Igrejas queimadas no Paquistão (Foto: Portas Abertas)
Igrejas queimadas no Paquistão (Foto: Portas Abertas)

No dia 16 de agosto, a paz em Jaranwala, no Paquistão, foi desfeita. Milhares de pessoas atacaram bairros onde vivem cristãos, que fugiram o mais rápido possível. Rehana Bibi* disse: “Algumas pessoas entraram em seus carros ou pegaram bicicletas e ônibus, partindo para outras cidades. Mas a maioria foi para plantações de cana de açúcar. Era escuro e perigoso, mas o único lugar para ir. E não havia esperança de voltar para casa ao vermos o fogo ardendo e o ar pesado e escuro. Nós sentamos e assistimos, desesperados, tentando cobrir os bebês com nossos corpos para protegê-los. Eles estavam muito confusos”.

Um parceiro da Portas Abertas disse: “Esse ato de terror queria causar medo coletivo nos cristãos em Jaranwala e em todo o Paquistão. Foi planejado para criar incerteza e confusão. Não era apenas a experiência de um ou dois sendo passada de um para o outro. Foi algo coletivo, imediato e massivo”. A opinião dele é que o ataque foi coordenado e deliberado, afinal, os cristãos em Jaranwala não vivem em um único local, mas espalhados pela cidade, bem como as igrejas. Muitas estão escondidas ou funcionam como igrejas domésticas. Estima-se que mais de 20 igrejas foram destruídas.

Após falar com cristãos locais, um parceiro da Portas Abertas disse: “Onde igrejas foram incendiadas, prédios próximos ficaram intactos. A multidão começou a quebrar portas e janelas, buscando Bíblias e cruzes e destruindo tudo que era cristão, incluindo túmulos nos cemitérios. Eles entraram em casas e igrejas, amontoaram muitas Bíblias e colocaram fogo. Havia muitas camadas de Bíblias em chamas, muitas continuaram queimando 30 horas depois. Eles escalaram prédios, derrubaram cruzes de igrejas, saqueando e destruindo o que encontravam. Mesmo assim, outros prédios próximos ficaram intactos”.

Cristãos durante culto no Paquistão (Foto: Portas Abertas)
Cristãos durante culto no Paquistão (Foto: Portas Abertas)

Acredita-se que um grupo inicial correu derrubando as portas, depois outro seguiu encharcando casas, Bíblias e armários com ácido e, então, um terceiro grupo levou eletrodomésticos, camas e outras coisas que pudessem ser vendidas. O grupo final veio procurando por qualquer coisa deixada para trás. O gatilho para o ataque foi um caso de blasfêmia amplamente divulgado. Dois jovens cristãos foram acusados de arrancar páginas do Alcorão. Apesar de se esconderem, foram encontrados e estão sob custódia.

A situação atual

As autoridades relataram que já prenderam mais de 125 homens que acreditam fazer parte do ataque às igrejas e casas de cristãos. Um parceiro da Portas Abertas disse: “Muitos cristãos testemunham sobre a proteção de Deus. Eles viram a graça e a misericórdia dele. Em uma tempestade de ódio, encontraram refúgio. Apesar de perderem tudo, não perderam a fé em um rei soberano e protetor”.

No domingo pela manhã, foi realizado um culto em Jaranwala do qual participaram cristãos não apenas da cidade, mas também de outras partes do Paquistão. Um parceiro da Portas Abertas disse: “A dor do ataque pairava nos olhos deles. Mesmo quatro dias após o ataque, o mau cheiro do ácido usado para encharcar as paredes das casas e de esgoto continuava pesado no ar. Havia paredes escurecidas nos prédios, espaços vazios das janelas, arcos quebrados das igrejas, casas devastadas de pessoas que já eram pobres e um vazio palpável do que havia sido deixado para trás. A dor deles encheu as canções cantadas e as lágrimas derrubadas por causa do sofrimento que acabavam de passar. Cristãos vagavam pelas ruas”.

“Nós fomos apresentados para donos de casas onde Bíblias foram queimadas e cruzes destruídas. Serena*, uma jovem com belos olhos brilhantes, sentou unindo os pedaços de uma cruz. Ela disse: ‘Eles não sabem do nosso segredo. A cruz dele na verdade está aqui’, apontando para o próprio coração. Então repetiu várias vezes: ‘Seja corajosa, seja corajosa, seja corajosa’. Ao ouvir a história de Davi e Golias, ela sorriu com lágrimas e disse: ‘Seja corajosa como Davi, seja corajosa como Davi, seja corajosa como Davi’.”

Bíblias queimadas durante ataques a igrejas no Paquistão (Foto: Portas Abertas)
Bíblias queimadas durante ataques a igrejas no Paquistão (Foto: Portas Abertas)

De acordo com um parceiro da Portas Abertas, após 48 horas do ataque, outros três casos de blasfêmia foram iniciados no Paquistão, dois em Punjab e um em Sindh. Ele explicou, a partir da experiência de anos ministrando a populações cristãs: “Enquanto vemos muitos cristãos agindo e respondendo de maneiras diferentes aos ataques a igrejas e outros tipos de incidentes, é provável que nas próximas semanas as comunidades e indivíduos de Jaranwala demonstrarão muito estresse e ansiedade, depressão, pânico, fome, doenças, aumento no uso de substâncias químicas e outros problemas. Mas permaneceremos aqui com nosso povo, servindo a Deus e lavando os pés deles. A nossa esperança é que os cristãos do Paquistão fiquem, sirvam e continuem crendo que Deus trará justiça, alívio e restauração. Para isso, devemos ser parte da solução”.

*Nomes alterados por segurança.

Fonte: Portas Abertas

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