O papa Bento XVI celebrou ontem a missa da Quinta-feira Santa, com a qual abriu os rituais litúrgicos da Semana Santa, marcada este ano por uma onda de escândalos e denúncias de pedofilia contra sacerdotes da Igreja Católica.

Ao contrário do que alguns esperavam, o Pontífice não abordou o delicado tema dos escândalos que afetam o clero da Europa e dos Estados Unidos.

O Papa realizou pela manhã a tradicional missa crismal na Basílica de São Pedro, e à tarde lembrou a última ceia de Jesus Cristo na basílica romana de São João de Latrão.

Como é tradição, o Pontífice lavou, em sinal de humildade, os pés de 12 sacerdotes, o mesmo número de discípulos que acompanhou Cristo durante sua última ceia.

Durante o ritual, os participantes foram convidados a doar dinheiro para a reconstrução do seminário de Porto Príncipe, no Haiti, destruído pelo terremoto de 12 de janeiro que devastou a ilha caribenha deixando um saldo de 220 mil mortos e cerca de 1,3 milhão de feridos.

“Maltratado, Cristo não ameaçava com vinganças, mas confiava naquele que julga com justiça”, disse o Papa durante a missa celebrada pela manhã na Basílica de São Pedro diante dos sacerdotes da diocese de Roma.

Bento XVI fez referência aos sofrimentos dos quais Cristo padeceu e assegurou que “a felicidade que vem de Cristo nos dá a capacidade de sofrer e, no sofrimento, seguir sendo profundamente felizes”.

“Aquele que ama está disposto a sofrer pela pessoa amada e por seu amor, e isso lhe suscita profunda alegria”, afirmou o Pontífice.

Durante o dia, diversos clérigos e cardeais expressaram sua solidariedade ao Pontífice pelas críticas recebidas por sua gestão em meio aos escândalos de pedofilia.

O presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, cardeal Francis George, arcebispo de Chicago, elogiou na emissora Rádio Vaticano as medidas adotadas por ele, tanto quando era cardeal como desde que foi eleito Papa, para lutar contra a pedofilia.

Segundo o jornal do Vaticano L’Osservatore Romano, os escândalos foram “ampliados de forma artificial” pelos meios de comunicação.

O Papa deverá presidir na sexta-feira a tradicional Via Crucis no Coliseu romano, cujas reflexões para a ocasião foram escritas pelo cardeal italiano Camillo Ruini.

A Via Crucis será dedicada “aos pecados e ao mal que vive dentro de cada um de nós e que com frequência ignoramos”, e não abordará temas da atualidade como os escândalos de pedofilia, advertiu o jornal do Vaticano.

O Pontífice presidirá a procissão, que lembra com 14 estações o suplício de Cristo e sua morte na cruz.

No sábado à noite, retornará à Basílica de São Pedro para a vigília de Páscoa, antes da missa de Páscoa, do domingo, que culminará com a tradicional benção urbi et orbi.

Fonte: AFP

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