Membros do PTC, PSDC e PRB pontuam que principal falha do presidente da Comissão dos Direitos Humanos foi desrespeitar Constituição.

Desde sua eleição para a presidência da Comissão dos Direitos Humanos (CDH) da Câmara, o deputado federal Marco Feliciano tem sofrido com ataques e críticas de opositores e convive com manifestações contrárias às suas declarações, consideradas racistas e homofóbicas.

Mesmo os líderes de partidos cristãos, de ideologia mais conservadora, reprovam o comportamento do parlamentar e indicam que a renúncia é a opção mais plausível neste momento.

Além de responder a dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF) por discriminação e estelionato, Feliciano teve que se defender após a divulgação de um vídeo, no qual emite críticas duras a seus principais oponentes e aos ativistas gays.

De acordo com Rubens Pavão, vice-presidente do Partido Social Democrata Cristão (PSDC), a democracia cristã decorre de um movimento favorável a sociedades justas e solidárias. Para ele, Feliciano contraria a Constituição, que equipara todos os civis de maneira igualitária e livre de preconceitos.

“Nós não somos preconceituosos e não aceitamos esse tipo de atitude. Estamos aqui para cumprir a Constituição e respeitá-la. Se Feliciano desrespeitou as premissas da constituição, ele não corresponde ao que esperamos de um homem público”, avalia Pavão.

“Ele tem um ponto de vista irreversível, firme e preconceituoso, o que não condiz com um parlamentar”, complementa Daniel Tourinho, presidente e fundador do Partido Trabalhista Cristão (PTC).

Ainda assim, o membro da sigla que tem como presidente José Maria Eymael considera que a liberdade de expressão permite que Feliciano tenha essa opinião enquanto pessoa física. “Opiniões radicais não podem ser emitidas por um parlamentar”, pontua.

Para o líder nacional do PTC, não é saudável envolver questões religiosas para estabelecer a ideologia política de um partido. Tourinho avalia que a postura e as colocações de Feliciano foram infelizes.

“Não somos a favor da intolerância. As diferenças devem ser respeitadas. Mesmo com postura mais conservadora, o nosso próprio partido luta contra qualquer tipo de discriminação.”

Diante da pressão do presidente da Câmara, Henrique Alves, para que o PSC se posicione até terça-feira (26/3) sobre a permanência de Feliciano a frente da Comissão, o presidente do PTC aguarda um “gesto de grandeza do parlamentar com a Casa que ele faz parte e que poupe o partido que está sofrendo danos incomensuráveis”.

Questionado sobre a possibilidade da substituição do presidente da CDH por outro membro do PSC, Tourinho acredita que a opção não seria plausível. “O Brasil não pode se tornar um Irã e ao Paquistão. Lugar de religião é na Igreja”.

Também contrário a postura de Feliciano, Marcos Pereira, presidente nacional do Partido Republicano Brasileiro (PRB), faz críticas mais moderadas ao deputado federal.

O braço direito de Celso Russomanno na eleição municipal de São Paulo em 2012 aponta que o cenário é completamente desfavorável para Feliciano, e que ele teria se tornado unanimidade negativa diante das manifestações da sociedade. “Considerando que a Câmara é uma Casa democrática, ele deveria renunciar e, com isso, provaria que não é intolerante como estão acusando”, diz Pereira.

Pereira demonstra certa resistência para falar do assunto. “Eu acho que essa questão é muito confundida. Nós, evangélicos, não somo radicais. Mas é preciso estabelecer que casamento é uma coisa e que união civil é outra”, defende.

[b]Fonte: Portal iG[/b]

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