Fruto do feminismo, um dos movimentos católicos mais fortes nos EUA é o que pede a ordenação de mulheres como padres. Leia abaixo trechos da entrevista concedida à Folha pela padre Jane Via, 60, da Califórnia.

Quando e por que surgiu a vontade de ser padre?
Sempre fui católica, mas estava a cada dia mais desiludida com o papel das mulheres na igreja. Quando ouvi falar sobre o movimento pela ordenação, em 2002, fiquei muito empolgada. Entrei em contato com os líderes e tive certeza de que poderia fazer isso, já que tenho boa qualificação. Sou professora de literatura e língua espanhola, PhD em educação religiosa e procuradora em San Diego. Tornei-me padre em junho de 2006, ordenada por uma bispa, que por sua vez foi ordenada em segredo por um bispo simpático à causa.

A sra. realiza todas as celebrações, até a consagração?

Tenho uma pequena paróquia, de 125 pessoas, e estamos rapidamente nos tornando uma paróquia com todos os serviços. Nossa missa é tradicional. A única diferença é que, ao nos referirmos a Deus, dizemos “ele ou ela”, para ser mais inclusivo.

Como a receberam?

Sonhava criar uma paróquia para os católicos que deixaram de ir à igreja por não concordarem com algumas coisas e não serem compreendidos. Divorciados, gays e progressistas, sem lugar em uma paróquia convencional. Em 2005, com um amigo padre, aluguei um espaço e mandei convites a 70 conhecidos. Achamos que talvez dez ou 20 pessoas apareceriam, mas eis que tivemos perto de cem.

A sra. teme ser excomungada?

Estou “interditada”, ou seja, ainda faço parte da igreja, porém não posso receber os sacramentos. Como advogada, entendo que quebrei uma lei. Mas eu o fiz para mostrar quão injusta ela é.

Fonte: Folha de São Paulo

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