A ONG Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), sob suspeita de desvios de R$ 18 milhões, tem origem na Igreja Católica.

A Arquidiocese de São Paulo informou ter ficado “surpresa” com a investigação da Polícia Federal que coloca a ONG Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat) como carro chefe de desvios de R$ 18 milhões em convênios de R$ 47,5 milhões firmados com o Ministério do Trabalho. A ONG tem origem na Igreja Católica, inicialmente denominada “Centro Arquidiocesano do Trabalhador”.

A Arquidiocese se disse “surpresa com as informações que circulam e deseja que se faça plena luz sobre todos os fatos e que as responsabilidades sejam assumidas por quem as deve assumir”. A operação da PF prendeu sete gestores da ONG e um assessor do Ministério do Trabalho, Gleide Santos Costa, exonerado do cargo na terça-feira, 3. De acordo com as investigações, o valor foi desviado por meio de contratos fraudulentos com oito empresas prestadoras de serviços cujos sócios fazem parte do quadro de gestores da ONG.

A Cúria assinalou que não vai adotar nenhuma providência com relação ao padre Lício de Araújo Vale, alvo da Operação Pronto Emprego. Ele é diretor administrativo da ONG e foi preso na terça feira, 3, pela Polícia Federal, sob suspeita de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e peculato.

“Do ponto de vista civil, padre Lício deverá responder por si, inclusive com amplo direito à defesa. Do ponto de vista canônico, ele pertence à Diocese de São Miguel Paulista”, destacou a Arquidiocese, por meio de sua assessoria de imprensa.

Com relação à ONG Ceat, a Cúria anotou que também não pode tomar medida. “O Ceat nasceu na Arquidiocese de São Paulo como ‘Centro Arquidiocesano do Trabalhador’, em dezembro de 2012. Mas há vários anos transformou-se numa Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, passando a se chamar ‘Centro de Atendimento ao Trabalhador’, com personalidade jurídica, vida, gestão e responsabilidades de gestão próprias. Depois disso, a Arquidiocese de São Paulo deixou de ter qualquer responsabilidade administrativo-financeira sobre a entidade.”

Em seu site, a ONG destaca que no dia 1.º de agosto, a presidente Dilma Rousseff, acompanhada do prefeito Fernando Haddad (PT) “visitou a sede do Sindicato dos Comerciários e conheceu a Unidade Dom Claudio Hummes do Ceat”.

Dilma participava de uma solenidade na Prefeitura de São Paulo, onde anunciou a liberação de R$ 8,1 bilhões para infraestrutura, moradia e obras de mobilidade urbana. “Após a cerimônia, Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários, convidou a presidenta para visitar a sede que fica próximo à prefeitura”, informa o site da ONG.

“Chegando ao Sindicato a presidenta caminhou pela Unidade Dom Claudio Cardeal Hummes do Ceat, conversou e tirou fotos com colaboradores e pode conhecer as atividades e serviços prestados pelo Ceat aos trabalhadores diariamente”, informa o site da ONG sob suspeita da Polícia Federal.

[b]Fonte: Estadão[/b]

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