apenas um representante, terão este ano Gabriel Chalita, Eros Biondini (PTB-MG) e Salvador Zimbaldi (PDT-SP) na Câmara. Zimbaldi deve presidir a bancada católica do movimento pró-vida, que milita radicalmente contra o aborto.

O PT tem cinco representantes dos católicos. Três deles são ordenados – padre Luiz Couto, reeleito na Paraíba, padre João, de Minas Gerais e padre Tom, de Roraima. Outro que já faz parte da Frente Católica é o padre José Linhares(PP-CE), reeleito.

De diferentes partidos, a Frente Evangélica se une contra questões como aborto, eutanásia, infanticídio em áreas indígenas, casamento gay e legalização das drogas. Para outras questões além da discussão de temas ligados ao que chamam de valorização da vida e de valores da família, cada parlamentar segue a orientação de seu partido na hora de votar no plenário.

Entre os católicos, o candidato a deputado derrotado Paulo Fernando Costa (PTB-DF), assessor da Frente Católica e do movimento pró-vida, diz haver um viés “contra Dilma, contra o PT” na bancada católica. Os deputados do PT, no entanto, não fazem oposição em questões fora do espectro dos valores defendidos pela frente.

[b]Fonte: Diário da Manhã com informações do Congresso em Foco[/b]

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