Zhang Mingxuan, lider de uma igreja doméstica, foi detido pela polícia chinesa depois que jornalistas da BBC tentaram entrevistá-lo na segunda-feira, dia 4 de agosto. Juntamente com ele estavam sua esposa Xie Fenglang e o co-pastor Wu Jiang He.
O jornalista de assuntos internacionais John Simpson telefonou para Zhang a fim de pedir que ele concedesse uma entrevista, exatamente como foi solicitado no livro dado aos jornalistas que estão fazendo a cobertura dos Jogos Olímpicos em Pequim.
Zhang concordou em dar a entrevista, mas enquanto Simpson viajava para encontrá-lo, a polícia deteve Zhang e seus companheiros, e os levou para a delegacia.
Quando Zhang Mingxuan informou John Simpson, por telefone, sobre o lugar onde se encontrava, o jornalista se dirigiu para a delegacia e gritou algumas perguntas para Zhang, que estava visível numa janela aberta no segundo andar do prédio, como foi mostrado pela seqüência filmada pela BBC.
Os oficiais da Agência de Segurança Pública baniram Zhang e sua esposa de Pequim, durante a Olimpíada, temendo que eles tentassem se encontrar com autoridades estrangeiras em visita ao país.
Depois de forçar Zhange e Xie a deixarem sua casa, e impedi-los por diversas vezes de encontrar um lar temporário, no dia 16 de julho, oficiais entraram na casa de um amigo do casal que havia cedido abrigo, e os transportou até Yanjia, próximo à província de Hebei. Zhang e Xie se mudaram para outra cidade, ainda mais remota, para esperar pelo fim dos Jogos.
Protestos ao presidente
Zhang viajou numa missão evangelista intinerante pela China antes de se mudar para Pequim, em 1998. Ele é co- fundador e presidente da Aliança das Igrejas Domésticas Chinesas, fundada em abril de 2005 para defender os direitos das igrejas domésticas cristãs.
Em 2005, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, convidou Zhang para um encontro durante uma visita oficial à China. O encontro entre os dois nunca aconteceu pois os oficiais detiveram Zhang antes que ele pudesse responder ao convite.
Presidente: Você está ciente?
Como presidente da Aliança, Zhang, em novembro de 2007, mandou uma carta aberta ao presidente Hu Jintao, encorajando a China a conceder liberdade religiosa. A carta, que também foi assinada pela esposa dele, continha o seguinte trecho: “Presidente Hu, você está ciente de que as autoridades abaixo de você prendem, espancam e expulsam os cristãos de suas casas?”
Zhang também mencionou várias prisões por atividades religiosas, incluindo um aprisionamento de 185 dias em 1986, pouco depois de ter se tornado cristão, e inúmeras ameaças, espancamentos e prisões depois que ele se mudou para Pequim.
Em 1999, os oficiais da Agência de Segurança Pública o prenderam por pregar em lugar público, e o confinaram por 13 dias em um hospital psiquiátrico.
A carta descrevia perturbações, incluindo ameaças de corte de água e eletricidade, e acusações de que Zhang estava ilegalmente adotando órfãos, após ter aberto um orfanato e uma escola em Yanjiao.
Em sua conclusão, Zhang implorou a Hu Jintao a melhora dos direitos das religiões minoritárias, particularmente dos cristãos, para o benefício moral e social da China.
Encontros incômodos
Em junho, Zhang se encontrou com os representantes republicanos dos Estados Unidos, Franf Wolf e Christopher Smith, durante uma visita a Pequim. Mas oficiais do governo chinês o colocaram em prisão domiciliar pelo resto da noite, noticiou o jornal chinês “The South China Morning”.
Também em junho, policiais detiveram Zhang quando ele tentou se encontrar com Bastian Belder, um fiscal do Comitê Parlamentar Europeu de Assuntos Exteriores.
Fonte: Portas Abertas