A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu nesta sexta-feira para que os esforços para erradicar a fome e proporcionar uma maior proteção social aos mais pobres fossem redobrados, justo quando sua organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) completa 70 anos.

O secretário-geral da ONU e a rainha Letizia da Espanha, embaixadora especial para a Nutrição da FAO, participaram da comemoração pelo Dia Internacional da Alimentação em uma cerimônia na Exposição Universal de Milão, na Itália.

No evento, Ban pediu para que a nova agenda do desenvolvimento fosse cumprida, ao tempo em que reivindicou um trabalho mais integrado em todos os setores para conseguir atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluem a erradicação da fome e da pobreza.

“Temos que apoiar às mulheres e às famílias de pequenos agricultores com proteção social”, disse ele ao ressaltar o tema da conferência “Proteção Social e Agricultura: Rompendo o Ciclo de Pobreza Rural”.

Ele lembrou que os países da ONU estabeleceram a FAO em 16 de outubro de 1945 para libertar à humanidade da fome, um objetivo que ainda não foi atingido.

O diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, destacou que os países industrializados enfrentaram a fome depois da Segunda Guerra Mundial investindo na proteção social, uma estratégia que ainda serve na atualidade.

“A proteção social melhora a resiliência frente aos desastres, a educação, a saúde e a força de trabalho”, explicou.

Conforme disse, existe comida suficiente para o planeta, depois que nos últimos 70 anos a disponibilidade de alimentos por pessoa aumentou em 40% enquanto a população mundial triplicou.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, ressaltou paralelos com a situação de 1945 e rememorou como à época as pessoas faziam fila “ao lado dos palácios destruídos” para obter alimentos na região da Lombardia, considerada, atualmente, o motor econômico da Itália.

Ele apelou à responsabilidade dos organismos internacionais para enfrentar os problemas do mundo, como o drama das milhares de pessoas que chegaram à Itália nos últimos tempos “fugindo da guerra, a perseguição e a fome”.

“Existe uma dramática evidência da necessidade de melhorar as condições de vida nos países de origem e aumentar a proteção social de forma sustentável frente ao abandono”, ressaltou.

As palavras de Sergio Mattarella foram reforçadas pelas do papa Francisco, que em mensagem lida pelo observador permanente do Vaticano na FAO, Fernando Chica Arellano, criticou “a concentração em interesses particulares”.

“A busca incessante pelo lucro, a concentração em interesses particulares e os efeitos de políticas injustas freiam iniciativas nacionais e impedem uma cooperação eficaz no seio da comunidade internacional para lutar contra a fome e a desnutrição”, apontou.

No texto, o pontífice lamentou também que milhões de pessoas continuem passando fome, apesar dos esforços realizados e questionou se ainda possível conceber uma sociedade na qual os recursos fiquem nas mãos de poucos e “os menos favorecidos se vejam obrigados a recolher as migalhas”.

Durante o ato, foi apresentada a “Carta de Milão”. O documento oficial reúne o legado da Expo, e o Pacto pela Política Alimentar Urbana, assinado por 100 prefeitos de todo o mundo, incluindo os de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Depois da comemoração, a rainha Letizia almoçou com o secretário-geral da ONU e outras personalidades convidadas. Ban, após o intervalo, participou de uma conferência sobre o financiamento da alimentação, visitou vários pavilhões da Expo e assistiu ao início de um jogo de futebol infantil, parte das atividades pelo Dia da Alimentação.

[b]Fonte: EFE[/b]

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