O papa Bento XVI pediu neste sábado a paz no Iraque durante a cerimônia de nomeação como cardeal do patriarca caldeu Emmanuel III Delly na Basílica de São Pedro no Vaticano.

“Em um momento de felicidade como este não se pode deixar de sentir preocupação e afeto pelas queridas comunidades cristãs que se encontram no Iraque”, lembrou o Papa durante a homilia.

“Esses irmãos e irmãs experimentaram na própria carne as conseqüências dramáticas de um conflito que persiste”, acrescentou.

“Ao pedir que faça parte do Colégio Cardinalício ao patriarca da Igreja caldéia quero manifestar de forma concreta minha proximidade espiritual e meu afeto por esse povo”, frisou o pontífice.

“Manifesto a solidariedade da Igreja para com os cristãos dessa terra e peço a Deus misericordioso a chegada da desejada reconciliação e da paz para todos os povos envolvidos”, concluiu.

Monsenhor Emmanuel III Delly, patriarca dos Caldeus, 80 anos, faz parte da segunda promoção de cardeais consagrados neste sábado pelo pontífice.

Papa e cardeais discutem relações com outros cristãos

O papa Bento 16 discutiu com os cardeais na quinta-feira as relações da Igreja Católica com outras denominações cristãs e ressaltou o esforço de aproximação com os ortodoxos e o desafio do crescimento das igrejas protestantes.

A reunião, a portas fechadas, foi realizada na véspera da consagração de 23 novos cardeais, que inclui o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer.

O encontro aconteceu num momento em que há avanços na aproximação com a Igreja Ortodoxa — que rompeu com Roma em 1054 —, mas em que é grande a fragmentação no mundo protestante e anglicano.

O comunicado oficial sobre a reunião afirmou que os cardeais também falaram sobre as relações com judeus e muçulmanos, mas não deu detalhes. No mês passado, 138 intelectuais muçulmanos fizeram um apelo em prol do diálogo entre cristãos e muçulmanos.

No mês passado, houve uma reunião entre católicos e ortodoxos em Ravena, mas a Igreja Ortodoxa Russa, que responde por mais de metade dos 220 milhões de ortodoxos do mundo, deixou a conferência em protesto contra a presença de uma igreja ortodoxa estoniana alinhada ao patriarca ecumênico de Constantinopla, hoje Istambul.

“Estamos trabalhando para que Constantinopla e Moscou achem uma solução. É uma questão política, não teológica”, disse a jornalistas o cardeal Walter Kasper, chefe do departamento para a unidade cristã.

Kasper mencionou a possibilidade de o papa se reunir com o patriarca ortodoxo russo, o que seria um encontro histórico, mas não citou lugar nem data. Segundo o cardeal, os ortodoxos concordaram pela primeira vez no mês passado em manter o papa como chefe de sua hierarquia.

Já as relações com os anglicanos — que são 77 milhões — estão numa “situação muito difícil”, afirmou o cardeal. Segundo ele, os conflitos entre tradicionalistas e liberais, inclusive no Terceiro Mundo, estão provocando uma crise em torno da ordenação de mulheres e de bispos homossexuais.

As relações com as igrejas evangélicas é dificultada pela enorme fragmentação interna, disse o cardeal. De acordo com Kasper, há hoje 400 milhões de pentecostais no mundo todo, e as igrejas não param de crescer, especialmente na América Latina — e muitas vezes roubando fiéis católicos.

“Não devemos perguntar o que há de errado nos pentecostais, mas o que há de errado em nosso trabalho pastoral, para chegar a uma renovação espiritual”, disse ele.

Fonte: Reuters

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