Grupos muçulmanos nos Estados Unidos criticaram nesta terça-feira as novas medidas de segurança para voos internacionais com destino ao país e afirmaram que as medidas “ameaçam profundamente” os esforços do governo de Barack Obama para reconstruir as relações entre o país e os povos islâmicos.

Em um comunicado, o Muslim Public Affairs Council (Conselho Muçulmano de Questões Públicas, em tradução livre) diz que as novas medidas discriminam pessoas injustamente com base na religião e violam liberdades protegidas pela Constituição americana.

O governo americano introduziu na segunda-feira novas regras para a revista de passageiros que chegam aos aeroportos dos Estados Unidos vindos de países que os americanos suspeitam ter ligações com o terrorismo.

A Autoridade de Segurança em Transportes dos Estados Unidos informou que as novas regras se aplicam a passageiros que chegam ou passam pela chamada lista de “Estados Patrocinadores do Terrorismo”, elaborada pelo Departamento de Estado americano.

Os passageiros com voos procedentes de Nigéria, Paquistão, Síria, Irã, Sudão, Cuba, Iêmen, Afeganistão, Argélia, Iraque, Líbano, Líbia, Arábia Saudita e Somália terão suas bagagens de mão revistadas e também serão revistados individualmente por policiais.

Como parte do novo sistema de segurança, passageiros que viajam de qualquer outro país para os Estados Unidos também poderão passar por revistas aleatórias.

Críticas

O presidente americano, Barack Obama, vinha sendo pressionado a impor novas medidas de segurança nos aeroportos desde a prisão do nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, acusado de tentar explodir um avião que viajava da Holanda para os Estados Unidos no Natal. Segundo o Muslim Public Affairs Council, no entanto, medidas como essas vão apenas criar “pontos cegos”, locais que extremistas poderão identificar e explorar.

As críticas foram ecoadas pelo Conselho de Relações Americano-Islâmicas, que disse que novos convertidos ao islamismo ficarão de fora das checagens, mas poderão se tornar um alvo para grupos que visam radicalizar muçulmanos.

Segundo o conselho, triagens raciais e religiosas ameaçam o compromisso da Constituição americana de tratar todos os cidadãos de forma igual, independente de raça ou credo. Comentaristas conservadores no país, por sua vez, vêm dizendo que esse tipo de argumento é menos importante do que ações para impedir futuros ataques.

Segundo o correspondente da BBC para assuntos religiosos, Christopher Landau, as novas medidas representam um teste real para o presidente Obama, que precisa ser visto agindo contra o extremismo cometido em nome do Islã, sem ameaçar suas tentativas de reconstruir as relações com a comunidade muçulmana dentro e fora do país.

Fonte: BBC Brasil

Comentários