Há quase um ano a Comissão Teológica Internacional da Igreja vem trabalhando num documento que pretende abolir formalmente o limbo, o lugar para onde, segundo a tradição católica, vão as crianças que morrem sem ter sido batizadas.

O papa Bento 16 preferiu manter, por enquanto, o limbo no limbo.

O papa celebrou uma missa com os integrantes da comissão na manhã desta sexta-feira, mas, ao contrário do que especulava a imprensa, ele não mencionou o conceito do limbo na homilia e não anunciou nenhuma decisão.

Havia informações de que o papa aboliria o limbo na sexta-feira, mas um participante, o arcebispo italiano Bruno Forte, disse que os 30 integrantes da comissão ainda estão ajustando o texto do documento.

“Ainda estamos trabalhando no documento. Acho que vamos estar prontos para entregá-lo a ele até 2007”, disse ele à Reuters por telefone depois da missa.

De qualquer forma, nos círculos católicos o fim do limbo é tido como fato consumado.

Em entrevistas e livros publicados antes de ser eleito papa, no ano passado, o então cardeal Joseph Ratzinger deixou claro acreditar que o conceito do limbo deveria ser abandonado, por ser “apenas uma hipótese teológica”, e não uma “verdade definida da fé”.

Para os teólogos medievais, o limbo era o local reservado para os mortos não-batizados, incluindo gente de bem que havia vivido antes da vinda de Jesus Cristo.

Para os católicos, o batismo elimina o pecado original que manchou todas as almas desde a expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden.

Embora nunca tenha feito parte formalmente da doutrina católica, o limbo era ensinado aos católicos até os anos 1960, e em muitas línguas a palavra adquiriu o sentido de um estado de suspensão.

O catecismo oficial da Igreja Católica, lançado em 1992 depois de décadas de elaboração, eliminou o conceito de limbo: “Quanto às crianças que morreram sem o Batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus.”

Na Divina Comédia, Dante Alighieri colocou pagãos virtuosos e grandes filósofos clássicos no limbo.

A comissão teológica começou a trabalhar na questão a pedido do papa João Paulo 2o., que queria uma forma “mais coerente e esclarecida” de descrever o destino dos inocentes.

Fonte: Reuters

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